fôlego.

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fôlego sm

1. Capacidade de reter o ar nos pulmões.

2. Ânimo, coragem.

- Você sabia que cigarro faz mal?

Luana, para apenas uma garotinha, tagarelava como gente grande.

Sentada no banquinho branco de uma praça em que Arthur parou, para descansar um pouco da longa viagem que seria até sua casa. Talvez pegar um fôlego e colocar a cabeça no lugar antes de dirigir.

Sorriu de lado e encarou o cigarro meio fumado em seus dedos.

Era um vício, ele tinha que admitir, mas era sua maneira de encarar os problemas, o nervosismo e a ansiedade.

- Esse é o problema dos adultos, Luana, a gente faz muita coisa que faz mal. - Jogou o cigarro no chão e o apagou com a sola de seu sapato.

- Eu nunca vou ser adulta. - Cantarolou balançando seus pés, que mal chegavam no chão. Arthur riu e ajeitou o cabelo.

Essa garotinha era adorável, se arrependia de ter perdido o crescimento dela.

Franziu o cenho ao que seus pensamentos lhe levaram até Day. E onde a garota poderia estar, e o que estaria fazendo. Apenas rezava para que ela não estivesse morta ou muito longe.

- Você está com fome? - Perguntou, sentando-se ao lado de sua irmã mais nova.

Luana olhou para o céu, tapando o sol muito forte com suas pequenas mãozinhas.

- Ainda são três horas, não está na hora da janta. - Deu de ombros, espantando Arthur.

- Como você sabe que são três horas? - Apoiou os cotovelos nos joelhos, analisando a pequena menina ao seu lado.

- Pelo sol, ué! - Riu como se fosse óbvio.

- E como você sabe que está certa? - Rebateu, surpreso com a inteligência da garotinha.

- Eu li em um livro.

- Certo espertinha, vamos continuar a viagem.

Levantou-se, ao que a menina pulou para o chão e segurou na mão de seu irmão. Caminharam até o carro prata.

- Eu não vou ver mais a mamãe? - Perguntou no banco de trás quando o carro começou a andar.

- Ela não é sua mãe. - Responde com a atenção na estrada. - E não, se depender de mim, não.

- Eu sei que ela não é minha mãe. - Revirou os olhos, chamando a atenção de Arthur. - Você já viu as diferenças genéticas? São gritantes!
- E como você sabe de genética?

- Eu li em um livro. - Respondeu olhando para a janela.

- Você gosta de ler, huh?

- Mam... digo... Não me deixavam sair muito, na verdade quase nunca, então eu lia bastante. - Divagou.

- Eles nunca... sabe, tocaram em você? - Apertou os dedos no volante.

- Não, eles eram bem carinhosos comigo, diferente de como eram com a Day.

Arthur piscou e engoliu em seco. Olhou para sua irmã de rabo de olho.

- Você se lembra dela?

- O suficiente para saber que ela não merecia o que faziam com ela. - Bufou cruzando os bracinhos. - Mas ela não gostava de mim.

- E como você tem certeza disso? Leu em um livro? - Zombou com um sorriso.

- Não, bobão! - Gargalhou no banco de trás. - Ela nunca falou comigo, sabe? Ela nunca brincou comigo.

Cores - Dayrol versionOnde histórias criam vida. Descubra agora