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— Hey, você tá bem? — Arthur se sentou ao meu lado.

Eu fiquei em silêncio. Faltavam alguns minutos para a virada de ano, e eu queria que acabasse logo.

— Não. — Confessei.

— O que aconteceu?

Eu contei tudo a ele, menos a parte em que Gabriel me disse pra escolher Arthur.

— Talvez ele não seja tão infantil assim como eu pensava. — Ele me envolveu ao redor de seus braços. — Mas tá tudo bem. Está tudo bem.

— Não está não! — Eu parei de chorar e me soltei dele, olhando para seus olhos. — Eu estou grávida, uma mãe solteira, não tenho um trabalho, muito menos poderei estudar!

— Você não disse que iria fazer faculdade esse ano?

— Eu não vou. — Respirei fundo. — Não posso.

— Mas... Você me prometeu.

— E eu vou cumprir. Mas não vai ser agora.

— Tudo bem. Eu entendo.

— Vamos, contagem regressiva! — Mirela gritou.

Nós dois nos levantamos e começamos a contar junto com os outros.

— 10... 9... 8... 7... 6... 5... 4... 3... 2... 1...

— Feliz ano novo!

Eu apenas sorri. Mirela me abraçou, e depois foi a vez de Pedro.

— O que foi Jé? — Ela perguntou.

— Eu te conto depois.

— Tudo bem.

Arthur me abraçou e me deu um beijo na bochecha, então foi falar com os outros.

— Finalmente eu tô livre da escola! — Mateus chegou mais perto. — Não aguentava mais.

— E vai fazer o que agora?

— Ainda não sei.

Eu dei risada e o abracei.

— Comece tentando melhorar. O.k?

— O.k. Eu vou fazer uma lista. — Ele riu e foi buscar mais bebida.

Eu foquei meus olhos nos olhos verdes que me observavam à distância. Gabriel estava sério, e afastado de todos, sozinho. Eu pensei em ir até ele, mas não fui. Em vez disso, voltei para meus amigos, e só apreciei a companhia deles.

— Ele falou tudo isso mesmo? — Mirela disse calmamente.

— Falou. Eu não sei o que fazer.

— Bem, ficou óbvio que ele não quer te namorar, então esquece ele.

— Eu... Não consigo.

— Consegue sim Jéssica. Eu sei que ele é bonito e tals, mas dá pra esquecer sim.

— Você alguma vez já esqueceu o Pedro?

— É diferente. O Pedro não é como o Gabriel.

— Ainda sim, você também não consegue esquecer ele. Eu também não.

Ela ficou em silêncio. Eu afundei meu rosto no travesseiro e soltei um grito.

— Acho que você deve só dar um tempo.

— Um tempo?

— Sim, pare de pensar tanto assim em tudo, apenas deixe que tudo siga seu caminho.

— Destino?

— Você acredita nisso né? Então, só deixe o destino trabalhar. Se você e Gabriel estiverem destinados a ficar juntos, vai acontecer. Se não, você tem o Arthur. E a mim.

— Certo. Então seu conselho é que eu não faça absolutamente nada?

— Isso mesmo. — Ela sorriu e beijou minha bochecha. — Tenho que ir agora, vou sair com Pedro.

Eu rolei os olhos. Ela saiu fechando a porta e eu me preparei para dormir.

— Não fazer nada, como se fosse fácil. — Resmunguei.

Consequência De Uma Aposta [Concluída] Onde histórias criam vida. Descubra agora