Caçadores de Vampiros

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                                                      "... a fé dele não foi suficiente, a sabedoria tão pouco. Ela era linda,   imortal,  e acabou provando do amor como quem dança no redemoinho da loucura que cega  e às vezes até mata. "

Uma única história pode ser marcada em três tempos:  infância;  juventude e os últimos dias. Isso se "eles", os vampiros, não atingirem seu objetivo.

Tudo começou assim...

Era a São Paulo de 1920, duas crianças foram encontradas sozinhas e desamparadas na Serra da Cantareira na beira da estrada. Assustadas e encharcadas da cabeça aos pés, eram dois meninos gêmeos não idênticos de dez anos. 

 Um era bem sério para idade, ruivo e cheio de ferrugem nas bochechas,  ele se chamava Andras. O outro era bem menos desconfiado, tinha cabelos negros e pele bem branca e se chamava Andrea e  ambos tinham olhos azuis violeta.

O carroceiro que encontrou os meninos, vinha de Jundiaí para Capital e ia abastecer o mosteiro  São Bento de vinho, frutas e legumes. Ele se comoveu imediatamente assim que viu os meninos   e  quis saber onde estava sua família.  Foi então que eles  contaram que haviam acabado de perder a mãe, que morreu de gripe espanhola. E quanto ao pai;  ele  em uma manhã saiu para trabalhar e nunca mais voltou.

O bondoso homem com dó, acabou os trazendo  consigo.  Os alimentou, deu-lhes panos de saco para se enxugarem  e os levou  para o mosteiro, afinal lá os monges saberiam o que fazer.

E souberam.  Eles voltaram ao casebre com os meninos. E conseguiram algumas  poucas informações em  velhas anotações  da mãe, que  assinava  como Àdel Kovaks, mas não encontraram  nenhum documento.

O casebre era bastante simples, e  próximo a cama  da mãe dos meninos havia um  baú fechado por cintas de couro e um cadeado cor bronze bastante robusto e  antigo.

Um dos monges, ao ver o baú,  avisou os meninos que iria abri-lo  para ver se havia algum documento sobre parentes próximos.
Os meninos concordaram, afinal eles também queriam saber o que sua mãe guardava dentro do misterioso baú.

Ao abrir o baú,  para surpresa de todos, havia um lindo vestido de veludo feito a mão cor  verde  musgo, que parecia ser do século XV, talvez XVI.  E havia um lindo  relicário,  com uma pedra de rubi bastante grande,  guardado dentro de um saquinho de veludo azul, onde estava bordada uma  heráldica em dourado com o sobrenome da mãe.

Algo bastante suspeito, que contrastava com as condições simples em que vivia aquela família.

- De quem são essas roupas ? Perguntaram os monges aos meninos.

- Acho que da mamãe. Respondeu Andrea.

-Na verdade não sabemos! Disse Andras. E continuou – Nunca pudemos sequer chegar perto desse baú. Essa era a única coisa que deixava a mamãe  bastante nervosa.

Ao repararem na tampa do baú do lado interno, também revestido de um couro bastante macio, havia a mesma linda heráldica do saquinho de veludo que protegia a magnifica jóia, só que em desenho prensado no couro,  onde estava escrito :  "Család Kovaks".   Na palavra Kovaks,  o "O " representava a parte interna de um espelho oval  com seu centro pintado em vermelho, circulado por uma moldura com temas florais.

No fundo do baú havia um papel bastante amarelado,  e nele tinha  algo  escrito com caneta de pena, a frase estva em húngaro  e  datada de 1598.

Os monges ficaram maravilhados com o baú e tudo que havia dentro, afinal era uma relíquia dos tempos do Brasil Imperial e datado do ano da chegada dos monges Beneditinos em São Paulo.

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