Assoalho.

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assoalho s.m

1. Pavimento, normalmente, de madeira.

- O processo é bem complicado... - A mulher emendou, os olhos vidrados enquanto habilmente folheava toda aquela papelada em suas mãos.

- Como pode ser complicado? - Arthur rosnou, seu corpo inclinado sobre a masa de madeira da área externa de sua casa. - Eu passei anos da minha vida vendo minha irmã sofrer abusos de pais que nem eram pais!

A advogada suspirou e ajeitou os óculos de aros finos. De certa forma ela entendia a angústia de deu cliente, era acostumada com esse tipo de processo.

- Arthur, nós não temos provas contra eles! - Repetiu, tentando acalma-lo. - Você pode dar seu depoimento, mas de qualquer forna nós precisaríamos de Day, ela é a única que pode provar o que aqueles dois fizeram.

Arthur suspirou. Afundou as mãos em seu rosto, rescostando as costas na cadeira de madeira trançada.

- Mas e Luana?

- Luana é muito pequena, e pelo o que a pisicologa me informou ela não tem nenhum trauma quanto aos dois que a criaram, eles aparentemente supriram todas as necessidades dela. - Mordeu o lábio. - Sem contar que a condição de Luana influência na personalidade dela.

Arthur estava exausto. Procurava de qualquer forma algum meio de incriminar seus pais adotivos. Mal dormia e pouco comia. Trabalhava e se empenhava em suas buscas por Day.

- Obrigada de qualquer forma, Miley... Eu tenho que voltar para o trabalho agora. - Checou o horário em seu relógio de pulso.

- Tudo bem, continue procurando Day, e tente não enlouquecer. - Arrumou os papéis em uma pasta de couro e se levantou, ajeitando os cabelos curtos.

Arthur apenas sorriu. Um sorriso cansado.

. . .

Luana batucava os dedos na colcha da cama, o livro fechado e finalizado em seu colo. Mais um aquela semana. Agradecia o fato de que Marzia, a esposa de Arthur, tinha um bom acervo de livros.

Era fato que a mulher tinha sua nacionalidade italiana, e que os livros de fato eram em italiano. Mas Luana aprendeu o idioma em poucas semanas com aulas particulares com a mulher.

Luana tinha a facilidade extrema de aprender e decorar coisas novas. Poderia muito bem ditar todos os países e capitais do mundo, tudo por ter visto uma vez um atlas completo e ter decorado.

Ela era super dotada, uma criança prodígio, e descobriu isso apenas quando teve suas seções com a psicóloga que Arthur a levara.

Gostava de sua nova vida. Alimentava-se melhor, tinha um jardim melhor para brincar e bons livros. Sem contar que agora realmente se sentia em um ambiente familiar.

Levantou-se da cama, deixando o livro sobre a cama fofa. Checou se tinha alguém em casa, mas apenas encontrou o corredor vazio, Arthur havia ido trabalhar e Marzia provavelmente foi ao mercado como sempre fazia a cada dois dias.

Voltou para o quarto e fechou a porta com chave, sorrateiramente se esgueirou para dentro do pequeno armário embutido na parede. Havia feito um pequeno esconderijo ali, em um pedaço do assoalho que se soltava. Ela guardava um pequeno caderno preto de folhas gastas e amareladas. Junto com algumas fotos igualmente gastas.

No mês passado Arthur havia ido até a casa onde ela vivia, para pegar suas coisas, Luana o acompanhou, insistindo que ele não saberia pegar todas as suas coisas. Luana tinha os seus segredos. E ela gostava de os ter.

Quando Day foi embora alguns anos atrás, ela deixou poucas coisas para trás. Algumas fotos, uma muda de roupas e esse pequeno caderno preto. Luana gostava de o ler, eram pensamentos e rabiscos de Day. De sua irmã.

Cores - Dayrol versionOnde histórias criam vida. Descubra agora