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— Filha, desce aqui. — Titia gritou lá da sala.

— Quem será? — Mirela perguntou.

— Não sei

— Talvez seja o Arthur...

— Fique aqui.

Eu desci as escadas e parei em frente ao sofá escuro.

— Vou deixar vocês dois sozinhos. — Titia subiu as escadas, indo pro meu quarto.

— Oi Jéssica.

— Oi Gabriel.

— Eu trouxe um presente. — Ele me estendeu a sacola azul.

— O que é?

— Abre.

Eu me sentei ao lado dele, e tirei da sacola a caixinha vermelha. Dentro tinha um macacão.

— Ah, que fofinho!

— A moça da loja disse que é unissex.

— É claro que sim, ele é branco.

Ele ficou quieto. Eu também. Coloquei a roupinha de volta na caixinha e a coloquei na mesa de centro.

— Então... — Me ajeitei no sofá, para poder olhar para ele. — Como vai a vida?

— Bem, eu até arrumei um trabalho.

— Mesmo? Qual?

— Bom, é no MC Donald.

— Hum, já é um começo. E você quer fazer alguma faculdade?

— Eu não sei qual fazer ainda.

— Você não me disse antes que queria fazer uma.

— Tem muita coisa que eu não te disse.

— O.K, eu estou só tentando conversar com você Gabriel, não precisa ser grosso!

— Eu não fui

— Ah pelo amor de Deus!

— Para. Para, por favor.

Ele colocou os cotovelos em seus joelhos e apoiou a cabeça em suas mãos. Eu fiquei tentada a tocar em seus cabelos, mas não fiz.

— Eu iria perguntar se está tudo bem, mas eu sei que não tá. — Me encostei no sofá. — Tá tudo uma merda.

— Eu não diria merda, mas é, está tudo ruim. — Ele se encostou no sofá também. — Como é?

— Como é o que?

Ele apontou para a minha barriga. Eu usava uma camiseta, mas não dava pra ver muito ainda.

— Ah, eu não sei... Ele ainda não se mexe, então acho que é normal.

— Como sabe que é ele?

— Eu não sei. Quero disser ele o bebê.

Ele balançou a cabeça positivamente.

— E você? Como vai?

— Estou indo... Pensando em fazer faculdade também, mas eu vou ter que deixá-la quando não puder ir mais.

— Me desculpe por estragar sua vida, eu acabei estragando a minha também.

— Eu ainda não posso te desculpar, ainda dói.

Ele ficou quieto. Não é por que vamos ter um filho, que eu vou desculpá-lo, acho que isso vai levar um tempo ainda.

— Eu tenho que ir agora, mas eu vou sempre passar por aqui.

— Certo, você é o pai né?

Ele levantou uma sobrancelha e eu ri.

— Até mais Jéssica, e feliz Natal.

— Feliz Natal.


— Aí essa roupinha é tão fofinha! — Mirela cheirou. — Pera que vou pegar a minha também.

— Meu filho tá ganhando mais presentes do que eu hoje.

— Vai ser sempre assim. Acostume-se. — Titia riu.

Mirela me deu outro embrulho. Lá dentro estava uma presilha de cabelos, que era uma borboleta e também um bonézinho.

— Não sabemos o que é, então comprei os dois. — Ela deu de ombros.

— Obrigada Mi. — Eu lhe dei um grande abraço.

O celular dela avisou de uma nova mensagem, depois dela ler, foi embora.

— Brigadeiro e Diário de uma princesa? — Titia perguntou.

— Claro!

Consequência De Uma Aposta [Concluída] Onde histórias criam vida. Descubra agora