passado adj.1. Pretérito; que decorreu; que passou no tempo: momentos passados.
O prato de porcelana repousava em seu colo, a sopa parecia mais fria agora, já que Selma se recusava insistentemente em comer.
- Eu não quero! - Repetiu mais uma vez, sua vez um tanfo infantil.
Arthur suspirou e deixou o prato de lado, aconchegando-se mais na cama onde sua mãe repousava.
- Você precisa se alimentar, mamãe.
Selma encarava os cantos do quarto, seu distúrbio fazia ela levar a crer estar sendo perseguida. Os cantos a assustavam, alucinação que a qualquer momento algo pularia dos cantos do quarto.
- Eu não posso comer enquanto eles estão tentando me pegar! - Suplicou, seus olhos varrendo o quarto de uma forma estranha.
- Você parou de tomar os remédios de novo? - Encolheu os ombros.
Selma era uma das pacientes que mais davam trabalho, quando se menos esperava ela estava escondendo os remédios detro do colchão, ou até mesmo fugindo para o refeitório para se esconder.
- Eles me dão sono e eu preciso estar acordada para quando eles virem! - Resmungou, mordendo a ponta de uma mecha de cabelo.
Arthur coçou a barba rala e se levantou da cama.
- Você promete que irá tomá-los corretamente se eu mudar sua medicação para uma que não dê sono? - Blefou.
- Você faria isso por mim? - Seus olhos se iluminaram, e pela primeira vez naquele dia ela o olhou nos olhos.
Arthur sorriu e se ajoelhou ao lado na cama, recebendo um afago em seu cabelo.
-Eu prometo que farei isso para você, mamãe. - Sorriu largo, repousando a bochecha no colo da mulher.
- Meu pequeno Arthur... - Ela murmurou ainda o acariciando.
Eram raros os momentos em que Selma parecia ter o pingo de consciência. Arthur usufruía desses poucos momentos para suprir sua necessidade materna.
Pensava se deveria contar a Luana sobre Selma, mas não sabia como a menina iria reagir ao estado de sua mãe. Até mesmo Arthur se assustou ao encontrar Selma daquele jeito.
Ninguém sabia ao certo de onde vinha a deficiência da mulher, e nem como ela havia chegado ali. Algumas enfermeiras contavam uma lenda de que ela mesma havia ze internado ao perder o marido e os filhos em um acidente.
Mas é claro que ninguém ali sabia que Arthur era o filho da Selma, era algo que ele não revelava para não correr o risco de ser transferido para outra clínica em outro estado. Não poderia arriscar enquanto seu serviço fosse supervisionado pelo governo.
Ele deixou o quarto, e já estava tarde o suficiente para ele se atrasar para o jantar, mas resolveu correr e não decepcionar sua mulher.
Estacionou o carro na garagem e trancou o portão da frente, como sempre fazia, checou a correspondência e caminhou pelo jardim bem aparado até a porta.
Luana estava sentada no último degrau da escada, que dava de frente para a porta de entrada. Já estava ali fazia um bom tempo esperando por seu irmão.
Marzia secava as mãos quando abriu a porta para o esposo, sorriu e o beijou nos lábios.
-O jantar já está quase pronto. - Ela anunciou com seu sotaque bem puxado.
-Vou tomar um banho e já desço.
Luana se levantou em um pulo, esperou Marzia voltar para a cozinha e se agarrou na perna de seu irmão.
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Cores - Dayrol version
RomanceDay nasceu sem suas cores, literalmente tudo o que ela enxergava era apenas preto e branco.