-Quando eu comecei a chorar ele se afastou, ficou pensativo olhando do lado de fora da janela como se nada tivesse acontecido e tentou se reaproximar. Fiquei com tanto medo, medo do que ele podia dizer ou fazer naquele momento... Mais ele me prometeu que não ia mais me incomodar e foi embora. –Eren tremia enquanto agarrava a própria roupa. Ele tentava se contiver mais a angustia em sua voz era nítido, o medo nos olhos e o cansaço no rosto. Sua psicóloga pegou em sua mão gentilmente, ele e a olhou com carinho e depois retribuiu o tocar de mãos da senhora.
Ela tinha uma cara seria e um olhar preocupado, já tinha ouvido toda a história do garoto e ajudou-o a passar por tudo aquilo, pra que? Seu maior troféu havia acabado de quebra novamente.
-Você quer denuncia-lo? –ela perguntou seriamente. Sua voz tinha firmeza.
-Denunciar?
-Ele te assediou e te ameaçou, sabe que isso é crime e você não pode continuar vivendo com uma pessoa dessas, um monstro desses. –ela falava segura.
-Não, não é isso. Ele não é um monstro... E a pessoa mais incrível que eu conheço e em algum ponto isso mudou drasticamente, alguma coisa voltou, uma coisa ruim que não era para ter voltado. –Eren sorriu de canto. –Estava trancada esse tempo todo e quando saiu, eu fui a sua única vítima.
-Cada vez te entendo menos, está me dizendo que vai defendendo um agressor? –ela anotou alguma coisa em seu caderninho, Erem não pode ler mais apostaria que serviria para diagnosticá-lo com mais uma “doença” psicótica.
-Descobri que o amo, não posso negar isso para mim mesmo e querendo ou não, vou me manter longe e tentar ama-lo do jeito que ele é. Se isso me ferir ou não, caso ele queira fazer alguma coisa errada comigo da próxima vez eu não irei impedi-lo, em outras palavras, vou me entregar de mão beijada.
Ele não denunciaria. Continuaria como estavam o resto da semana, sem se falar direito. A rotina seguiria como começou, Eren seguiria severamente as regras e Levi esqueceria a ideia de mandá-lo embora de casa, ele buscará Eren todo dia e não cobraria nada dele, aprontaria as refeições e não trocariam uma palavra se quer. Assim como tinha prometido, não o incomodaria mais.
-Quando voltar para casa vou ter aprontar o almoço e ainda tenho que buscar o Eren quando sair da psicóloga, esses últimos dias tem sido difíceis, nem se quer me dá bom dia. –ele tomou um gole de seu expresso enquanto fitava um casal que não parava de se beijar na mesa à frente.
-Por que você não tenta puxar assunto com ele ou sei lá, manda uma mensagem. –Erwin comia distraidamente rosquinhas carameladas com um capuchino. Ele estava com uma camisa polo preto e uma bermuda xadrez vermelha e azul, o conjunto era acompanhado por uma boina na cabeça que marcava certamente seu corte de cabelo aparado, Levi odiou o conjunto logo de cara mais não podia fazer nada se seu amigo era vestido por sua mulher. –Depois do que fez até eu não queria olhar na sua cara.
-Reconheço meu erro. –dizia sério, passará o resto da semana fazendo as vontades de Eren sem protestar mais não aguentava mais o peso na consciência.
-Sempre soube que você era gay –ele olhou sarcasticamente para Levi que não gostou muito do comentário franzindo a testa. –Você tinha que se descobri primeiro, nunca vi um homem se preocupara tanto com trabalhos de mulher, apenas alguém afeminado o suficiente faria isso.
A risada sacana despertou um ódio no rosto de Levi que fez ele bater os punhos na mesa chamando a atenção das pessoas em volta da mesa, o loiro pegou em seu ombro num sinal de desculpas e deu uma piscada no olho direito.
-Admitir isso não vem ao caso. Eu tentei molestar um garoto, tem ideia no que pode me acontecer? –ele franzia a testa de raiva.
-Ser preso. –completou.
-Minha carreira estaria acabada ou pior, passar o resto da minha vida na cadeia, um lugar sujo e horrendo como uma selva. –ele levou a mão à testa. A preocupação era nítida em seu rosto.
-E a sua saúde? Como está? –Erwin olhou ao celular e colocou de volta no bolso.
-Quem liga pra isso? Estou bom um puta problemão e você me vem com essa de saúde, caso queira saber eu estou saudável como um cavalo e nem se quer devo ter mais essa doença boba. –Levi bateu com a xícara no pires. Estava muito estressado. –Fui ao puteiro três vezes seguidas, no final, me sinto sempre enojado. Não sei oque está acontecendo comigo, não quero causar aquilo a ninguém, meus instintos não estão mais controlados como antes.
