Conhecendo a dor

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Enquanto sentia a brisa do mar no rosto ele se lembrou do homem que não pode ver essa manhã, seu rosto e cheiro não saia da mente do garoto que frequentemente agitava a cabeça para seguir em frente e ter como um ídolo da medicina que seria o medico que salvou sua vida. Enquanto olhava as ataduras nos pulsos se lembrava dos seus objetivos de vida antes de se apaixonar: ter uma carreira, um nome de prestigio e ser conhecido no ramo da saúde. Sim, se lembrou do sonho de seu pai enquanto era vivo, ver o seu único filho sendo um médico remunerado como era quando jovem, um legado de família.
-Não acredito que fiz tanta merda na minha vida–ele brincava com a areia a seu lado, gostava de ir à praia para pensar direito sobre suas escolhas. –Digamos que essa com certeza... –ele levantou e se direcionou ao mar. – foi a pior e a melhor época da minha vida!
O garoto de aparentemente dezenove anos brincava nas ondas do mar como se nunca tivesse tido contado com a água. Ele estava vestido e ainda com as ataduras, sua camisa polo cor de azul-marinho estava colada ao seu corpo como as mexas de cabelo pregado em sua testa. Sorria com vida em seus olhos e um coração cheio de esperança nessa altura do campeonato, era como se tivesse ganhado na loteria e voltado de uma luz de mel ao mesmo tempo. Talvez por que teve outra chance-possivelmente não terá de novo- e com toda claridade ele aprendeu o verdadeiro significado de viver.
-Já disse que estou bem–Levi brigava no telefone. Ele teve muitos problemas essa manhã, desde liberou Eren, ficou muito mal-humorado. Ele apenas assinou a listagem e repassou a um medico qualquer-não teve estômago para olhar Eren novamente- apenas desejou que o médico passasse um recado seu de que "Fosse feliz e encontrasse o significado da vida". –sim, realmente estou bem e nunca estive melhor, não precisa se preocupar. Fiz os exames há dois dias e vou pegar o resultado com Erwin hoje, tenho certeza que não é nada.
Ele desligou imediatamente e se direcionou a sala do diretor. Seu melhor amigo como sempre estava disposto a acatar seu pedido de imediato, ele não precisava de hora marcada para entrar na sala de Erwin. Quando ia abri a porta, ouviu outra voz dentro da sala, era uma conversa particular. Erwin estava conversando com sua esposa Zoe, eles pareciam sérios a respeito, Levi encostou o ouvido na porta para ouvir cautelosamente.
-Ele virá buscar os resultados a qualquer momento–Erwin parecia tenso. –não vai aceitar de jeito nenhum oque vai acontecer daqui pra frente, mas estaremos do lado dele.
-Deveríamos conversar com ele antes, para que não fique muito abalado e... Você sabe como ele é sempre querendo passar por tudo sozinho. –Zoe tinha uma voz tremula. –E se ele se isolar e não ter mais controle nenhum? Oque faríamos num caso desses.
-Internação. –Erwin disse certo. Levi se assustou. Ele não tinha ideia do que estavam falando, mas tinha certeza que tinha haver com ele, e oque viesse, ele não seria vencido facilmente–suportou muita coisa na sua vida e não seria internado por uma bobagem qualquer.
-Estou entrando Erwin. –Levi invadiu a sala assustando os dois. Ele gostou das expressões que eles fizeram quando ele entrou com tudo-tensão, preocupação e desaprovação daquele ato- e com um sorriso diabólico Levi se aproximou para perto da mesa de Erwin e pegou um cigarro da gaveta que ficava a esquerda do homem grande e formal. Ele abriu a janela e acendeu o cigarro, gostava de sentir o vapor quente que vinha da cidade, os ventos quentes que bagunçavam seus cabelos certamente arrumados e desalinhavam seu jaleco.
Após dar uma tragada profunda Levi se pronunciou diretamente a Erwin, tocando o ombro do mesmo que permanecia sentado.
-Cadê os meus exames? –Levi foi direto ao assunto.
-Estão aqui–Erwin tirou do fundo de uma gaveta no meio de sua bancada uma pasta branca com o nome do hospital e do paciente. –eu me dei ao luxo de abrir e conferir se estava tudo ok... –ele entregou e segurou o braço de Levi para olhar diretamente em seus olhos. Tão frios. –Levi, eu te avisei para cuidar da sua hepatite.
-Vai ficar tudo bem Senhor Ranzinza. –Zoe brincou com Levi que levantou uma sobrancelha em desaprovação a piada.
