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Na visita da tarde, meus amigos vieram me ver. Eles estavam com o semblante melhor do que da última vez.

— Ainda bem que deu tudo certo, cara — Mateus sorriu — Só Deus sabe o quanto eu rezei.

— Obrigado mano — Eu levantei o braço e ele socou minha mão de leve.

— Esse cara aqui não parou de tomar café e de andar pra lá e pra cá — Leonardo apontou para Pedro — Juro que achei que ele fosse fazer um buraco no piso.

— Obrigado por ficar Léo.

— Eu queria ficar mais, mas preciso voltar hoje pra Nova York.

— Eu entendo. — Sorri pra ele e olhei para Pedro. Ele estava sentado ao meu lado, olhando para lugar nenhum. — Pedro, você está bem?

— Eu tomei muito café. — Ele se virou para mim, e vi que suas pupilas estavam enormes.

— Você sabe que não pode tomar tanto café assim.

— Eu falei pra ele — Mateus deu de ombros. — Mas ele quis mesmo assim.

Nós conversamos e rimos um pouco, e quando eles três saíram, as meninas entraram.

Jéssica segurava Bernardo nos braços, envolto em um cobertor azul claro. Mirela veio atrás, sorrindo pra mim.

— Você acordou — Jéssica sorriu e chegou mais perto. Ela beijou minha bochecha.

— AÍ meu Deus, eu não sei segurar um bebê. — Sussurrei.

— Não tem muito segredo Gabriel — Mirela sorriu e saiu em seguida.

— Por que ela saiu?

— Ela volta depois.

Com cuidado, ela pôs o bebê em meus braços, e eu literalmente derreti. Ele era tão lindo, e dormia tão calmamente que foi impossível não sorrir.

— Oi filho, aqui é o papai — Eu coloquei meu dedo em sua mãozinha, e ele o segurou. — Ele é tão lindo e pequeno.

Jéssica se sentou na cadeira ao lado, e se inclinou para perto.

— Eu ainda não consigo acreditar.

— Eu queria estar com você

— Ei, está tudo bem ok? — Ela passou os dedos em meus cabelos. — O Léo me ajudou.

— Sério?

— Eu estava sozinha em casa, quando a bolsa estourou, eu não sabia se chamava um Uber ou uma ambulância, mas Leonardo apareceu bem na hora. Ele ficou meio paralisado quando me viu, mas trouxe pra cá. Minha tia veio em seguida. E 10 minutos depois, ele nasceu.

— E você está bem?

— Sim, eu estou. Estava muito preocupada com você, mas você está bem agora.

Ela sorriu e beijou minha bochecha.

— Sabe... Agora que eu já fiz a cirurgia, acho que devíamos... Conversar.

— E você quer fazer isso agora? — Ela não estava irritada, o que era um bom sinal.

— Sim, mas antes quero ver meu filho mais um pouco. — Sorri e voltei a olhar para o serzinho em meus braços.

— Já vi que você vai ser um pai babão.

***

Luiza veio me ver também, e ela levou Bernardo, para que eu pudesse conversar com Jéssica.

Ela pegou minha mão, e eu a apertei o mais forte que consegui.

— Durante todos esses dias que tive medo, eu só pensei em você. Eu não desisti, porque ainda queria dizer coisas a você, e agora eu posso. — Respirei fundo. Eu iria abrir meu coração novamente para ela, e não sabia como ela iria reagir. — Eu fui um grande idiota depois que os seus pais morreram, e nada que eu diga vai mudar isso. Sobre aquela aposta.. Agora eu percebo que só aceitei, porque já estava apaixonado por você. Acho que sempre estive. Obviamente que isso não muda nada que aconteceu durante esse tempo. Mas eu percebo que fui um idiota, um moleque, e eu quero mudar isso. Eu te amo Jéssica, sempre amei e provavelmente sempre irei amar.

Ela secou os olhos com a manga da blusa. Beijei sua mão delicadamente.

— Eu também te amo. — Ela riu, e meu coração acelerou ainda mais. — E quando eu soube que o seu coração tinha parado de bater por 3 minutos, foi a pior sensação que eu já tive. Eu me lembrei do acidente, e de que não tinha me despedido dos meus pais. Mas você voltou, e Bernardo nasceu, eu estou tão feliz...

Ela se levantou e me beijou. Foi um beijo suave, mas que significou muito para nós dois.

— Eu já disse que você é perfeita?

— Eu não sei, será?

— Pois eu digo agora: Você, Jéssica Mendes, é perfeita e uma mulher incrível. E eu me sinto muito honrado em te amar.

Ela parou de chorar e sorriu.

— E o que a gente faz agora?

— Eu me recupero, e cuidamos do nosso filho.

Ela sorriu, e colocou a cabeça em meu peito. Eu prendi meus dedos em seus cabelos e fiz cafuné até que ela dormisse. Enquanto eu observava seu rosto, me lembrei que devia uma dança à ela.

Eu me concentrei nos meus dedos do pé, e tentei mexe-los a todo custo.

— O que tá fazendo? — Sua voz sonolenta perguntou.

— Tentando mexer os dedos.
Ela se levantou, e caminhou até meus pés.

— Me diga se sente isso

Ela tocou meus pés, e eu comecei a chorar imediatamente.

— Eu sinto — Falei em meio ao choro. — Eu sinto minhas pernas.


Consequência De Uma Aposta [Concluída] Onde histórias criam vida. Descubra agora