-Talvez fosse à hora de contar a esse tal de Eren a verdade, ele tem o direito de saber dos seus fetiches estranhos e qual são os motivos deles. –ele olhava novamente ao celular, como se estivesse esperando alguma coisa.
-Pouco conhecimento basta para ele, se eu resolvesse contar tudo estaria estragando a vida de um garoto que já tem bastante com o que se preocupar. Uma desgraça já é o suficiente, poucas pessoas souberam de tudo e isso custou muito. Que porra você fica vendo nesse celular o tempo todo, hein? –Levi terminava seu expresso e encostará a cabeça na parede ao seu lado.
-Bem é que... –ele olhava o celular e antes que continuasse ficou surpreso com alguma coisa que Levi não pode decifrar, o homem grande pulou de alegria e comemorou. –Ah não... Levi a Hanji acabou de me mandar uma mensagem falando qual é o sexo do bebê.
-Eai? –ele se interessou desencostando a cabeça da parede. Enquanto Erwin lia a mensagem no celular.
-Não acredito... –ele arregalou os olhos e abriu um sorriso imenso levantando da cadeira e chamando a atenção de todos que estavam no estabelecimento. –E UM CASAL! VOU TER UM CASAL! AÍ PESSOAL, VOU SER PAPAI DE UM CASAL!
As pessoas das mesas aplaudiram e desejaram felicidades enquanto uma garçonete que passava pela mesa deles serviu um pouco mais de café para Levi de cortesia da casa. O baixinho estava morrendo de raiva de Erwin pelo escândalo que tinha feito mais feliz no fundo pela felicidade do amigo.
-Meus parabéns, conseguiu oque você sempre quis. –ele brindou com Erwin que ser emocionava vendo a foto do ultrassom.
-Sim. Meus filhinhos são lindos. –ele mostrou a foto para Levi que prestou mais atenção na hora do que no ultrassom.
-Merda, tenho que buscar o Eren. Tchau, boa sorte pra vocês. –ele se levantou e saiu as pressas, Erwin mal deu atenção, ficou paparicando o celular enquanto Levi fugia as presas procurando sua chaves no bolso do casaco.
Ele chegou a tempo, Eren tinha acabado sua consulta e estava o esperando na porta do prédio. Eles seguiram a viajem sem trocar uma palavra ou olhar, Eren encarava a paisagem como se fosse à coisa mais interessante do mundo, enquanto isso Levi mantinha o olhar fixo na estrada, eram como dois estranhos novamente –quase rivais de companhias diferentes –. Quando chegaram, Levi tirou as compras do banco de trás e se direcionou para a cozinha enquanto Eren subiu as escadas rapidamente e se trancou no quarto. Um típico sábado cinzento. Quarenta minutos depois que Levi terminou de fazer o almoço mandou um emoji de refeição para Eren que atendeu o recado rapidamente descendo as escadas dois minutos depois, ele lavou as mãos e as secou antes de sentar-se à mesa, se serviu certamente e colocou o guardanapo no colo. Seguia severamente as regras, até demais. Levi estava entediado, sentia falta da bagunça de Eren, de como ele falava errado e de como agia de modo impulsivo, a vida em seus olhos e cor da sua pele havia sumido; se tornou um robô que seguia todas às duas mil e quatrocentas regras que Levi tinha feito.
Ele não vai desistir, teimosia não falta nele, pensou. Lavar a louça lentamente manteve Levi preso em seus pensamentos enquanto Eren colocava as sujas no balcão a sua direita, fez rapidamente sem dirigir o olhar para Levi, voltou a subir e se trancar.
Passou a beber com o dobro de frequência desde que Eren parou de confronta-lo. Depois de todas as refeições que fazia Levi se sentava em sua poltrona e esvaziava uma garrafa, seu estoque havia sido enchido duas vezes na semana. Essa tarde não foi diferente. Ele ficou pensando numa forma de trazer Eren de volta, talvez se falasse com ele através da porta desse certo mais prometeu que não iria mais incomodar. Horas passaram com Eren em seus pensamentos, sem descanso e peso na consciência.
-É um jeito antigo mais pode dar certo... –uma ideia veio a sua mente como o efeito de um Big Bang. Ele se levantou imediatamente da poltrona deixando o copo de bebida largado, subiu as escadas com pressa e entrou em seu quarto procurando alguma coisa com o olhar direcionando-se para seu mini escritório e abrindo a penúltima gaveta. Pegou seu melhor papel para carta, com as abas douradas com enfeite de uma rosa nos cantos, tinha pagado caro neles mais não importava, seriam usados para uma boa intenção. Ele se sentou na mesinha da varanda com o papel e uma caneta preta, olhou a vista cinzenta e pensou em oque escrever. Havia se lembrado de quando conheceu Eren, naquele hospital sem graça e na carta de despedida que Eren sabia que ele ia achar. Sorriu. As memorias boas vieram como raios de sol em campo de guerra sem fim.