Levi se direcionou para perto da janela com a pasta numa mão e o cigarro na outra. Ele leu poucas palavras em testes de sangue e- por um breve momento- sentiu vontade de chorar que passou quando olhou sem acreditar para Erwin e depois para Zoe. Ele olhou novamente para o papel e depois para o cigarro, num gesto impulsivo deu uma longa e intensa tragada e jogou o cigarro pela janela. Ele deu os documentos para Erwin e ficou olhando por alguns segundo pela janela. Silêncio. Um agonizante silêncio que Erwin tinha medo do que poderia acontecer.
-Por favor... Diga alguma coisa. –Zoe pedia com carinho, mas Levi parecia não dar importância alguma ao pedido. Ele estava distante.
-O que querem que eu diga? Que eu abrace vocês e me derrame em lágrimas–Erwin nunca tinha visto ele daquele jeito, realmente, ele estava com vontade de chorar e não conseguia disfarçar. Zoe sentia um aperto no peito, mesmo sendo uma mulher forte e considerada muito responsável, não via nada oque fazer numa situação dessas. –eu tenho que admitir os meus erros? Tenho que pagar por isso, não é?
-Eu... –Erwin ia se pronunciar mais Levi lhe lançou um olhar que faria um lutador de Box ter medo de uma lagartixa. Ele ficou em silêncio.
-Sabe que–Zoe tentou continuar mais percebeu a situação e preferiu ficar calada.
-Não vou parar de beber, muito menos de fumar. –Levi virou as costas como uma criança briguenta.
-Para de birra! –Erwin se levantou e puxou Levi pelo colarinho. Em anos de amizade, o moreno nunca tinha visto tanta raiva nos olhos do amigo mais alto. –Não vou permitir que você acabasse desse jeito! Acha que é fácil te aturar?! Não. Não é nada fácil.
-Você pode tentar senhor certinho! Estou muito feliz com essas noticia, eu sabia que ela chegaria logo, então vê se me deixa morrer em paz! –Levi quase cospe na cara de Erwin de tão perto que estavam, num gesto impulsivo, o loiro bateu o punho contra o maxilar do moreno que foi jogado para trás. Nessa altura do campeonato Zoe já estava segurando Erwin para não continuar com a briga que ficaria violenta o suficiente para quebrarem cadeiras e vasos de plantas, sim, Zoe sabia que eles não parariam até que o vitorioso ficasse de pé.
-Desculpe... –Erwin se agarrou a Zoe, ela estava tão abalada quanto ele. –Não quis te machucar mais essa foi à única forma de te trazer de volta. –ele se afastou de Zoe e ajudou o amigo a se recompor, portanto Levi recusou a gentileza e se afastou o suficiente para que ninguém ficasse vendo o corte em seu lábio inferior - a aliança de Erwin foi à arma do crime para rasgar a pele de Levi com tanta facilidade- e que eles não pudessem opinar sobre seu olhar diabólico de raiva.
-Eu mereci. –Levi tocou a região que doía. –Digamos que eu vou me afastar por algum tempo e se eu piorar pode cuidar de mim o quanto quiserem. –Levi sorriu de canto. A felicidade veio à tona no rosto das duas pessoas de confiança do moreno, seria bom impedir uma catástrofe. –Vou aproveitar enquanto estou bonito, depois que ficar horrorosos vocês podem me dar um pouco de autoestima.
-Ótimo. Vou deixar preparado até o dia e será o melhor tratamento que teremos Zoe! –Erwin dizia animado para a esposa ao seu lado; feliz de saber que o amigo não morreria. –Você vai sair dessa, é tão forte quanto nos dois juntos, Levi!
-Essa anemia não tá com nada, fígado ou rim? Tudo tem jeito, não é?
Enquanto os dois se ocupavam com papeis e teclar de dedos no computador, Levi se afastou e saiu de fininho da sala que já estava bastante agitada, ele andou tranquilamente pelos corredores. Levi foi até seu armário e pegou suas coisas, tinha que começar por agora. Ele tirou o jaleco dobrando-o e beijando antes de guardar no fundo do armário, ajeitou a papelada e se arrumou para ir embora. Vestiu uma calça moletom preta, uma camisa social branca–mesmo que morresse ou não combinasse com a roupa de baixo, Levi não se permitiria que ninguém o visse sem uma camisa social- e tênis esportivos. Deixando o hospital pela porta da frente sem dizer nada, Levi colocou suas coisas no banco do passageiro e ligou o carro, estava um final de manha de muito sol e ventos de verão então Levi parou numa praia perto dali.
