Conhecendo a agonia

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-Pronto! Agora o seu jardim está lindo Lisa! –Eren enxugava o suor em seu rosto.
-Você fez um ótimo trabalho aqui Eren, acho que vou te dar uma renda maior essa semana. –a senhora sentada na cadeira de balanço sorria olhado Eren descansando no degrau de sua escada, ele bebeu um pouco de água e voltou a sua atenção a senhora que estava costurando alguma coisa que Eren não conseguia decifrar o que era com aquela linha de crochê.
-Semana que vem não poderei vir dona Lisa, tenho alguns compromissos. –Eren se desculpou virando o olhar. Ele já tinha o dinheiro que precisava para se manter durante a semana e estava esperando a resposta do seu currículo que tinha colocado numa casa noturna, Eren passava a tarde limpando jardins e consertando telhados, tinha que focar nos estudos pela manha e ganhar dinheiro à tarde.
-Entendo. Vou te pagar a fatura dessa e da próxima semana. –ela sorria gentilmente.
-Não! De jeito nenhum–Eren se exaltou e assegurou a senhora para não pegar a bolsa de dinheiro. –a senhora não deve me pagar por um trabalho que eu não fiz.
-Que isso meu jovem, vou te dar um pouco mais para gastar com a sua namorada nesse final de semana, vamos aceite Eren. –ela deu o dinheiro e Eren pegou envergonhado. Seu ergo era grande mais bem menor que sua vontade de ter uma renda extra para se sustentar.
-Muito obrigada. –ele a abraçou.
Não muito longe dali havia um homem de um metro e sessenta limpando seu quintal, ele guiava um cortado de grama e ouvia musica alta num mp3. Usava uma bermuda de estampa militar, sandálias e sem camisa. Era um início de tarde ensolarado e a maioria das pessoas estavam nas ruas ou fazendo churrascos. Levi parou a maquina e observou seu quintal, estava nos conformes e certamente limpo, ele adentrou a casa pela entrada da piscina e foi em direção a seu bar. Preparou uma caipirinha bem forte e voltou para a área exterior.
-Hoje parece até domingo. –ele se sentou em uma cadeira debaixo de um guarda-sol e tomou um longo gole de sua caipirinha. Especializou-se em caipirinha ao longo dos anos e aprendeu uma técnica que nunca contou a ninguém desde foi ao Brasil provar bebidas exóticas.
-Como assim vou ser despejado?! –Eren protestava e quase pulou no proprietário do prédio.
-Você ficou muito tem sem me pagar o aluguel, não foram dois meses ou três, um ano garoto, um ano e o banco já veio aqui três vezes cobrar a hipoteca! Te dou doze horas para esvaziar o local se não vou chamar a policia seu vagabundo! –o homem de um metro de setenta e cinco praticamente ameaçou Eren.
-Olha eu já consegui uma parte, vai me deixa ficar, você sabe por que não paguei em dia. Eu prometo que não vou mais atrasar nada. –Eren buscava uma forma de convence o proprietário mais foi em vão.
-Não estou em aí com os seus problemas e já estou querendo me livrar de você faz um tempão, sua aberração, não quero olhar na sua daqui a doze horas se não você vai visitar sua mamãe lá no céu.
Nesse momento Eren sentiu um peso no corpo. Seu mundo estava desmoronando de novo mais só que dessa vez ele não deixaria tudo acabar como aconteceu antes. Dessa vez ele daria um jeito. Ele voltou para o seu apartamento e começou a arrumar as coisas. Não eram muitos moveis, apenas tinha muitos livros e roupas que não sabia onde guardar.
A quem recorrer numa hora dessas?
Pensou no melhor amigo mais Armin havia viajado na semana passada e estava muito feliz na Itália fazendo seu intercambio, não queria atrapalhar o melhor amigo que sempre esteve ao seu lado desde sempre. Tirando ele não havia mais ninguém que o ajudaria.
-A não ser que você esteja disposto a me ajudar... –ele olhou para o celular encima da cômoda, uma ligação seria o suficiente para resolver esse problema? Talvez fosse um abuso pedir uma coisa dessas mais Eren estava desesperado. Procurou o nome na agenda e clicou encima do contato novo: Sr. Levi Arckerman.
Chamando...
-Sim? –a voz do outro lado da linha era autoritária e direta.
