Anjos voam, não voam?

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Amy estava sentada em cima do parapeito. Daquela altura, era possível ver Manhattan de ponta a ponta. Ela estava de costas para nós, olhando para baixo. Sua pequena perna balançava, naturalmente, batendo o calcanhar no concreto. Toni e Veronica se olhavam, qualquer movimento em falso, teria graves consequências. Era humanamente impossível uma criança do porte de Amy ter alcançado o parapeito sem um auxílio de um adulto. Eu olhei em volta, e não havia ninguém além de nós. Ao olhar para trás, Amy nos viu, e sorriu singelamente.

– Oi! – cumprimentou-nos, com sua voz infantil.

– Amy.. – Veronica deu três passos à frente. – Precisamos ir agora.

– Não! Não! – ela gritou, desobediente. – Eu não quero voltar. Minha mãe virá me buscar.

– Vamos descer daí, Amy? O que me diz garota? – Toni ultrapassou Veronica, ficando a poucos centímetros de Amy.

– Não! – retrucou. – Eu vou esperar minha mãe, aqui sentada. – de uma forma desajeitada, ela cruzou os braços, movimentando os quadris. Seu pequeno corpo perdeu o equilíbrio, e ela caiu para frente. Meu estômago pareceu cair aos meus pés, Toni mergulhou para segurá-la, Veronica a segurou pelos pés, fortemente. Merda! Eu queria correr até elas, e ajudá-las, mas minhas pernas não me obedeciam. Meu corpo estava preso no lugar. Betty correu, e segurou Amy pelas roupas, com a ajuda de Toni. Ao soltá-la no chão, ela voltou a ajudar Veronica a puxar Toni. Confesso que foi a pior visão do mundo. Por sorte, elas estavam bem.

Toni se inclinou para frente, e com a mão, pediu um minuto para respirar. Amy por sua vez, estava emburrada, em seus olhos azuis havia muito aborrecimento.

– Nunca mais faça isso, Amy. Você pirou menina? – Veronica foi um pouco rude, e Betty a puxou, cochichando algo em seu ouvido.

Amy pregou os olhos em mim, e abriu a boca, emitindo um choro de manha, e chateação.

– Ei, não chore. – pedi, secando o rosto dela com os dedos, mas ela liberava mais lágrimas. – Quem a colocou ali? – apontei para trás, e ela seguiu meu dedo, mas continuou chorando. – Amy, não chore, está tudo bem.

– Não. – respondeu, pausando o choro.

– Você está bem? – perguntei, esperando que ela se acalmasse. Minha real vontade era de sentá-la em meu colo, e dar-lhe umas boas palmadas. Era por esse motivo que eu não desejava ser mãe. Crianças nos tiram do sério. – Muito bem. – após ela confirmar com a cabeça, segurei em sua mão, girando o pescoço na direção de Toni. – Toni..

Ela olhou-me.

– Tudo bem?

– Eu me sinto horrível, puta merda! – ela afirmou realisticamente. Esperei Betty agarrar a mão de Amy, para ir de encontro a minha namorada.

– Isso foi heroico. – eu disse, esfregando as costas dela. Toni gemeu qualquer coisa, e descemos todas juntas.

Amy já estava mais aliviada. Nós estávamos sentadas na sala, Toni ainda sentia-se muito mal, seu estômago estava embrulhado, e sua cabeça estourando. Depois de tomar um remédio, ela deitou-se em cima de mim.

– Eu quero saber o que aconteceu. – eu girei os olhos, fisgando Veronica, Betty e Amy.

– Alguém avisa Amy que eu sou cardíaca? – Veronica esfregou o punho nos olhos.

– Ela não subiu lá sozinha.

– Você realmente tem razão, Cheryl. – Betty se manifestou, e olhou Amy. – Quem a ajudou Violet?

Too CloseOnde histórias criam vida. Descubra agora