Após estacionar o carro, ele se direcionou para uma região bem deserta da praia, já tinha ia ali antes e sabia os lugares mais calmos em Moscou e essa praia estava entre eles. Ele andou bastante, estava pensando demais na vida, tirava fotos das suas pegadas na areia com sua câmera profissional. Ele tinha esquecido o quanto era bom em fotografia, em ver o lado bonito das coisas e como gostaria que vissem suas fotos depois que morresse e soubessem que ele era bom em quase tudo que fazia. Enquanto descansava sentado na areia, percebeu que tinha mais alguém bem perto dali, essa pessoa estava estranha na água. Levi elevou a câmera ao olho e ampliou o zoom, se tratava de um garoto e parecia não estar nadando direito.
-Ora, ora mais que curioso. –ele observou o garoto se mexendo no mar. - Seu jeito de nadar é bastante esquisito e... –ele parou um estante e se levantou imediatamente sem tirar o olho da câmera. –e parece esta se afogando!
Ele largou a câmera junto da bolsa e tirou a camisa a deixando encima de suas coisas. Correu rapidamente pelo longo caminho, cansado, retirou as forças de onde sabia que tinha e chegou rapidamente até onde a suposta "pessoa" estaria se afogando, quando correu para o mar viu o garoto boiando nas ondas. Levi nadou desesperado até agarrar o garoto e o carregou até a praia, quando parou para ver quem era, ficou sem acreditar, sem ação ou raciocínio lógico. Eren Jaeger, afogado. O garoto que salvou dias atrás estava na sua vida novamente de forma inusitada.
-Vamos reage! –ele posicionava as mãos com o peso do corpo contra o peito de Eren que não estava reagia. –Reage, por favor! –ele fechou o nariz de Eren e fez respiração boca-a-boca varias vezes. –Acorda porra!
Eren despertou cuspindo muita água. Ele estava tonto e podia sentir o calor do sol em sua pele, os braços musculosos de alguém ao seu redor, a areia em sua roupa e os pingos de água que caiam em sua pele. Eren não conseguia entender como se afogou mais sentia uma leve câimbra em sua perna direita, ele estava assustado e confuso, teria de morrer justo quando queria viver sua vida. Assim que recuperou o foco reconheceu a pessoa que estava lhe dando sombra daquele sol de verão, ninguém menos que o homem que salvou sua vida há alguns dias e estava ali sem camisa e todo preocupado com seu bem estar. Eren se lembrou dos filmes antigos que via com seu melhor amigo, onde o galã salva a donzela da morte várias vezes, então, desde dali, sua visão geral mudou.
-Doutor... Levi? –sussurrou confuso e se sentou, apoiando-se no ombro do mais velho.
-Graças a deus... Ainda bem que eu cheguei a tempo. –Levi se sentou ao lado de Eren e ficou olhando o mar, sem ter contato visual com o mais jovem. –Você tem uma sorte, hein? E ainda insiste de cruzar o meu caminho, por acaso você é demente? Não ouviu o meu recado? Falei pra você tentar viver e não se matar de novo!
-E estou só que isso realmente foi um acidente. Não sei bem... Acho que fiquei com câimbra quando estava nadando e acabei me afogando. –Eren estava pensativo. Mil coisas passavam em sua cabeça de "quanto tempo estive inconsciente" ou "ele fez respiração boca-a-boca". Esse último pensamento rodeou a mente de Eren que fez ter uma queimação interna, teria sido beijado por esse homem.
-É melhor eu parar de ficar te salvando garoto, me sinto o próprio James Bond. –Levi bocejou e continuou. –Como é possível isso? Onde quer que eu vá, você esta arrumando problemas. –ele bagunçou o cabelo de Eren como um pai tira sarro do filho.
-Como me salvou? –ele estava sorrindo, Levi ainda não tinha visto o sorriso dele. Aquela boca... Lembrou-se do que teve que fazer a alguns minutos atrás, fez sem pensar e sem culpa alguma.
-Fiz respiração boca-a-boca. –falou descontraído e sem dar muita importância.
-O que?! –Eren se levantou e ficou analisando a própria boca. –E você diz assim? Desse jeito frio e sem muita importância?! Há! Que coisa estranha! Fui beijado por um homem!
Levi começou a gargalha. Ele estava se divertindo com a palhaçada de Eren que tinha até se esquecido porque estava naquela praia, no final das contas, o garoto era legal.
-Por que está aqui? –Levi perguntou curioso.
-Vim à praia, ora oque. Achou que ia me jogar de um penhasco de uma vez por todas? –Eren apontou para o próprio peito e se encheu de orgulho. –Esse futuro médico renomado não!
Como ele havia mudado. Rapidamente.