-Oi senhor Levi, lembra-se de mim? Sou eu, Eren. –disse sem jeito enquanto colocava algumas roupas em uma mala grande.
-Ah. Eren, como você esta? –o homem parecia interessado do outro lado.
-N-Não muito bem... Digamos que eu tenho um grande problema... –Eren andou até o banheiro para pegar seus produtos de higiene.
-Ok. Pode me falar nós nos tornamos amigos, não foi? –Levi parecia compreender do outro lado.
-Eu estou sendo despejado, tenho doze horas para deixar meu apartamento. –Eren se envergonhou em dizer que estava sem teto.
-Nossa... Que complexo essa situação, você quer ficar na minha casa até conseguir um lugar para morar? –ele perguntou como alguém pergunta um resultado de jogo de futebol. Eren soltou o vidro de shampoo que caiu no próprio pé. Ele estava quase pulando pelo telefone para agradecer o homem que mal conhecia.
-Sério?! Tem certeza? Não vou incomodar? Não acredito que está dizendo isso. –Eren correu com as coisas do banheiro nas mãos e o celular apoiado no ombro. –Aí como dói... Eu vou alugar um deposito para guarda meus moveis e coisas de valor, posso dormir aí hoje?
-Claro. Estarei te esperando. –com um mistério no ar o homem do outro lado desligou deixando um Eren confuso e agitado.
Eren depois de arrumar as malas e deixar o apartamento, mostrou o dedo do meio para o proprietário e saiu de imediato para alugar um deposito. Depois de quase implorar e ameaçar um dono de deposito que conhecia para abaixar o preço e obrigá-lo a aceitar e buscar seus pertences sem pagar frete, Eren pegou um táxi e deu o endereço de Levi ao taxista. Quatro e meia da tarde ele chegou em frente a propriedade de Levi, se surpreendeu com a grandeza do lugar, uma casa moderna, bonita e com porte fino. Quando tocou a campainha pensou mais de três vezes na ideia de ir embora dali e dormi num banheiro de metro mais tinha que presar pela sua dignidade, se alguém da universidade soubesse, estaria arruinado. Ele tocaria a campainha e nunca pensou que estivesse tão nervoso com um botãozinho ao lado da porta, e piro ainda, quem abriu estava tão diferente desde á ultima vez que viu.
-Bem vindo Eren, minha casa é sua casa. Entre. –ele comprimento Eren e concedeu passagem. Não era o mesmo homem que Eren conhecia: esse parecia um estranho mais logo iria mudar.
-Muito obrigado mesmo por me deixar ficar senhor Levi. –o garoto agradecia enquanto adentrava a sala. Era elegante e bem arrumada, tinha cheiro de lavanda e um conceito aberto com a sala de jantar seguida por uma grande escadaria que levava ate o segundo piso da casa.
-Por aqui. –ele guiou Eren até a escada de madeira polida com vidraças que iam até o corrimão dourado.
-Senhor não precisa me deixar no andar de cima, não precisa me dar tanto luxo desse jeito – Eren desceu alguns degraus e deixou as malas no chão. –eu posso dormi no sofá ou me instalar no porão.
Assim que terminou a ultima palavra foi como um tiro no meio do peito de Levi que imediatamente desceu os degraus e assumiu uma postura assustadora.
-Não pode! –ele disse encarando Eren a centímetros de distância e depois se afastou. –Quer disse... Não poderia deixar que você dormisse no sofá e bagunce minha sala, digamos que eu já arrumei o quarto de hospedes pra você. Vamos Eren eu não tenho o dia todo pra te mostra a casa.
-Está bem. –Sem protestar voltou a seguir Levi pela escada, no meio do caminho para o segundo andar, Eren estava todo atrapalhado com as três malas que tinha trago e sem pedir ou medir esforços Levi pegou duas delas e voltou a seu caminho. Foi um gesto generoso mais forçado que fez Eren rir com o cavalheirismo do mais velho.