-Querido Eren, esse foi o único método que consegui pensar para poder lhe dizer oque sinto... –ele escreveu com sua letra caprichada mais legível ao mesmo tempo, saberia que Eren não fazia parte do seu universo de luxuosidade, ele falava sozinho com a mesma frequência que pensava alto. –Talvez você possa ter me odiado mais ainda depois do ocorrido de alguns dias atrás mais... Eu queria tanto que você pudesse ser quem você era quando te conheci, sinto falta da vida que havia em seus olhos e nas burradas que você fazia pela casa. Quero dizer que sinto muito e gostaria de acertar as coisas, você não imagina o quanto estou arrependido do que fiz e por isso estou quebrando a minha promessa de não te incomodar, quero reparar meu erro. –ele lagrimava. Estava pasmo com as gotas que jorravam de seus olhos e feliz por esta sendo sincero o suficiente, sorria como uma criança que acabou de ganhar um presente do papai Noel. –Não vou te deixar em paz até matar sua curiosidade de saber do meu passado então... Em nome de tudo que passamos desde aquela cirurgia no seu pulso que eu tive que dar meu sangue e ainda acabei cuidando de você desde então, te peço que me faça sua verdadeira companhia em um agradável jantar de sábado. Não irei chegar perto de você, eu juro. Quero conversar com você, saber como você estar e poder, se for possível, te fazer pelo menos uma noite feliz.
Ele levantou o papel e levou ao rosto, selando com um beijo. Colocou suas iniciais e desceu as escadas, foi até seu jardim e pegou sua melhor rosa. Seu rosto estava iluminado, seu corpo se sentia leve, estava se sentido vivo novamente. Dobrou a carta e a amarrou com uma na rosa, subiu as escadas novamente e bateu na porta de Eren deixando a carta amarrada a rosa no chão, desceu as escadas rapidamente para preparar o jantar. Tinha o pensamento de fazer o melhor jantar de todos, muito especial para alguém especial.
Eren saiu e sua mesa de estudos e abriu a porta, jurou ter ouvido algum barulho vindo dali, deu um passo à frente e sentiu alguma coisa na ponta de seu pé. Recuou para ver oque era e soltou um suspiro quando viu o papel enrolado com uma fina numa rosa, ele a pegou e sentiu seu cheiro, a mais cheirosa e vermelha de todas. Fechou a porta e colou a rosa no copo de água que estava ali a meia hora, abriu o papel e viu que se tratava de uma carta de Levi. Era refinado e bonito, bem no estilo dele e a letra era legível mais caprichada, notou que aquela carta estava com as beiras molhas e algum liquido que caiu ali.
-Será que ele...? –ele lia a carta e lágrimas grossas caíram logo no primeiro parágrafo. Ele se emocionara fácil, pois que escreveu aquela carta foi o homem que conheceu e amou, ele despertou sentimentos verdadeiros e impossíveis de ignorar. –Ah... Levi, obrigada, obrigada, obrigada mesmo. –ele terminou de ler a carta e a beijou “coincidentemente” no mesmo lugar onde o homem havia beijado alguns minutos antes, guardou-a no funda da gaveta escondendo-a. Se direcionou para escolher sua melhor roupa e tomar o banho mais demorado possível, tinha pouco tempo e algumas horas depois, Levi mandou a mensagem que dizia: “Jantar”, talvez ele tivesse certeza que Eren aceitaria mais não era garantido que ele realmente apareceria.
-Calma bonitão–ele dizia em frente ao espelho. Estava usando uma camisa vermelha quadriculada com três botos soltos mostrando seu peitoral que havia comprado no dia anterior, uma calça cós altos com suspensórios pretos para combinar e sapatos pretos com detalhes vermelhos. Penteou os cabelos para trás da orelha e colocou o melhor perfume que tinha no armário, ganhou no natal de Armin que jurou que trouxe quando foi à França, acreditava esta a altura do convite. –Vai dar tudo certo.
Realmente pensou esta a altura mais desistiu quando viu Levi o esperando no final da escada, ele era perfeitamente perfeito. Seu cabelo definidamente arrumado como sempre usava, um terno refinado com abotoadoras douradas, a gravata cinza arrumada dava um ar autoritário no pescoço do mais velho, seus sapatos de couro com detalhes desenhados nas bordas eram mais caros que Eren pudesse pagar se os destruísse. A casa estava tipicamente limpa e nenhum canto era iluminado além da sala de jantar com a comida já servida, como num restaurante, musica tocava na sala de estar que estava com um grande espaço visível enquanto tocava blues no fundo do espaço.