-Como você é exibido, nem parece aquele chorão de dois dias atrás. –sarcástico, atirou uma flecha em Eren.
-E você? O que faz aqui? –Eren também estava curioso. Seria ironia demais do destino que eles se encontrassem num lugar e em uma situação dessas.
-Entrei de férias hoje–mentiu. –e comecei a curti desde agora, só que você atrapalhou meu dia de sol.
-Não seja por isso! Vamos curtir esse dia juntos, afinal, você me salvou duas vezes! –Eren se levantou e estendeu a mão a Levi que a puxou, ficando de pé, ele bateu na costa de Eren num gesto amigável.
-Vamos ver se você está realmente saldável. –diabólico, olhou Eren com rivalidade.
-Ok! –respondeu a altura, olhando desafiador.
-Corrida até onde estão as minhas coisas–Levi apontou onde estava a bolsa e a camisa na areia. –e o perdedor paga o almoço!
Ele saiu correndo e Eren o seguiu ganhando velocidade. Enquanto corria pode sentir uma forte adrenalina e força de vontade que sentia em competições, quando Eren passou Levi, ele notou a diferença de velocidade entre eles. Sem desistir Levi se dedicou a ir mais rápido alcançando Eren e ficando para trás novamente.
-E isso aí, tiozão! –Eren se gabou correndo, estavam quase chegando.
Levi sentiu uma onda de ódio misturado com ganancia crescendo dentro dele com a mesma velocidade que suas pernas, ele ultrapassou Eren e quando estava quase ganhando sentiu uma pontada muito forte no peito que caiu de imediato no chão, de cara na areia arrancando risadas sem parar de Eren. Ele estava com seu ego de médico sério pisoteado por um garoto de dezenove anos.
-Eu venci! –Eren comemorava pulando de alegria. –Yes, almoço de graça. Ainda bem que você caiu por que não tenho nenhum dinheiro. –ele olhava Levi ainda caído no chão. Ele estava com a cara enterrada na areia e os braços e pernas estirados. Ele murmurou alguma coisa que Eren não conseguiu entender, então se abaixou para conferir se estava tudo bem. –Hey Levi, você está bem?
Num ataque rápido Levi agarra Eren e o joga no chão, enchendo de areia a cara do menor que apenas tentava se proteger. Levi chutava Eren que revidava com socos em sua barriga.
-Aí... –Eren gemeu quando Levi sem quiser bateu seus pontos no pulso. Se levantando e ajudando Eren a se reerguer Levi percebe que bateu o garoto e que estava doendo.
-Desculpe. –ele pegou o pulso de Eren. –Deixe-me ver isso aqui. –ele pegou o pulso de Eren e verificou profissionalmente. –Está tudo ok, só vai dar bicho depois.
-Credo! –Eren riu e bateu no ombro de Levi.
-Vamos almoça. –Levi recolheu seus pertences e voltaram para a parte movimentada da praia. Chegando num quiosque bastante chique com temas havaianos Levi se responsabilizou de escolher um lugar pouco movimentado e reservado, diretamente para o mar e pediu um cardápio sofisticado com uma bebida cara. Havia muitas plantas e flores ao redor da mesa, assim que se sentou Eren ficou maravilhado com o lugar em que estava, dava a impressão de estar no paraíso no meio da multidão.
-É muito caro. –Eren olhou serio para Levi que estava entretido com as ondas do mar.
-O que? –voltou à realidade dando a atenção a Eren. Estando numa mesa para dois, ele teve a impressão de que em outros tempos seria uma companheira de trabalho ou algo do gênero e não um garoto que conheceu há poucos dias.
-Esse lugar é muito caro, não posso pagar tudo isso–incomodado Eren encostou a costa na cadeira. –além do mais, estou falido no momento.
Levi riu. Aquele garoto era engraçado e sincero, seus olhos lembravam aos troncos das árvores das florestas que gostava de explorar quando era mais jovem, sua boca era macia e sua pele lembrava muito dos algodões que colherá no sul do país quando estava nas férias do ano passado.
-Se eu posso pagar, por qual motivo não deveria te dar boa comida depois do que aconteceu.
Quando o garçom chegou com os pratos Eren ficou maravilhado, ele amava frutos do mar e o garçom parece que adivinhou sua iguaria favorita. Lagosta. Eren mal comia lagosta mais das poucas vezes que comeu declarou que ela seria sua iguaria favorita.
-Que incrível... –ele olhava o prato admirado. –eu amo isso. –elevou o garfo até a boca e fez uma careta de satisfação, hesitação e êxtase. O rosto de Eren enquanto comia fez Levi querer parar de comer e sair dali, digamos que o mais velho sentiu uma sensação estranha no seu amigo de baixo e seus sentidos ficarão confusos.