Era um corredor grande que detinha no fundo um espaço de lazer com poltronas e uma varanda. Eren ouviu atento quais eram os lugares das varias portas que tinham naquele corredor, era uma casa tão grande que ele poderia se perder naquele lugar se não soubesse. Levi guiou o garoto até uma das portas que ele abriu com uma chave e fez caminho para o jovem passar. Era um quarto parecido com o tamanho da casa que Eren morava e os moveis estava nos locais perfeitos para torná-lo em conceito aberto, uma cama de casal perto da parede acompanhada por uma cômoda com abajur, closet, penteadeira com espelho, uma mesa de escritório perto da janela grande o suficiente para muita luz e um tapete fofinho no centro do quarto. As cores branco marfim das paredes se harmonizaram com as cortinas verdes escuras das janelas e do conjunto de cama.
-Uau! Esse quarto e quase maior que a minha casa ou ex-casa. –Eren se deslumbrava enquanto arrancava sorrisos de Levi que colocava as malas encostadas na parede.
-Que bom que gostou. –ele olhava gentil.
-Gostei? Eu amei! Esse quarto é perfeito. Tem certeza que é de hóspede? –Eren pegou as malas e colocou perto do closet, já estava animado com a ideia de ter um pouco de conforto nesse decorrer do tempo.
-Não é não, me desculpe por não ter um banheiro mais só a minha suíte que tem. Tive que comprar essa mesa para você estudar e tirar a poeira dos moveis, digamos que trocar as roupas de cama e afofar os travesseiros e complexo. –ele encostou-se à porta e descansou os ombros, parecia incomodado. Eren parou de abrir as malas e olhou a sua volta para refletir. Ele comprou uma mesa de escritório para mm estudar?
-Não precisava de tudo isso. –Eren andou até a cama e se sentou. Sentia-se prestigiado por alguém que mal conhecia e não sabia como recompensar o mais velho. –Muito obrigada mesmo, não sei como agradecer.
-Apenas não me aborreça. –Levi disse com humor. – Meu quarto fica aqui ao lado, descanse um pouco e aproveite à tarde para dormir, se quiser tomar um banho o banheiro é a última porta do corredor. –ele se aproximou e tirou uma chave do bolso e colocou encima da cômoda ao lado da cama. –Caso queira privacidade aqui esta a sua chave, não a perca, te chamo na hora do jantar para discutimos as regras.
Ele saiu do quarto e encostou a porta deixando um Eren confuso sentado na cama. Ele pegou a chave e amarrou num fio que tinha no bolso, formando um cordão e deixando pendurada no pescoço.
-Regras?
Levi estava claustrofóbico preparando o jantar. Ele cortava os legumes na maior velocidade que tinha e parecia mais um robô na cozinha. Concentrado; irrelevante; hipnotizado; estava tendo uma crise. Trancou o porão e o solto, não queria que uma criança curiosa visse oque não deveria. Ele trataria Eren como um filho e daria todo o conforto possível pelo tempo que precisaria, aquele garoto significava mais para ele do que ele sabia e tentaria o máximo do tempo não ser um maldito cretino que era. Ele causaria uma boa impressão logo de primeira e conquistaria o respeito de Eren.
Para o jantar havia preparado como prato principal a iguaria favorita de Eren; a lagosta. Lagosta ao molho branco com espaguete, salada crua e camarão gratinado. Preparou um suco de abacaxi com a hortelã que tirou da própria horta, não admitia mais adorava cozinhar e usar os próprios temperos. Quando terminou de preparar o jantar e limpar a cozinha foi tomar um banho para depois acordar Eren que provavelmente estaria dormindo, vestiu-se com uma calça moletom preta e uma camisa social azul pérola e pantufas. Nunca gostava de se sentir incomodado na hora do jantar, não lhe faltaria formalidades mais eu bem-estar sempre vinha em primeiro lugar. Saiu do quarto e entrou no de Eren que não estava trancado.
Ele sabia que eu viria.
A primeira cena ilustre que viu do garoto era o edredom jogado no chão e a perna direita do lado de fora da cama. Eren estava com a cara enterrada no travesseiro, uma típica cena do fracasso e cansaço misturado. Quando se aproximou percebeu a chave do quarto enrolado no pescoço do jovem como uma criança guarda um amuleto. Ele também notou que Eren havia tomado banho pela toalha molhada na cadeira e as roupas que ele usava jogadas atrás do espelho, ele usava uma camisa barata rosa e uma bermuda marrom que definia bastante sua cintura e coxas, - digamos que as deixou bastante a mostra- ele cheirava a camomila e parecia em um sono profundo.
