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Gabriel


No sábado, Jéssica me ligou às 7 da manhã. Eu fiquei desesperado, achando que algo de ruim tinha acontecido, mas ela só disse para a encontrar em um endereço que eu não conhecia. É claro que eu fui.

**

— Certo, porque nós estamos aqui? — Perguntei.

O endereço me levou a um sítio. Era um campo grande, com árvores, um lago e uma casa de dois andares mais ao fundo. Jéssica estava sentada na grama, conversando com uma moça que eu não conhecia.

— Senta aqui. — Ela bateu no chão ao lado. Me sentei e disse um “oi” para a moça. —Essa aqui é a Duda, e ela é fotógrafa.

— Certo... E porque estamos aqui? — Perguntei novamente.

— Vamos fazer uma sessão de fotos! — Ela bateu palmas.

— Nem fudendo!

Ela me bateu.

— Por favor! Eu já queria fazer isso antes, mas fiquei enrolando. Não seja chato!

— Vai ser divertido. — Duda sorriu.

Eu olhei para Jéssica, ela fez bico.

— Certo, eu topo!

Ela bateu palmas. Eu dei risada, ela inventava cada coisa.


Enquanto a fotógrafa arrumava as coisas dela, eu dei a Jessica um chiclete.

— Seu namorado não vai ficar bravo? — Provoquei.

Ela colocou o chiclete na boca, e me deu um soco no ombro.

— Não, ele não vai ficar bravo.

— Então você concorda que ele é seu namorado?

Ela deu de ombros. A boca grande da Mirela já tinha deixado escapar pra mim que Arthur e Jéssica estavam bem... Íntimos. Por mais que eu realmente a quisesse feliz, ainda tinha alguma coisa que não me deixava tão feliz assim com essa história toda.

— Pronto, vamos as fotos. — Duda sorriu.

Nós dois nos levantamos, e fomos pra perto dela. Duda nos explicou como seria a sessão, e pediu que Jéssica fosse trocar de roupa. Alguns minutos depois, ela voltou com um vestido azul longo, mas que deixava sua enorme barriga bem aparente. Eu quase tive um infarto quando a vi maquiada e alegre.

— Você está linda! — Sorri pra ela.

— Obrigada. — Suas bochechas ficaram vermelhas.

Eu fiquei onde Duda pediu, e Jéssica ficou a minha frente, colocou meus braços ao redor da cintura dela, e meu coração disparou. O cheiro que vinha do cabelo dela me deixou tonto, e eu sorri involuntariamente.
Mudamos de posição, e dessa vez nos sentamos na grama, com ela entre minhas pernas. Enquanto as fotos eram tiradas, eu só conseguia pensar naquela mulher incrível deitada em meus braços. Eu devo ter a olhado muito, pois em determinado momento, ela virou para me olhar.

— O que foi? — Perguntei, baixinho.

— Nada.

Eu amava aquela pinta perto da sobrancelha esquerda. Amava a cicatriz branca e fina na ponta do nariz. Amava a cor de seus olhos. Amava o formato de sua boca. Amava como seus cabelos caiam por seus ombros. Amava suas mãos, com dedos longos. Amava a cor de esmalte que ela sempre usava. Amava cada curva em seu corpo.
Por Deus! Eu amava aquela mulher. Mas como sempre, tinha estragado tudo.

**

Às três horas, nós nos despedimos de Duda, e fomos pro carro, em direção a cidade.

— Sabe, eu gostei do dia de hoje. — Olhei pra ela rapidamente.

— Eu também.

Ela ligou o rádio, e uma música agitada que eu não conhecia começou a tocar.
Pelo visto Jéssica conhecia a música, pois começou a cantar, e a dançar, mexendo-se no banco.

— Tinha esquecido que você é uma ótima dançarina.

— Você também dança!

— Não danço não

— Encosta o carro! — Ela apontou para o acostamento.

— O quê? Porquê?

— Encosta o carro Gabriel!

Eu fiz o que ela pediu.

— Certo, o que foi?

Ela aumentou o volume da música, e balançou os braços.

— Dance!

— Eu não vou dançar!

— Pare de ser chato, e dance!

Eu dei risada, e fiquei a olhando dançar, de olhos fechados. Ela balançava a cabeça de um lado para o outro, de olhos fechados. A cintura ia e vinha, e os braços não paravam quietos. Ela era linda, de todas as formas e em todos os humores.

Ela gritou para que eu dançasse também, então eu dancei. Balancei os braços, e ela aplaudiu. Quando a música acabou, ela ria feito louca, e eu a observava.

— O que foi? — Ela arrumou os cabelos.

— É tão bom te ver feliz assim, sabia? — Sorri.

Ela sorriu, e disse pra eu continuar a dirigir.

**

A deixei em casa, e dirigi pra minha.
Eu não parava de pensar no dia de hoje. Tinha sido tão bom...
Se um dia, eu tivesse a chance, iria dançar com ela de verdade, não dentro do carro.

— Como foi? — Meu pai fechou o notebook quando eu entrei.

— Ela queria tirar fotos, um book sabe? — Coloquei as chaves no bolso e me sentei no sofá ao lado dele.

— E como foi?

— Foi divertido, ela até me fez dançar.

Meu pai sorriu, e então seus olhos ficaram opacos, perdidos.

— Eu também não era de dançar, mas sua mãe conseguia que eu fizesse várias coisas. — Ele sorriu pra mim, então se levantou. — Se ela te faz dançar, é a pessoa certa.

Fiquei sentado, absorvendo suas palavras. Eu não tinha dúvidas de que Jéssica era a pessoa certa para mim. Mas eu não me sentia certo para ela. E ela estava com Arthur, porque eu pedi, então... Eu não podia fazer nada.

Mas uma coisa era certa, eu amava Jéssica Mendes com cada molécula do meu corpo idiota.



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Eu tinha dito que iria postar ontem, mas não consegui.
Aqui está mais um capítulo narrado pelo Gabriel!

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