58

893 62 2
                                    

Jéssica


É 19 de junho, aniversário de Pedro.
Estou grávida de 33 semanas, só a espera de Bernardo chegar.
Gabriel não deu sinal algum de vida o mês de maio todo! Simplesmente sumiu. Ele compra coisas para mim e o bebê, mas manda alguém me entregar. Os meninos não falavam dele, nem Bruno.
Arthur já está quase acabando o curso, e está animado pra começar a pilota. Ele vem me ver todo dia, e eu amo a companhia dele.
Mateus está na clínica a dois meses, e no próximo mês ele já pode voltar pra casa. Ele está muito melhor, mais animado, e com a aparência de antes.
Bernardo está se desenvolvendo super bem, cada dia maior. Agora ele finalmente se mexe quando eu peço (e quando eu não peço também). Todas as coisas já estão prontas, só a espera dele.
Titia e Bruno estão muito felizes, parecem até adolescentes. Eles viajam sempre que podem, e estão sempre juntos.
É... O resto de nós está do mesmo jeito.

— Jessica, está pronta? — Mirela apareceu na porta do meu quarto. Eu fechei o diário. — Você ainda tem um diário?

— É claro que tenho, e eu escrevo nele todos os dias. Ou quase. – Deixei o caderno na estante e arrumei meu vestido. — Ficou bom? Eu estou muito gorda, nada me cabe mais.

— Você está linda, como sempre! — Ela andou até mim e colocou meu cabelo para trás. — Você está bem? De verdade?

— Eu estou. Quero ir à festa, preciso de um momento desses.

— Certo. — Ela me olhou por mais um instante. — Então vamos.

Ela já tinha chamado um Uber. Eu fui o caminho todo em silêncio, fingindo estar distraída com o celular. Mas a verdade, era que eu estava morrendo de medo de que Gabriel estivesse na festa.
Pedro atendeu a porta, e beijou Mirela.

— Que bom que você veio Jéssica! — Eu comprei suco só pra você.

— Obrigada. — Eu puxei ele pra um abraço. — E parabéns, espero que você use relógio.
Ele pegou o embrulho da minha mão com cuidado e sorriu.

— Obrigado, eu gosto sim. Fique a vontade.

Ele e Mirela se misturaram na multidão. Deviam ter umas cinquenta pessoas ali dentro. Estavam todas bebendo, dançando e rindo. Eu me senti deslocada, então fui até a cozinha. Lá o barulho era mais baixo, e não tinha ninguém.

Um bilhete na geladeira dizia que tinha suco para mim. Eu ri e abri a geladeira, pegando a caixinha de suco de uva.

— Meu favorito, ganhou mais pontos comigo, Pedro. — Resmunguei.

Eu levei um tempo para encontrar um copo, e o enchi de suco me sentei na mesa e tomei um gole.

Gabriel entrou rindo na cozinha, mas parou de rir ao me ver. Ele piscou, como se estivesse ponderando voltar.

— Tudo bem, é só me ignorar. Como todo mundo.

Eu tomei mais do meu suco. Ele abriu a geladeira, e pegou uma garrafa de cerveja. Ele andou até a porta, mas parou, se virando para mim.

— Como você está?

— Estou bem, obrigada por perguntar.

— Arthur não veio com você?

— Ele está trabalhando.

Ele abriu a boca, mas não falou nada. Deu meia volta, e foi embora.

— Como você está? Blá blá blá. — Eu resmunguei por um tempo, como uma criança.

— Ei Jéssica, vem ver quem eu encontrei! — Mirela me assustou. Ela tinha uma cerveja na mão, e já não parecia estar tão sóbria.

Ela me levou até o quintal, onde mais convidados estavam.

— Quem é? — Perguntei.

— Olha. — Ela apontou para um grupinho conversando. Eram três garotas, e uma delas era Laura.

Mirela acenou, e ela veio falar conosco.

— Minha nossa! Você está tão linda grávida. — Ela me abraçou.

— Obrigada, você também está, amei seu cabelo.

Ela tinha o cortado o cabelo bem curto, e pintado de verde. A raiz já estava quase sem tinta.

— Ah, obrigada. — Ela mexeu no cabelo. — Agora que eu me assumi, fiquei com vontade de mudar o visual.

Eu franzi a testa. Laura riu, e Mirela me cutucou.

— Ela é lésbica, Jéssica.

— Ah, me desculpe, eu não sabia. Que bom que você se encontrou e se sentiu segura para se assumir.

— Não se preocupe. — Ela sorriu. — Como vão as coisas?

Nós duas passamos a noite toda conversando, ela me contou sobre o intercâmbio e eu atualizei ela sobre os acontecimentos. Nós nos sentamos na cozinha e lá ficamos.

Gabriel apareceu algumas vezes, mas não falou nada comigo, mal me olhou. Eu não liguei, a presença de Laura na festa me deixou mais animada.

Por volta das dez horas, cantamos os parabéns, e eu fui pra casa logo depois, meus pés inchados estavam me matando.








...........................
Peço desculpas pelo sumiço, é que eu estou cheia de atividades pra fazer, muita coisa mesmo!

Esse capítulo não é um dos melhores, eu sei, mas a reviravolta está chegando, então vou postar dois capítulos hoje, pra compensar...

Não esqueça de votar e comentar!

Consequência De Uma Aposta [Concluída] Onde histórias criam vida. Descubra agora