-Ei acorda. –Levi cutucou o rosto de Eren com o indicador. Nada. –Levanta Eren. –ele chamou o garoto balançando seu corpo com o que só fez Eren virar para o outro lado e agarrar o outro travesseiro. –Santa paciência... Acorda Eren!
Ele se levantou e chutou as costas de com brutalidade que fez Eren despertar e cair para o outro lado da cama, assustado e levantando de imediato pegou o sapato que estava no chão e ameaçou alguém que não existia.
-O que foi?! O que tá acontecendo aqui?! –ele soltou o sapato quando viu Levi em pé do outro lado da cama. –Quer me matar? Não sabe bater não? –ele sossegou e sentou na cama.
-A porta estava aberta e eu vim te acordar para o jantar, seu animal. –Levi consertou a postura e cruzou os braços. –Acho que é você que me matar me explique essas roupas no chão e aquela toalha molhada na cadeira? Sabia que essa umidade vai estragar a madeira?
-Ué, não achei onde por a toalha e nem onde colocar a roupa suja. –Eren deu de ombros se levantando. Seus olhos entregavam o cinismo e a mentira era clara em sua voz.
-Tem um cesto no banheiro, bem ao lado do Box, como você não viu que era para colocar a roupa ali? Sabia que aquele corrimão de toalha em frete ao espelho é para colocar toalha? –Levi soltava fogo pelas ventas.
-Aquela bagaça tem formato de dragão, como eu vou cobrir aquele dragão dourado super irado por uma toalha dessas? E também, eu não vi o cesto caso queira saber. –Eren cruzou os braços amuados.
-Dessa vez eu deixo passar. Quando estiver pronto desça para jantar, temos muito oque conversar enquanto estiver aqui. –Levi pegou as roupas que estavam no chão e a toalha molhada, por alguns segundos analisou o quarto procurando alguma coisa errada e depois se retirou batendo a porta.
Eren se levantou e saiu logo atrás de Levi, ele viu o homem dobrar as roupas sujas e colocar no cesto e parti a tolha em dois e posiciona-la no corrimão. Eren observava cautelosamente o homem em cada detalhe que, quando ele se virou e viu que Eren estava o observando, cuidou de sair do banheiro batendo a porta atrás de si e descer as escadas rapidamente, sendo seguido pelo menor que mais parecia uma sombra.
Levi passou direto pela sala de jantar e pegou a comida no forno e os acompanhamentos encima do fogão. Eren se se sentou à mesa que estavam dois lugares montados; pratos, talheres, guardanapos, taças e alguns papéis perto do lugar de Levi na mesa que ele não quis mexer. Levi apareceu com uma travessa encima de uma tabua de madeira refinada, ele colocou no centro do lugar entre eles dois, não demorou muito para Eren esticar o pescoço para sentir o cheiro e observar a iguaria no meio do molho branco cheio de especiarias. Ele reconheceu uma única pata de lagosta enfeitada no meio da travessa. Estava com água na boca só de olhar. Levi apareceu com uma vasilha de salada e na outra mão uma vasilha maior com macarrão e camarão.
-Deixe-me ajudá-lo. –Eren se levantou arrastando a cadeira atrás de si mais foi atingido pelo olhar dominante de Levi quando colocou as vasilhas na mesa.
-Você já se lavou? –Levi perguntou enquanto ia e voltava da cozinha com as colheres maiores, jarra de suco e um compartimento com cubos de gelo.
-Me lavar? –Eren ficou parado entre a mesa e a cadeira.
-Sim. Perguntei se você já lavou ás mãos. –Levi se sentou e começou a servir uma porção média no prato de Eren.
-Não. –Eren coçou a cabeça em sinal de nervosismo.
Levi parou o caminho do macarrão com camarão entre seu prato e olhou severamente para Eren. Desaprovação falta de educação, nojo e irá vieram à tona em apenas um traço com a sobrancelha.
-Por favor, vá se lavar e venha comer. –disse educadamente.
-Sim senhor. –Eren saiu em disparada para o lavável que ficava entre a sala de estar e a sala de jantar. Usou meia garrafa de sabão e enxaguaram as mãos o mais rápido que pode, estava com muita fome, não tinha tido nenhuma refeição decente o dia todo.
Voltou para a mesa e agarrou o guardanapo colocando na gola da camisa, seguidamente atacando o prato e servindo uma grande porção de suco. Levi observava cautelosamente a fera perto de si e comia silenciosamente, ele analisava e julgava mentalmente.
