Austin.

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''Did I disappoint you?  
Or leave a bad taste in your mouth?
You act like you never had love
And you want me to go without..'' One – U2

Xxx

Ao acordar pela manhã, notei que estava sozinha na cama. Ao olhar o relógio digital, constatei que passava das nove. Calei meus sentidos, buscando por algum barulho em específico. Tudo o que consegui ouvir foi o barulho da TV, emitindo sons de desenhos. Caminhei até a sala, lá chegando, encontrei Amy com uma caixa de cereais entre as pernas, ela enfiava a mão dentro da embalagem e levava-a até a boca, derrubando alguns cereais pelo chão. Esperei encontrar Toni por ali, mas foi em vão.

– Bom dia, Amy! – desejei, mas a menina parecia viajar junto com o personagem do desenho que via. – Amy?

– Sim? – ela voltou seus olhos límpidos para mim.

– Onde está Toni?

– Ela disse que iria embora! – exclamou, olhando a TV. Ela contaria algo a mais, porém desistiu prestando atenção no desenho, novamente.

– E? – Eu queria saber mais. Por que Toni era tão exclusa?

– Oi?

– Amy.. – respirei fundo, procurando por paciência. – Deixa. – ativei o foda-se. Toni se foi, e isso bastava.

– A namorada dela veio, ela deu um beijo na boca dela, – fez cara de nojo, porém, prosseguiu. – e elas foram embora. Tia Toni disse que estava atrasada, mas me deu a caixa de cereais. – mal terminou de contar, e enfiou o ''café da manhã'' na boca, passando a me ignorar. Eu não ouvi mais nada após escutar que a namorada dela esteve presente. Em meu maldito apartamento! Eu queria quebrar algumas coisas, iria me sentir bem. Aliás, não sei por que me senti mal daquele jeito.

– Obrigada, Amy. – voltei para o quarto, apertando o automático. Tomei um banho gelado, para quebrar a corrente quente que aquecia a porra dos meus sentimentos. Quando retomei a minha seriedade, estava fechando os botões de meu casaco. Tomei um café puro e amargo, para combinar com meu humor.

– Tia Cheryl! – Amy tocou meu joelho.

– Sim? – me limitei a olhá-la, então, levantei-me, caminhando até a pia.

– Eu vou ser adotada? – ela chegou pertinho de mim, e estendeu a caixa vazia.

– Meu Deus, você comeu uma caixa inteira de cereais, Amy Violet? – eu estava absurdamente espantada. Amy balançou a cabeça, e sorriu. – Não faça mais isso.

– Tá.. – revirou os olhos. – Eu vou ser adotada?

– Eu espero que sim, Amy. – Eu disse, olhando-a. – Você terá uma mamãe e um papai, talvez alguns irmãos. – Puxei-a pelas mãos, e ela se deixou levar. – Vamos, precisamos sair.

– Por que eu serei adotada? Aonde iremos, tia Cheryl? – desatou a perguntar.

– Muitas perguntas. – observei.

– Já que eu não vou mais morar aqui, me deixe morar com a tia Verônica, eu não quero morar longe, tia Cheryl. Serei boazinha, mas não deixem que me leve, eu tenho medo. Vão me machucar! – ela pulava, e andava ao mesmo tempo.

– Amy, seus pais não irão machucá-la, tudo bem? Tio Tom e eu iremos investigar sua nova família. – segurei em seus braços, mas logo os soltei. Amy incomodou-se, me olhando de uma forma brutal.

Too CloseOnde histórias criam vida. Descubra agora