Hurt

Meu conhecido

Eren olhou ao redor. O interesse que sentia por Gabriel só aumentava agora que conhecia o lugar onde ele vivia. Era uma mixórdia de cores que deveriam ter entrado em conflito, mas por mais incrível que pudesse parecer, isso não acontecera. Uma mistura de verdes arrojados, azuis vividos e alguns tons ocasionais de escarlate. Boêmio. Talvez extravagante fosse uma descrição mais precisa. Quaisquer desses objetivos se ajustavam não apenas ao ambiente, como também o homem que lá vivia. E, na mesma proporção, se ajustava seu estilo de vida bem diferente ao seu gosto pessoal.

Havia grossas almofadas listradas jogadas sobre um sofá sem braços. Um enorme vaso, num tom de azul profundo com enormes papoulas selvagens salpicadas sobre a superfície, que abrigava uma bela samambaia. E um tapete que era um ziguezague de cores sobre o piso de madeira.  

Não era uma sala feita para contemplações tranquilas e noites de preguiça, mas para ação, energia e exigência.

-Quer que eu lhe sirva um drinque? -ele perguntou atrás do balcão de madeira maciça.

-Café, por favor. -Eren respondeu se jogando no sofá. Não conhecia aquele lugar mais já se sentia íntimo o suficiente.

Ele preparou uma ampola de café expresso na cafeteira e encheu um copo de whisky de fabricação do ano de 1990, com os cubos de gelo girando na superfície da bebida ele se sentou ao lado de Eren.

-Esperou que eu morasse num lugar chique e sem graça?

-Exatamente. -sorriu de canto.

-É exatamente assim que seria minha vida se eu não tomasse conta dela. -ele se levantou e pegou uma xícara no armário com um pires, ele serviu Eren que gemeu de felicidade quando o café tocou os lábios.

-Obrigada. -ele agradeceu com um sorriso que Gabriel adorava admirar.

-Por quê está aqui? -perguntou direto.

-Não queria voltar para casa hoje. Ele me dá ânsia de vômito. -sussurrou deixando a xícara encima da mesa de centro.

-Você pode dormi na minha cama e eu posso ficar aqui na sala. -ele disse se levantando.

-Mais Gabriel... -Eren ia protestar mais foi interrompido pelo indicador de Gabriel em seus lábios.

-Mais nada. Eu faço às regras aqui. -ele se afastou e andou para dentro dos cômodos.  

Eren ficou ali. Parado olhando o corredor escuro daquele apartamento um tanto engraçado, curioso em saber como seria sua vida se ele tivesse conhecido Gabriel assim que recebeu alta, em somo ele o faria feliz de verdade. Veio a sua cabeça a ideia de Levi ter apenas aturado Eren por um fetiche sexual.

Não. Eren balançou a cabeça com esse pensamento sobre Levi. Ele poderia ser o cretino, sadista e egocêntrico, mas ele era gentil e fez por Eren oque jamais ninguém faria. Aguentou suas crises existências e pequenos ataques de pânico, Levi poderia ter sua armadura malvada mais no fundo era simpático, carinhoso, cuidador e amoroso.

Sem perceber deu um sorriso doce lembrando de suas memórias felizes com o homem mais velho.

-Pensando nele. -Gabriel o tirou do transe. Ele estava com um travesseiro e cobertores nas mãos.

-É. Não final, ele não era tão mal. -Eren se levantou.

-Sei disso. -Gabriel se sentiu ferido. Jurou que Eren tinha esquecido Levi de vês. Se ele soubesse o sacrifício que Levi fez por ele, voltaria correndo para seus braços e esqueceria tudo que aconteceu. Não. Gabriel não permitiria isso, jamais Eren saberia da verdade. Não por ele.

-É melhor eu ficar no sofá.

-Não. Negativo. Você segue esse corredor direto que dá pro meu quarto, cobrasse bem, a noite aqui é muito congelante. -ele se deitou no sofá e começou a mexer no celular.