Um verdadeiro primata.
-Olha isso aqui tá demais – falava de boca cheia. –realmente está incrível.
-Obrigada. Sabia que iria gostar. –Levi bebia um grande gole do suco, que estava bem mais forte que o normal. Nem sabia Eren que Levi misturava álcool em quase tudo que bebia, enquanto foi ao banheiro ele aproveitou para derramar um pouco em seu copo, não queria que ele o visse mostrando ser um alcoólatra de primeira mão.
-Já pode casar. –Eren voltou ao normal depois da onda de fome que foi satisfeita. Ele se serviu outra porção e terminou toda a lagosta da travessa, o macarrão sumiu junto com o molho branco que tinha tirado.
-Não é necessário. –Levi pesou sua energia. Não gostava de falar de casamento.
-Ah, qual é Levi, vai me dizer que não tem mulher correndo atrás de você que nem cachorro no sio? –Eren ria com as conclusões que tinha tirado daquele jantar deixando o homem com uma cara de confuso e sem entender a situação, Eren concertou a postura e limpou a boca com o guardanapo. –Veja ao seu redor. Você tem uma casa magnifica, tem um bom emprego, cozinha igual a um chefe profissional, tem gostos refinados e é bonitão. Que tipo de mulher não mataria pra estar ao seu lado?
-Dê que adianta tudo isso se continuou sozinho. –ele falou frio enquanto esvaziava meia taça.
-Bem. Agora tem a mim. –Eren terminou o suco e procurou na jarra que já tinha acabado também. Ele tomou quase tudo sozinho.
-Pelo menos não sou feio que nem você que foi trocado por um cara melhor. –Levi riu com o próprio comentário. Malicioso, perverso e cruel.
-Seu cretino! –Eren se sentiu ofendido pelo comentário de Levi e seu olhar atingiu a meia taça de suco que estava em sua mão. –Como punição vou tomar seu suco todinho!
-Não faça isso!
Ele atacou a mão de Levi, fazendo o mais velho surta para trás mais Eren venceu a batalha tomando de sua mão e engolindo todo o liquido que estava na taça só de uma vez. O garoto fez uma cara de nojo e depois cuspiu o que restou em sua boca sujando todo o chão, olhou para Levi que deu de ombros e começou a rir da reação do mais novo.
-Que bosta tem aqui?
-Vodca.
-Estava bebendo isso o jantar inteiro? –perguntou sem acreditar.
-Sim e eu te avisei para não beber. –ele riu e se sentou de volta na cadeira. Pegou os papeis e folheou em ordem alfabética. Eren se sentou em seguida ficando em silencio, esperando o que seria importante. –Esse é o seu guia de sobrevivência.
Ele entregou o bloco com as folhas para Eren que começou a ler fazendo reações de desaprovação – deixando um Levi curioso e ansioso pelos comentários ao mais novo -.
-Por que diabos não posso fazer barulho entre duas e às três da tarde? –perguntou confuso.
-Minha soneca, faça silêncio absoluto. –Levi cruzou os braços.
-Hum... –ele leu novamente. –Por que o porão e o solto são proibidos?
-Se diz que são proibidos é óbvio que não vou te falar o porquê.
-Vou ter que aparar sua grama todo sábado enquanto estiver aqui? É como um trabalho para pagar minha divida?
-Não. Vai fazer por que eu quero mesmo, pelo o que vi e analisando a situação atual nem se você trabalhasse pelo resto da vida iria pagar o que me deve, começando pelo jantar de hoje e a hospedagem luxuosa que eu te dou. –Levi contava convencido.
-Puxa vida... –Eren abaixou os ombros em sinal de derrota.
-Siga as regras e vai se dar bem comigo. –Levi riu e se levantou, começou a arrumar os pratos para levá-los a cozinha.
-Deixa eu te ajudar pelo menos a lavar a louça. –Eren disse desajeitado pegando o prato que comeu.
-Por hora estude as regras e mude seu jeito de agir, não deixarei que toque na minha louça antes do seu treinamento, e se quiser um conselho, aproveite enquanto pode. –ele tomou o prato da mão de Eren e andou para a cozinha.
