Consequência De Uma Aposta [Concluída]

31

Eu acordei por volta das sete horas da manhã, então fui fazer uma caminhada pela praia. Ainda tinha alguns restos da festa por ali, mas algumas pessoas estavam pegando tudo. O mar estava mais calmo, como se soubesse que era um novo ano. Eu andei por algum tempo, pensando no que Gabriel me disse.
   Sabe, eu gosto do Arthur, mas com o Gabriel... É diferente. Eu não sei o que fazer.
    Quando percebi que já não sabia mais onde estava, resolvi voltar. Quando eu chegar em casa, vou conversar com minha tia, espero que ela possa me ajudar.

    A mãe de Mateus estava na cozinha, colocando a cobertura em um bolo. Eu tentei voltar, mas ela me viu antes.

— Bom dia. — Ela sorriu largamente.

— Bom dia. — Eu me sentei em um dos branquinhos e observei ela espalhar a cobertura de chocolate. — Acordou cedo.

— Parece que você acordou mais cedo ainda. — Ela colocou a panela na pia e focou os olhos em mim. — Sabe Jéssica, eu queria te pedir desculpas.

— Por quê?

— Pelo Mateus. E pelo que ele te fez.

— A culpa não é sua. Muito menos dele. — Respirei fundo. — O Gabriel foi burro de aceitar, e eu fui mais ainda de cair nisso tudo.

— Não é errado se entregar para quem ama.

Eu a olhei com os olhos arregalados. Ela riu.

— Eu já fui jovem, sei bem como é. — Ela deu a volta no balcão e se sentou ao meu lado. — Posso te contar uma história? A minha história?.

— Pode sim.

— Certo. Eu e Ezequiel nos conhecemos no ensino médio, e logo começamos a namorar. Tínhamos 16 anos, éramos jovens. Namoramos durante todo o ensino médio, e aí, quando ele terminou, nós dois seguimos caminhos diferentes.

— Vocês se separaram?

— Sim. Eu vim pra São Paulo, onde entrei pra faculdade. Ele ficou em Minas, e cursou advocacia. — Ela parou de falar e cortou um pedaço do bolo, me entregando.

— Obrigada.

— Bem, voltemos à história. Depois de três anos de faculdade, eu voltei pra minha casa, e foi como se eu nunca tivesse ido. O nosso sentimento ainda era forte, acho que ficou até mais forte por causa da distância. Nós nos resolvemos, e três meses depois ele me pediu em casamento. Mateus chegou um ano depois. Estamos juntos até agora, e aquele sentimento não mudou nem um pouco.

— Que história linda. — Eu deixei o bolo de lado. — Mas Gabriel deixou bem claro que não quer nada comigo.

— Ezequiel e eu também dissemos isso. Olhe, o que eu quero dizer, é que talvez, vocês só precisem de tempo. O tempo amadurece as pessoas, e talvez é disso que vocês dois precisem. Amadurecer. — Ela pôs a mão dela sobre a minha e sorriu. — Dê tempo ao tempo.

— Mas... E se eu o perder? Quer dizer, e se não ficarmos juntos agora, e aí lá no futuro, quando já estivermos com outra pessoa... Nós dois descobrimos que não é o que queremos. Que queremos um ao outro?

— Bem. — Ela me empurrou o pedaço de bolo. — Eu acho que se isso acontecer, vocês ainda sim vão ficar juntos.

— Mas sabe, dona Marisa....

— Só Marisa, por favor. — Ela me interrompeu.

— O.k. Então, é que... Ele me disse que não vamos dar certo juntos, e que eu devia ficar com o Arthur, pois ele pode ser bom pra mim.

— Nossa mas o Gabriel gosta mesmo de você né?

— Por quê?

— Já ouviu dizer que fazemos de tudo por quem nós amamos? — Fiz que sim com a cabeça. — Bem, quando achamos certo, nós também deixamos a pessoa ir.