''You say you'll give me eyes in the moon of blindness, a river in a time of dryness.
harbour in the tempest, but all the promises we make, from the cradle to the grave when allI want is you.''All I Want Is You – U2.
Xxx
Cinco meses depois.
Acordar ao lado de Toni havia se tornado um hábito. Um dos melhores, eu diria. Era inovador abrir os olhos e enxergá-la dormindo calmamente. Muitas das vezes ela se levantava antes de mim, e aprontava o nosso desjejum. Era sempre assim.
ERA.
Toni tornou-se mais privativa, omitindo algumas respostas as minhas perguntas. Ela voltou a trabalhar em Washington, então nós nos víamos nos finais de semana, quando ela pausava as investigações do serviço secreto. É claro que eu nunca soube quais eram. Mas, minha curiosidade sempre empurrava as dúvidas para fora de minha boca, e deixava uma Toni levemente irritada. Com o passar do tempo, algumas perguntas viraram sinônimos de ofensas. Toni estava me escondendo algo que, certamente eu não saberia, caso me contentasse com respostas evasivas. Como não era de minha natureza sentar e esperar; comecei a observá-la melhor. As terças, ela usava sempre uma roupa social, precisei analisá-la por três vezes, enquanto nos falávamos via Skype. As quinta era sempre um moletom cinza e uma correntinha no pescoço. A minha dedução fora que Toni estava usando novos disfarces. Não parava por ai, porém, a conselho de Veronica, resolvi dar-lhe uma trégua.
A irmã gêmea de Maya tinha desaparecido por um bom tempo, mas soubemos que ela havia retornado aos EUA cerca de um mês. Nós do FBI tínhamos permissão para investigá-la sobre sigilo. Ela era uma mulher inteligente, longe de qualquer suspeita. A casa de Edgar fora vendida em um leilão, não pagaram muito por ela, uma vez que ninguém a queria. A sua morte era estudada e abordada em treinamentos para deter indivíduos com colete de bombas, ou coisa do mesmo tipo, aquilo foi um erro, um terrível erro.
Em meio a tanta confusão, uma notícia boa explodiu em meu peito. Meus pais estavam de fato juntos! Eu nunca soube o feitiço que minha mãe usava em meu pai, pois para suportá-la era preciso ser paciente. E isso papai tirava de letra. Amy era uma Blossom, e minha mais nova irmã. Minha mãe conseguiu a guarda dela legalmente. Os antigos pais estavam se separando, e achara melhor a menina ter um convívio com pessoas que lhe transmitissem segurança e afeto. A princípio, morri de pena dela. Mas dessa vez, Penélope Blossom estava sendo mais humana com a criança. Amy a adorava, e também a subestimava. Posso dizer que a garota estava sendo muito mimada, e bem cuidada. Mas ainda assim, eu sentia muito por ela. Mamãe era maluca. Sorri com o pensamento. Notando que meu táxi chegara ao ponto final, paguei pela corrida e desci.
Eu estava em Washington. Resolvi fazer uma surpresa para Toni. Saudade já não podia definir o que eu estava sentindo no momento. O vento gelado batia em meu rosto com violência, bagunçando meus cabelos. Minha respiração quente em contato com o ar surtia uma fumacinha agradável aos olhos. Os raios solares, de nada adiantavam. A cada passo que eu dava, era uma parte do meu corpo que congelava. Esfreguei as mãos, e apressei-me. Soube que Toni havia levado Max para conhecer a Casa Branca, que ficava a dois quarteirões de onde eu estava. Agradeci na recepção residencial, e segui ao encontro das duas pessoas que deixaram um buraco de saudade em meu coração.
Avistei Max sentado na grama, em um círculo com outras crianças. Uns funcionários da Casa Branca lhes explicavam o que estava escrito em um livro que cada um deles segurava. Max sentou-se próximo a uma garotinha, e buscou as mãos dela, como apoio para não cair para trás. Cheguei mais perto das grades de proteção, e corri os olhos pelo jardim imenso, à procura de Toni.
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Too Close
ActionCheryl Blossom é uma detetive do FBI. Sua vida se baseia em trabalho que, acaba usufruindo grande parte de seu tempo. Ela não era uma pessoa paciente, e não procurava ser. Era considerada uma mulher de fibra, competente. Mas no fundo, sentia-se sozi...