Capítulo 17

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Todos olhavam para mim com uma enorme admiração. Eles estavam sentados, mas rapidamente se levantaram após me pronunciar.

-Malta- chamei, fazendo-os sair do transe.

-Como é que tu estás aqui?-perguntou Erwin.

Olhei-o diretamente nos olhos e fiz o Juramento da Tropa de Exploração, dizendo o seguinte:

- Finalmente estou em casa, Capitão Erwin.

Em pouco tempo, Armin entra na base, aflito e ofegante.

-Armin, estás pronto para cumprires a nossa promessa?-perguntei.

-Eren tu....tu.... tu....

Armin não conseguiu acabar, correu até mim e abraçou-me a chorar.

-Eren, como é que as tuas memórias voltarem sendo que foram apagadas?-perguntou Mikasa.

-Tive uma pequena ajuda.

-Foi o Levi?-questionou Erwin.

-Não respondi. Foi alguém que nenhum de vós ousará pensar.

-Ah, Eren deixa-te de mistério e diz-nos-disse Conny.

Foi nesse momento, que lhes contei como tudo aconteceu, pormenor por pormenor. Alguns ficaram admirados outros ficaram boquiabertos com o desenrolar da minha pequena e dolorosa aventura.

-Então quer dizer que o teu "Eu" do passado se uniu ao teu "Eu" do presente- narrou Jean.

Eu acenei com a cabeça, em concordância.

-Isso é bizarro-disse Conny.

-Não vou dizer que não seja esquisito-disse.

-Eren-gritou Hange assim que saiu de dentro do seu laboratório.

-Oi Han...

Aquela mulher abraçou-me como se eu fosse já não me visse à anos.

-Hange, tem calma, assim não consigo respirar, eu não tenho a mesma resistência de um Titã quando estou na minha forma humana-disse de forma entrecortada.

-Desculpa, nem reparei que estava a fazer assim tanta força. Eu nem acredito que estás aqui, na nossa base secreta, as tuas memórias voltaram.

Assenti.

Ela gritou de alegria.

-Eren, vamos matar aqueles humanoides? Finamente o meu tédio acabará.

-Temos de voltar à realidade e notar que a minha aparição aqui, não é um bom sinal-disse.

-Ele tem razão.

Capitão Erwin. Pronunciou-se mais uma vez.

-Eren, o teu "Eu" do passado disse alguma maneira ou método para acabarmos com os Titãs?-questionou.

Neguei com a cabeça.

-A única coisa que ele me disse foi para não repetir o mesmo feito do passado.

-Realmente Eren, aquele teu ato deixou-nos uma grande mágoa, não podes praticá-lo novamente-disse Mikasa.

-Eu sei disso, mas eu não vejo nenhum outro método para que acabar com eles sem recorrer ao congelamento.

-Não podes voltar a fazê-lo-disse Sasha.

-Não é uma coisa que eu queira voltar a efetuar, mas se não tivermos nenhuma outra opção.

-Eren, esquece essa ideia- Mikasa elevou o seu tom naquela fala.

Notei que não valia a pena discutir aquele assunto com eles.

-Capitão Erwin, posso pedir-lhe um favor?

-Direi que sim, afinal devo-te a minha vida, assim como cada um que está dentro desta sala e alguém especial que não está.

Ele referiu-se ao meu amado Heichou.

-É sobre ele que quero lhe pedir um favor-referi.

A ansiedade de revê-lo, após me lembrar de cada fala, das suas facetas tanto no ato do sexo ou não, dos seus desejos, dos seus pedidos, dos seus carinhos, das suas palavras de incentivo, amor e apoio, dos nossos momentos, entre outros, é imensa.

Preciso encontrá-lo, mas as aulas são um grande obstáculo. Não podia chegar ao seu paradeiro e dizer: "Levi voltei"

Para além de estúpido seria irracional, pois seriamos os dois penalizados. Não irei dizer que Erwin não nos protegesse, mas sempre existia perigo e mais um seria adicionado à lista dos penalizados.

-Podes por a aposta na mesa-disse ele.

-Ninguém na escola pode saber do nosso envolvimento, então preciso da sua ajuda para encontrá-lo sem parecer suspeito.

-Eren ja entendi que precisas da minha ajuda, vai direito ao ponto.

-Quero que o chame à sua sala pelo altifalante da escola. Nessa altura, eu estarei esperando-o na sua sala.

-É um bom plano-disse sorrindo.

-Quanto aos Titãs?-perguntei.

-Temos de arranjar uma maneira de acabar com eles-referiu Erwin.

-O problema é que no vigésimo dia senão antes, eles irão aparecer.

-Eren-chamou ele.

-Sim Capitão Erwin.

-Saí daqui e corre o mais rápido que conseguires.

Eu entendi logo a que ele se referia, dirigi-lhe um sorriso em agradecimento e corri com toda a velocidade que consegui até à sua sala.

A metade do caminho, ouvi a sua voz sendo pronunciada pelo instrumento metálico da escola.

-Sensei Levi, é favor de comparecer na sala do Diretor o mais rápido possível. Caso urgente em mãos.

Após acabar o aviso corri ainda mais rápido, entrei no seu gabinete e tentei me acalmar, não só pela corrida como pelo nervosismo.

-O que poderá ser que Erwin quererá a esta hora?-perguntei num sussurro de forma a ninguém ouvir.

-Usem o resto da aula para estudarem, se eu voltar e não tiveram as páginas 127 e 128 feitas, vamos ter problemas.

-Está bem Sensei- falaram em conjunto.

Saí da sala e dirigi-me rapidamente para a sala de Erwin.

Senti passos no corredor. Ele vinha aí.

-Onde será que me escondo?-disse.

-Deixa de ser doido Eren-falei para ninguém em especial.

Os passos pararam e a presenciei a maçaneta da porta mover-se. Acabei por sentar-me na cadeira de Erwin e rodei-a de forma a ninguém saber quem estava ali sentado.

-É bom que tenhas um bom motivo para fazeres com que eu deixasse os alunos sozinhos em véspera de exames.

Ah,como tinha saudades daquele tom de voz.

Arranjei coragem e rodei a cadeira, dando-lhe a visão do meu ser.

Levi estava espantado por me ver ali. Limpou a garganta e compôs a sua postura.

-Eren, esta brincadeira não tem piada.

Sensei não notou que ago em mim mudou.

Eu não disse nada, nesse momento senti que palavras eram apenas desperdício de tempo. Avancei até ele e parei a poucos centímetros de distância.

-Eren?-chamou.

Depois de pronunciar o meu nome com aquela voz nostálgica, percorri o resto do caminho que nos separava e envolvi os seus lábios nos meus.

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