Capítulo 16

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A aula correu normal, havia alguma troca de olhares, mas nada demais. Não queríamos que houvesse suspeitas de eu e Sensei termos algo.

A última disciplina do dia seria esgrima. Mal podia esperar para que a aula começa-se.

Finalmente, o toque que simbolizava o inicio da tão esperada aula, fez-se soar.

Eu praticamente corri para a aula. No inicio, todos se admiravam com o meu entusiamo e dedicação, mas após alguns dias acabaram por se habituar.

Assim que vesti o equipamento, o Sensei de Esgrima dividiu-nos e mandou-nos praticar com outro colega.

Tinha-me calhado Armin como parceiro de luta. Armin não era tão bom quanto eu, mas tinha jeito com espadas. Ele é simplesmente um génio andante.

A cada ataque que efetuava contra Armin, comecei a ter imagens de outra pessoa a segurar uma espada, diferente das usadas na aula.

Ao contrário de mim, usava o uniforme da Tropa de Exploração. Pisquei várias vezes, mas não via nada além dessa pessoa.

Quanto mais atacava mais vislumbrava. Não podia ser.

Eu negava-me a acreditar que a pessoa que segurava uma espada igual às usadas pelos membros da Tropa de Exploração, era eu.

Uma voz começou a aparecer na minha cabeça.

-Como pudeste deixá-lo neste estado?-perguntou a voz.

-Não sei do que falas- respondi mentalmente, contra tacando Armin.

A voz riu-se sinistramente.

-Tenta lembrar-te Eren, de como as tuas escolhas magoaram severamente o coração do Capitão.

-Que Capitão? Não me lembro de ter feito algo assim nem conheço nenhum Capitão.

Quando ia atacar novamente Armin, a minha mão trava e começa a tremer, de seguida todo o meu corpo fica congelado.

-O que se está a passar? Por que é que o meu corpo não se mexe?-disse.

-Ninguém te consegue ouvir Eren.

-Quem és tu?-perguntei.

-Ora, ora, ora já nem conheces a tua própria voz.

Não podia ser. Não era possível.

-Não negas tanto a minha existência, querido eu.

Eu tremia como varas verdes. A minha voz era muito sinistra.

Novamente, as imagens que via antes voltaram. Desta vez, era eu a lutar contra Titãs.

Impossível.

- És tu que estás a implantar estas memórias no meu cérebro não é?

Ele riu-se, outra vez.

-De que te ris?

-Eren, essas memórias são tuas, não são de mais ninguém, muito menos ilusões.

-Impossível, nesta era não existem Titãs ou Tropa de Exploração.

-Não me faças rir, Eren-a voz elevou a seu tom.

Com o aumento da sua voz mais e mais imagens vinham.

-Lembra-te de como fizeste com que o nosso querido Capitão sofresse. Mesmo agora ele continua a sofrer.

Foi ai que as peças começaram a encaixar.

-Le....vi-disse.

Assim que disse o seu nome, fui teletransportado para dentro do meu passado, no local onde morri.

Eu vi-a aquela cena e não pode acreditar no que tinha feito. Eu era um Titã e sacrifiquei-me para que Levi e o resto da humanidade fossem salvos.

-Vês agora? Entendes agora?

-Eu...Eu...

-Mesmo no presente continuas a ser o mesmo que no passado.

-Mas eu não fiz por mal, aquela era a minha única solução.

-Correto.

-Se és da mesma opinião que eu, porque és assim tão frio?

-Eu não sou frio Eren, eu só me sinto sozinho. Tu ainda tens o teu capitão, mas eu não tenho o meu.

-Como assim?

-Eren, quando eu usei os meus poderes para selar os Titãs e fazer a humanidade reencarnar, todas as almas obtiveram um novo corpo. Eu fui o único que ficou selado no passado.

-Então como é que eu reencarnei?

-Não sei, talvez as minhas emoções fossem fortes demais para ficarem apenas no passado? Talvez algo fez com que nós nos separássemos.

-Então nós...

-Sim, eu sou a tua outra metade, a parte mais sombria do teu ser.

Eu estava chocado com aquela revelação.

-Por isso que és assim.

Ele assentiu. O seu tom de voz tinha acalmado um pouco. A minha outra metade estalou os dedos e voltamos ao presente.

Todo o meu corpo continuava paralisado. A minha voz não saía e eu continuava na mesma.

Surgiram imagens. Desta vez, era sobre eu ter sido levado pelo Levi à cave da escola.

Agora eu entendia o porquê de usarmos as fardas como uniformes. Era para eles agirem e ninguém descobrir que a tropa continuava ativa.

-Eu não deveria lembrar-me de nada-disse após me recordar da reunião em que tinha sido levado.

-Verdade, com o teu despertar, aqueles monstros também acordaram.

-Eu também sou um-disse agarrando o meu corpo, que continuava a tremer sem parar.

-Nós somos diferentes Eren.

-Tens razão.

-Terás de enfrentar aquele desafio mais uma vez.

Assenti.

-Por favor não morras novamente ou faças aquilo outra vez-disse a voz.

-Tentarei-disse.

-Eren, se algo assim acontecer novamente, o nosso Capitão não irá aguentar.

Aquilo me meteu mais medo do que tudo o que tinha visto.

-Eu não irei sozinho-disse.

-Como assim?

Desta vez tinha sido eu a pô-lo confuso.

-Tu disseste que te és assim porque és sozinho, que estás preso no passado e não tens o teu Capitão, correto?

Ele assentiu

-Então junta-te a mim. Vamos ser novamente um e assim poderemos viver aquelas emoções juntos e desfrutar do nosso querido Capitão-disse estendendo a mão.

-Tens a certeza?

-Sim.

Antes de nos fundirmos a voz disse:

-Eren lembra-te que tens exatamente vinte dias para que os Titãs se voltem a erguer, por isso assim que o teu corpo deixar de estar petrificado vais exatamente avisar a Tropa.

-Combinado.

Após abrir os olhos e ver que conseguia comandar o meu corpo, corri o mais rápido que consegui.

-Eren-gritou Armin, mas a única coisa que respondi foi.

-Reunião. Cave.

Estava quase a chegar à cave.Acelerei o passo, no momento em que entrei na primeira porta, apareceram uma escadas.

Eu já nem me importava se as descia todas ou se pulava de duas em duas, o que eu queria era chegar à porta principal.

Finalmente, abri a porta e disse gritando:

-Malta temos problemas.

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