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Gabriel


— Vamos logo Gabriel! — Mateus estava buzinando feito um doido.

— Eu já estou indo! — Coloquei a cabeça pra fora da janela e apontei pra ele. — E pare de buzinar!

Terminei de colocar a camiseta, peguei minha carteira e a chave de casa e desci. Meu pai e Luiza estavam assistindo filme na sala.

— Desculpem pelo idiota do Mateus atrapalhar o filme de vocês.

— Sem problemas. — Luiza me jogou uma barra de chocolate. — Bom passeio.

Meu pai acenou. Eu sai de casa e fui em direção ao carro, quando estiquei a mão pra abrir a porta de trás, Mateus arrancou.

— Engraçado, muito engraçado.

Ele e Pedro pararam de rir, e me deixaram entrar. Coloquei os cintos e abri a barra de chocolate.

— Pra onde vamos? — Eu dividi o chocolate com os dois, e mordi um quadradinho do meu.

— Hoje é o dia do garotos, vamos fazer as unhas, pintar os cabelos, nos depilarmos... — Mateus fez uma voz extremamente fina.

Eu apenas dei risada.

Ele tinha saído da clínica no dia seguinte, e queria passar o dia fora. Pedro ligou o rádio, e nós ficamos em silêncio até chegarmos ao shopping.

— O que vamos fazer aqui? — Pedro se virou para nós enquanto estávamos na escada rolante.

— Já disse, unhas, cabelos, depilação... — Nós três rumos. — Estou brincando, quero comprar umas coisas, e vamos ver filme!

— Comprar o que? — Perguntei. — Um vestido rosa?

— Quero comprar coisas pro Bernardo, que tipo de tio eu sou? Ainda não dei nada pra ele.

Eu sorri.

**

Depois que Mateus encontrou o que queria — Muitas roupinhas, sapatinhos e ursinhos. Fomos assistir a um filme de terror. Pedro se assustou algumas vezes, e Mateus ficava rindo. Eu fiquei em silêncio, apenas percebendo como Mateus era a alma do nosso trio.

— Estou com fome. —Falei quando saímos da sala de cinema.

— Eu também estou. — Pedro pegou o celular e soltou um palavrão. — Cara, já são quatro horas, eu preciso ir, foi mal gente.

— Tudo bem cara, tudo bem. — Mateus sorriu pra mim. — Eu e Gabriel vamos ficar por aqui mais um pouco.

Pedro foi embora, porque precisava cuidar da irmãzinha. Nós dois comemos lanches e fomos pro centro da cidade, porque Mateus queria comprar um chiqueirinho (eu disse que não precisava, mas ele insistiu).

Depois de irmos a várias lojas, encontramos um que agradasse Mateus. Ele se certificou de que entregariam na casa de Jessica, e saímos da loja, caminhando até o carro.

— Como você e a Jéssica estão?

— Desde aquele dia que fomos te visitar pela primeira vez, não nos falamos mais.

— Sério? Porque?

— Acabamos brigando. Não quero falar disso.

— Vocês dois são tão complicados...

Alguma coisa gelada tocou a base da minha coluna. Eu fiquei parado.

— Passa o celular, os dois playboyzinho. — Eu não reconheci a voz ao meu lado.

Meu cérebro fez um clic. Estávamos sendo assaltados, e eu tinha uma arma nas minhas costas.

— Calma cara. — Mateus deve ter percebido que o ladrão estava armado, porque ele tirou o celular do bolso, e pegou o relógio, com calma. — Não precisa fazer nada, calma.

Ele entregou as coisas para o ladrão, que mandou ele se afastar. Eu movi minha mão em direção ao meu bolso, para pegar meu celular.

Ouvi um barulho, e uma dor muito forte explodiu em minhas costas. Minhas pernas cederem, e eu cai de joelhos. Mateus gritou e tentou me ajudar, mas eu via pontos pretos dançando em minha vista, e meus olhos ficaram cansados.

Eu só me lembro de estar deitado de barriga pra cima, e ver o desespero de Mateus, tentando me chamar.

A voz dele foi ficando cada vez mais longe, e meus olhos ficaram tão cansados que não aguentei, eu dormi.






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