-Me diga o que estava pensando quando escreveu aquela carta para mim? –Levi tomou um gole do vinho tinto e elevou um pedaço de salmão com molho a boca. Quando fez essa pergunta Eren quase engasgou com o camarão e ficou agitado quase querendo pular para fora da cadeira.
-É... Digamos que... Bem e-eu estava sozinho e saberia que nunca mais iria te ver de novo então, estamos aqui e isso é confuso por que... Ah eu não sei bem o que dizer! -ele bebeu quase todo o copo de suco de laranja que tinha pedido Eren não gostava de bebida alcoólica, bem pelo contrário de Levi que morreria de tristeza se não bebesse um bom uísque.
-Não precisa ficar nervoso. Digamos que eu entendi perfeitamente sua carta e o resultado da minha analise deu que você é um maníaco. –Levi sorriu de canto com o palpite.
-sim. De fato, naqueles dias eu estava bem sensível.
Eles ficaram o resto do almoço em silêncio. Não estava um clima pesado ou estranho, estavam em harmonia e às vezes trocavam olhares, Levi por outro lado, emburrou a cara e olhava a maioria das vezes para o mar, evitando o contato visual com Eren. Após terminarem e Levi pagar a conta, saíram da praia em direção ao estacionamento onde estava o carro de Levi.
-E a minha deixa, tchau Levi! –Eren acenou e tentou sair de fininho.
-Espera! –Levi puxou seu braço por impulso e Eren olhou-o assustado. –Deixa eu te levar em casa.
-Não. Que isso, depois de tudo que você já fez por mim, obrigado por tudo mais não. –Eren completamente desengonçado se soltou de Levi e virou as costas novamente.
-Eu ínsito! Você disse que não tinha dinheiro, por favor, deixe-me fazer essa gentileza pela ultima vez. –falou serio, quase como se fosse uma ordem. Relaxando os ombros Eren se deu por vencido
-Ok. Você venceu. –ele entrou no carro e Levi seguiu viagem. Eren deu seu número e guio-o pelo bairro onde morava. Não era um lugar que Levi gostaria de estar -um pouco decadente e de baixa renda- mais era suportável aos olhos de Levi. Ele parou o carro na frente do prédio de Eren e destravou a porta.
-Obrigada por tudo senhor. –Eren olhava agradecido ao homem mais velho que não queria que ele saísse de dentro do carro.
-Eu que agradeço pelo ótimo dia que você me proporcionou. –ele estendeu um aperto de mão que Eren aceitou calorosamente. –Nos vemos por aí.
-Até logo. –Eren abraço Levi num gesto rápido que o assustou mais aceitou logo depois. Eren saiu rapidamente do carro e fugiu correndo para dentro do prédio, depois de sumir da vista do mais velho, Levi arrancou daquele lugar descaído.
Quando chegou a casa e tomou um banho se direcionou para o andar de baixo e adentrou o porão. Era frio e melancólico. Levi gostava muito de passar o tempo no porão, fazia coisas que não se orgulharia se alguém descobrisse.
-Sozinho novamente–ele se sentou numa poltrona em frente a um espelho que ficava na parede. –hora da terapia intensiva, senti sua falta nesses últimos dias. –ele pegou de dentro de uma maleta uma espécie de madeira -que se parecia muito com um cilindro- envernizada e bastante lisa, praticamente um cabo. –Boa noite senhor, gostaria de uma xicara de café? Sim, senhor, gostaria muito de uma xicara de café.
Levi começou a machucar sua perna esquerda com o espécime de tortura. Ele não tinha nenhuma expressão de dor, apenas ficava rindo da própria sensação. Segurou sua agulha de ponto que sempre carregava num pequeno quite de primeiros socorros e começou a perfurar sua pele da coxa, ele estava assombrado e lagrimando, seu rosto começou a mudar de "sem expressão" para desespero.
Ele terminou a sessão de fetiches estranhos e voltou para o quarto. Tomou outro banho só que dessa vez ficou na banheira por bastante tempo até seu corpo dizer que era hora de sair se não ficaria com câimbra. Vestiu-se com seu pijama habitual de seda da cor cinza em detalhes dourados da sua sigla L no peito direito, ele sempre gostou de cinza e dourado também estava nas opções de cores favoritas.
-Boa noite... Eren.
-Boa noite senhor Levi. –Eren disse antes de cair no sono na sua rede da varanda.                                                                                                                                                                                                                                                                                          

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