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Gabriel


Eu ainda estava em choque. De verdade, aquele som me fez bem, me deu esperanças. Era tão calmo e gostoso de se ouvir. Eu entrei sorrindo em casa, e encontrei meu pai sentado no sofá.

— Como foi? — Ele baixou o volume da televisão.

— O som do coração dele é tão gostoso de ouvir. — Eu tirei a foto do bolso e lhe entreguei. Era uma foto do ultrassom, então era meio difícil ver algo.

— Lembro da primeira vez que ouvi o seu coração também. — Ele bateu a mão ao seu lado. Eu me sentei e esperei. — Eu tinha tido um péssimo dia no trabalho, estava tão cansado. Mas ai, sua mãe me obrigou a ir até o hospital com ela, e eu fui mesmo contra minha vontade. Ela já tinha ouvido antes, até me contou a sensação, mas, quando ela estava grávida de seis meses, eu te ouvi pela primeira vez. Foi no mesmo dia em que descobrimos seu sexo, e foi um dos melhores da minha vida.

Ele estava chorando, então eu o abracei.

— Não quero que você perca isso filho. — Ele afagou meu cabelo. — Não quero que você não tenha contato com seu filho, não o abandone.

— Eu nunca vou fazer isso, pai. — Eu fechei os olhos com força, não quero chorar por ela. — Eu prometo.

— Não seja como... Como sua mãe.

Eu não gostava de pensar nela, não gostava de falar dela. Mas meu pai as vezes só precisava desabafar, então eu o ouvia.

— Eu nunca vou fazer isso. — Me afastei. — Mesmo que eu não fique junto com Jéssica, não vou ser capaz de abandonar meu filho. Vou estar sempre presente.

— Eu queria ter estado mais presente.

— Pai — Falei calmamente. — Nós já conversamos sobre isso. O senhor fez tudo o que pôde, e fez tudo certo. Agora acho que está na hora de parar de se preocupar comigo, e se preocupar mais com você.

— Eu nunca, nunca vou parar de me preocupar com você Gabriel. Você só me dá dor de cabeça.

Eu ri. Ele respirou fundo, e sorriu.

— Sabe, eu tenho um encontro hoje.

— Que bom pai!

— Ela é uma mulher muito linda, charmosa, engraçada... — Eu podia ver corações girando ao redor de sua cabeça.

— Eu quero conhecer ela, se isso ficar sério.

— Você já a conhece. É a Luiza, tia da Jéssica.

Eu pisquei. Agora sim eu fiquei chocado.

— Nós começamos a conversar, depois que a Jéssica descobriu a gravidez. E aí... Nós temos tanta coisa em comum, que não teve como não se interessar.

— Pai, tudo bem. O senhor não me deve satisfações, eu só estou um pouco surpreso.

— Que bom que você levou numa boa. — Ele se levantou e olhou o relógio em seu pulso. — Por que daqui à três horas, você vai fazer companhia pra Jéssica.

— O quê?

— Ela não podia ficar sozinha, então eu disse que você ficaria com ela. Sem nenhuma malícia.

— Mas pai! Ela não é criança, pode ficar sozinha por duas horas.

Meu pai riu.

— Eu e Luiza vamos fazer uma viagem.

— Tá brincando né?

— Não, não estou. Vamos pro Rio de Janeiro, voltaremos na segunda, por isso Jéssica não pode ficar sozinha à noite.

— Então o negócio tá mais sério do que eu achei.

Ele apenas deu risada, e subiu. Eu me joguei no sofá e bufei.

— Aguentar a loirinha não vai ser fácil.



Consequência De Uma Aposta [Concluída] Onde histórias criam vida. Descubra agora