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— Eu tinha 16 anos. Ela já era maior de idade. — Mateus deixou o copo d’água de lado. — Nós dois nos conhecemos por um amigo em comum, e aí começamos a namorar.

— Namorar sério? Tipo, aliança e tudo? — Perguntei.

— Sim Jéssica, assim mesmo. Enfim, ela sempre me pedia presentes, e não eram nada baratos sabe. Mas eu era um bobo apaixonado, achava isso normal então eu dava tudo o que ela pedia. Foi com ela que eu perdi minha virgindade, nossa aquela noite foi tão boa...

— Meu Deus, sem detalhes disso por favor. — Mirela pediu. Nós duas fizemos caretas.

— Tá bom. — Ele riu e depois bebeu mais água.

— Conta logo!

— Tá. Nós ficamos juntos por um ano, e aí quando era nosso aniversário de namoro, eu preparei um jantar incrível lá em casa. Mas ela não foi.

— Por que não? — Mirela quis saber.

— Bem, ela foi embora.

— Embora tipo morreu ou embora embora?.

— Eu não entendi o que você disse Jéssica, mas ela não morreu. Ela foi embora. Se mudou pra São Paulo, e eu não sei o que ela faz da vida agora. Também não quero saber.

— Então, os presentes que você dava pra ela, ela vendeu não é? — Mirela sussurrou. — Foi isso não foi?

— Foi. Ela simplesmente vendeu tudo e foi embora. Ela vivia falando que queria ir embora, mas eu não sabia que ela faria isso.

— Ah mano você tá chorando. — Eu peguei papel toalha pra ele. — Pelo menos seca suas lágrimas.

— O que eu perdi aqui? — Pedro entrou na cozinha. — Por que o Mateus tá chorando?

— Eu contei pra elas da Núbia cara. — Ele tava chorando muito. Ou talvez fosse só dramatização.

— Ah, ele chora sempre que lembra.

— Pedro, coitado do seu amigo. — Mirela o olhou com ódio. Mas passou rapidamente. — Ele tá magoado.

— Eu já chorei demais. — Mateus se levantou. — Eu vou tomar um banho, façam o jantar.

— Machista! — Bati nele.

Ele deu risada e saiu. Eu olhei para o casal.

— Vamos cozinhar?

— Foi mal amiga, nós vamos jantar fora.

— Quê?

— Um encontro sabe. — Pedro riu.

— Beleza, eu vou ficar sozinha aqui com quatro meninos?!

— O João vai com a gente, então são só três. — Mirela mandou beijinho e saiu de mãos dadas com Pedro.

— Eu mereço!


— Gabriel? Arthur? — Chamei do início da escada.

Eu contei até dez para então eles apareceram. Os dois estavam claramente de mal humor, com curativos nos machucados.

— Venham até aqui embaixo, vamos fazer o jantar.

— O que? — Gabriel deu risada. — Fazer o jantar?

— Pedro, Mirela e João vão jantar fora, então sobrou para nós. Eu não vou fazer isso sozinha.

— Que tal uma pizza? — Gabriel desceu as escadas.

— Acho que não é bom pra ela. — Arthur desceu também.

Os dois pararam a minha frente e se encararam.

— Por favor, não briguem. — Pedi, baixinho. — Eu só quero ajuda.

— Tá bom. — Eles disseram juntos.


Foi divertido cozinhar com eles. Por um minuto, eles deixaram de lado a rixa e apenas me ajudaram a picar os legumes.
Nós fizemos o prato tradicional, arroz, feijão, carne e salada de várias coisas.

— Cheguei bem na hora. — Mateus se sentou com a gente.

— Eu deveria não te deixar comer.

— Eu sei que você me ama Jéssica. — Ele piscou.

— Pare com suas gracinhas e coma.

— Seus pais chegam amanhã? — Gabriel perguntou.

— De manhã.

— Como eles se chamam? — Arthur perguntou.

— Marisa e Ezequiel. Não se preocupem, eles não vão acabar com a diversão.

— Nossa, isso tá muito divertido mesmo. — Rolei os olhos.


Consequência De Uma Aposta [Concluída] Onde histórias criam vida. Descubra agora