Eren nada disse. Ele já tinha perdido a batalha de hoje e teria de aceitar sua situação atual, estudaria e se formaria naquilo que queria e trabalharia com Levi um dia. Ele saiu de onde estava e foi dar uma volta na sala de estar, ampla, cheirosa e esquisita. Ele realmente achou-a sombria e esquisita. Encostou-se à estante para observar o tamanho sentiu a dobradiça da gaveta em sua bunda, quando se virou terminou de abri aquilo que parecia ter sido mexido recentemente. Era uma gaveta pequena e os objetos estavam empoeirados, tinha uma caixa e um quadro que ele não podia reconhecer o rosto, impulsivamente retirou o quadro e limpou a poeira dos rostos que estavam gravados na foto.
-Que belo... –sussurrou enquanto observava as quatro figuras sorridentes na foto e reconhecia uma delas, o homem que estava lavando louça na cozinha estava bem mais jovem mais o rosto tinha o mesmo traço e olhos inconfundíveis. Era Levi com pessoas que pareciam especiais para ele, uma mulher ao lado dele quase da mesma altura e tinha cabelos alaranjados curtos com uma linda pressinha marcando a orelha, o grande sorriso e os olhos brilhantes acompanhados do braço de Levi ao redor da cintura dela. Um homem loiro um pouco maior que Levi tinha um cavanhaque engraçado e era abraçado por uma mulher de cabelo vermelho amarrado em maria-chiquinha baixa. Eles estavam felizes.
-Ei Eren, oque você esta fazendo? –Levi perguntou da cozinha junto com o barulho da água tirando Eren do traze. Ele jogou o quadro de volta na gaveta e fechou com tudo, estava muito curioso e se conhecia o suficiente para saber que não dormiria até descobri quem era que estava na foto que fazia Levi sorri tão bem. Ele foi ao encontro de Levi que secava algumas loucas, encostando-se à divisória da cozinha ele cruzou os braços num sinal de querer conversar.
-O que estava fazendo? –Levi perguntou guardando os talheres.
-Eu estava lá na sala e acabei encostando numa gaveta e... Sabe eu encontrei sem querer. –Eren olhava distraidamente tentando não manter contato visual com Levi, o que era inevitável. O mais velho se escorou no balcão e olhou para os azulejos da cozinha, já tinha guardado toda a louça e sempre deixava os talheres por último.
-O que você mexeu? –perguntou direto.
-E-Eu vi uma foto. –Eren ficou nervoso com a facilidade que Levi levou a ideia de ter mexido nas coisas pessoais dele.
-O que você quer saber? –Levi cruzou os braços e olhou diretamente para Eren.
-Quem são eles? –a curiosidade veio à tona.
-Amigos... Talvez parentes. –Levi tinha um olhar caloroso e distante.
-Você ainda fala com eles? Frequentam a sua casa? –um sorriso animado surgiu no rosto de Eren que sumiu quando Levi abaixou a cabeça, a aura dele havia mudado de calorosa para triste.
-Estão mortos.
-Desculpe... Eu não sabia. –Eren se sentiu com a consciência pesada.
-Você nunca saberia mesmo, já faz muito tempo, não passam de memorias bobas. –Levi agiu normalmente e passou pelo lado de Eren apagando a luz atrás de si e depois em direção a escada. Eren o seguiu.
-Mais você não ia me contar mesmo? Que cretino! –Eren reclamava enquanto subiam as escadas.
-Segunda vez na noite que você me chama de cretino. –ele parou em frente ao quarto de Eren. Como se o nobre cavaleiro deixasse sua dama na porta de casa depois de uma caminhada no bosque.
-Vai ver combina com você. –Eren abriu a porta e ficou segurando a maçaneta.
-Boa noite, durma bem. –Levi segurou o ombro de Eren. O garoto sentiu uma queimação em sua mão que o levou em direção ao ombro onde estava à mão de Levi, colocando-a em cima do mais velho. Aquela ação inusitada fez com que Levi se afastasse.
-D-Desculpe è que... O-Obrigada por tudo, b-boa noite! –ele corou e entrou no quarto correndo e bateu a porta fazendo um barulho muito alto. Levi pôde ouvir quando Eren trancou a porta. –Desculpe também por ter batido a porta com força! –gritou do outro lado.
-Está bem. –ele olhou para a mão que tocou o ombro de Eren e a costa da palma que o garoto tinha acariciado. –Cretino combina muito comigo

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