Too Close

Eu sou forte!

''Today I took a walk in the clouds. Used to keep my eyes wide shut
But now I'm staring down...''
Ordinary Human – OneRepublic.

Xxx

Acordei sem Toni ao meu lado. O desespero bateu forte. Caminhei até o banheiro a procura dela. Nada. Zezé estava mordendo meus sapatos, mas parou para me olhar, em seguida voltou a se divertir. Não liguei, e sorri. Escutei um som agradável vindo da cozinha.

Toni mexia sem parar algo dentro da panela, enquanto sustentava o celular entre o ombro e o ouvido. Limpei a garganta e ela olhou-me.

– Certo. Preciso desligar! – disse, afastando o celular da orelha.

– Pulou da cama? Procurei por você. – tentei olhar o que ela aprontava, mas fui afastada.

– Desculpe. – sorriu com polidez. – Você tem um almoço especial.

– Topaz! – arrastei o banco, sentando. – Com você?

– Não... Não! – voltou a mexer com a colher de pau. – Com o papai Cliff.

– Vocês estão aprontando algo? – porque meu pai comunicaria a Toni sobre aquele almoço improvisado?

Toni desligou o fogo, lambendo a ponta dos dedos.

– Hm.. – parou, ao chegar perto de onde eu estava sentada. – Vocês precisam conversar.

– Sobre o que exatamente?

– Cherry, você é muito ansiosa. –dei um tapa no ombro dela. – Vá tomar um banho, e fique linda.

– Eu já não sou? – brinquei, já de pé. Toni sorriu, confirmando. Revirei os olhos, queria ouvi-la dizer. – Bem, obrigada. – Ao caminhar, senti uma pontada na perna.

– Tudo bem? Precisa de ajuda? – Toni se apressou em perguntar.

– Tudo bem, eu só senti dores, era como se meu pé latejasse, mas bem, ele não está aqui. – prendi a respiração, e sorri como se não fosse nada.

– Baby, eu sinto muito. – ela estava visivelmente abalada.

– Toni, não se preocupe, não é culpa sua. – abracei-a. – Preciso tomar um banho longo. Ficará para o almoço? – esbocei um sorriso franco, até perceber que seu olhar estava em meus lábios. Beijei-a rapidamente.

– Eu não poderei ficar, precisarei resolver umas coisinhas. – seu ânimo foi voltando.

– Mistérios, mistérios.. Segredos! – soltei-a. – Te vejo depois.

– Você ainda não viu nada. – falou mais alto, pois eu já estava entrando no corredor. – Eu te amo também.

– Certo Toni. – eu gritei, rindo.

Segundos depois, eu estava debaixo do jato de água. Havia uma prótese para o banho, mas eu consegui sustentar todo o corpo na perna esquerda. Olhando melhor, eu ainda tinha duas panturrilhas, dois joelhos.. E somente um pé. Era tão estranho, e maluco. Já estava cicatrizado. Meus pais não me adiantaram muita coisa depois que acordei. Eles disseram que primeiro eu precisaria ficar calma, e que tudo ficaria bem.