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Eu corri para o banheiro da minha tia, abri o armário de remédios e comecei a procurar.

— Jéssica, ei, pare. — Ela parou na porta.

Eu continuei a procurar, com lágrimas ardendo em meus olhos. Encontrei o frasco azul e li o rótulo.

— Paracetamol?! Só pode ser brincadeira! — Eu coloquei o frasco no lugar e bati a porta com força.

— Ei, tenha calma filha, se estressar assim não vai adiantar nada.

— Eu não vou ficar calma! Eu fui muito burra, não devia ter deixado isso acontecer!

Luiza me abraçou. Eu a rodiei com meus braços e chorei como uma criança. Não posso estar grávida, isso vai acabar com todos os meus planos pro futuro; a faculdade, o trabalho, tudo!

— Me desculpe titia. Eu...

— Fique calma meu amor. — Ela se afastou e sorriu docemente. — Talvez seja só um alarme falso.

— Eu quero fazer um teste!

— Ainda é muito cedo Jéssica, não acho que dê.

— Então quando?

— Eu não sei... Eu... — Ela deitou a cabeça, parecendo pensar. — Eu vou pesquisar. Mas antes, vou te trazer um chá, você precisa se acalmar.

Depois de eu tomar o chá, minha tia me deixou sozinha em meu quarto. Peguei meu celular e encarei as 76 ligações perdidas de Mirela. Eu disque seu número e ela atendeu no segundo toque.

— Eu vou matar o Gabriel! — Ela Gritou. — Que menino escroto, ele é um idiota! Eu não devia ter dito pra você sair com ele aquele dia, me desculpe Jé.

— Eu posso estar grávida. — Soltei. Tão baixo que achei que ela não tinha ouvido.

— Você tá brincando.

— Não Mirela, não estou! Eu fui muito burra! Agora posso estar grávida!

— Ah meu Deus. Eu... ARGH!

— Eu tô com medo Mirela. Muito medo.

Ela desligou e eu contei até 30, foi quando ela entrou no meu quarto, como um furacão.

— O Pedro sabia de tudo e não me contou nada. Estou tão brava com aqueles moleques! São moleques mesmo, quem é que em sã consciência faz isso com alguém?

Então seus olhos caíram sobre mim, e ela se aproximou lentamente.

— Aí droga, eu falando aqui de mim, sendo que você está precisando mais. — Ela se sentou ao meu lado e me fez cafuné. — O que você vai fazer amiga?

— Eu quero primeiro saber se estou mesmo grávida.

– E quando é que se pode descobrir isso?

— Titia vai pesquisar por métodos. Mas é provável que demore um pouco. Eu estou perdida...

— Ei, não diga isso, você nem sabe se está mesmo grávida. Pode ter sido só um engano. Mas... Você tem que falar com o Gabriel. Isso sim.

— Eu não quero ver ele!

— Eu entendo. De verdade, mas vocês tem que conversar, ainda mais se der positivo...

***

Eu toquei a campainha e aguardei. Titia e Mirela tinham praticamente me obrigado a vir até aqui. Eu sabia que teria de ter essa conversa, mas não estava preparada ainda. A porta se abriu e me deparei com um homem, tinha os cabelos escuros como os de Gabriel, parecia ter de 30 a 40 anos, mas seus olhos eram pretos, diferente de Gabriel. Eu o reconheci imediatamente.

— Oi Bruno. — Sorri.

— Jéssica, você cresceu! — Ele sorriu e rugas surgiram ao redor de seus olhos e nos cantos de sua boca, indicando que ele sorria muito. — Entre, Gabriel está lá em cima. Acho que você conhece o caminho.

Eu passei rapidamente pela sala de estar e parei no início da escada. Respirei fundo e subi, cada degrau alimentava meu desespero e medo. Cheguei ao corredor, e caminhei para a porta do lado direito. Bati e esperei.

— Entra! — Gabriel gritou lá de dentro.

Respirei fundo e abri a porta. O quarto tinha as paredes em azul escuro, uma estante com alguns objetos em um canto, e uma escrivaninha ao lado da porta. No centro, uma cama de casal de cor clara. E era lá onde ele estava. Eu soltei a respiração que nem sabia que estava prendendo e dei um passo à frente.

— Senta aí. — Ele se sentou na cabeceira da cama, e eu me sentei ao pé dela, sem olhar para ele.

— Eu preciso te falar uma coisa. — Minha voz saiu fraca e trêmula. Eu sabia que se ele dissesse alguma coisa, eu desabaria ali mesmo.

— Jéssica eu queria...

— Cala a boca. — Pedi. Ele se mexeu na cama, mas permaneceu em silêncio. — Sobre aquela noite... Como posso dizer isso...?

— Dizer o que?

— Eu posso estar grávida. — Soltei e pude ouvir sua cabeça bater na cabeceira de madeira e ele resmungar um “aí”.

— Mas... O quê? Isso...

Eu me virei para ele, furiosa.

— Eu não estou aqui para você se desculpar pelo que fez, só vim lhe avisar. Eu fui uma tola por ter transado com você, e eu estou me odiando por isso!

— Mas na sexta-feira você não odiou! — Ele Gritou.

— Você também não! — Me levantei, com raiva. — Você não mudou nada Gabriel, ainda é o mesmo ser desprezível de sempre! Eu te odeio, e tenho pena de quem você se tornou!

Abri a porta e desci as escadas correndo. Passei diretamente por Bruno, mesmo ele me chamando. Eu corri até o fim da rua, e me sentei na guia, chorando.

— Eu fodi com a minha vida. Literalmente. — Falei em meio ao choro. Não me importei com quem estava olhando, eu só precisava chorar. Quem sabe assim eu me lavava da vergonha e raiva que estava sentindo de mim mesma.





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