-Boa noite. –Eren disse sorrindo. Levi retribuiu com um sorriso e depois o conduziu gentilmente até a sala de jantar.
-Boa noite, Eren. Como você está? –ele afastou a cadeira para Eren sentar, sem protestar pelo insulto Eren se acomodou sem dar muita importância para o gesto cavalheiro do mais velho.
-Eu estou bem, obrigado por perguntar. –ele comeu um pedaço do salmão –só não se derreteu todo pela delicia que acabou de morde porque tinha muitos motivos para não mostrar fraquezas –e se serviu uma taça de vinho.
Levi ficou surpreso, ele sabia que Eren odiava vinho e outras bebidas que não fossem suco ou café. Estava certo que Eren havia mudado muito nesses últimos dias, ele sairia com amigos e não diria que horas voltava. Conversaria no telefone por horas, Levi tentou ligar várias vezes mais sempre estava ocupado, sinal que, tinha perdido seu garoto travesso.
-Você não imagina o quanto eu estou feliz que você está aqui comigo nesse jantar. –Levi ainda nem tocou em seu vinho, tinha se esquecido da bebida enquanto analisava os gestos de Eren e guardava em sua memoria cada traço e cheiro do garoto.
-Posso imaginar, além do mais, tive muito progresso com a psicóloga hoje. –Eren relaxou os ombros e se escorou na cadeira. Cansado.
-Ela inventou outra doença psicótica para você? –Levi tinha conhecimento desse assunto, eles passaram um bom tempo discutindo sobre essa mulher que cuidava da saúde mental de Eren.
-Sim. Dessa vez ela está realmente certa, -ele balançava a taça e observava o liquido se mexendo. –digamos que, sou uma pessoa que gosta de sofrer, emocionalmente.
Levi olhou para Eren com desejo. Aquelas palavras fluíram como perfumes de rosas em suas narinas, ele estava pasmo com a rápida maturidade de Eren.
-Tipo sadomasoquista ou algo do gênero?
-Quase isso, eu não entendi muito bem oque ela quis dizer. Levi, oque você acha disso tudo? Será que foi pura coincidência minha vida ser tão ferrada porque eu gosto ou apenas me acostumei com isso. –Os olhos dele brilharam, seu sorriso se manifestou com a ideia de descobri o motivo da sua existência. Estava perto do homem que amava e até o final da noite, não descansaria até conseguir oque queria. Arrancar toda a verdade de Levi.
-Não sei disser. –Levi terminou sua refeição e foi pegar as sobremesas na geladeira. Tinha feito sorvete de chocolate com nozes para Eren e um de baunilha com morangos para ele. –Fiz sua sobremesa favorita.
-Uau, parece incrível. Realmente você é o melhor no que faz. –Eren abriu um grande sorriso e seus olhos brilharam quando viu a grande taça de sorvete com chantilly.
-Não sou incrível. –ele comeu chantilly de cima de sua taça com a ponta da língua –Eren sentiu um arrepio com aquela cena, sexy, provocante e inusitada –ele tomou um pouco e depois continuou. –Esperei a sobremesa para nos acertamos, não podemos viver desse jeito.
-Não precisa continuar Levi, sei qual vai ser o rumo dessa conversa. –Eren interrompeu enquanto devorava seu sorvete, ele assustou o mais velho que ficou pasmo com a atitude rude que Eren tomou. –Você vai se humilhar, eu vou chorar e no final vamos ser amigos de novo.
-Exatamente...
-Eu nunca, nunca, realmente nunca vou me esquecer do que você fez comigo. Aquela foi a pior lembrança que construímos juntos, você sabe disso, não podemos mudar oque aconteceu. Você se descontrolou e eu estava muito frágil, foi um acaso, não sei seus motivos mais conheço os meus o suficiente para dizer que te perdoou.
-Você... Oque? –ele arregalou um pouco dos olhos, desacreditado.
-Te perdoou. –Eren terminou o sorvete e olhou para a taça de Levi que ainda estava acima do meio. –Vai comer isso? –apontou com o indicador.
-Não, pode ficar. –ele arrastou a taça até as mãos de Eren, em um milésimo de segundo, seus dedos se encontraram causando um choque entre os dois. Eren olhava o sorvete de Levi com mais intensidade do que tinha feito com o de chocolate.
-Nossa! O está bem melhor que o meu, seu cretino, fez melhor o seu! –Eren bateu com o punho o ombro de Levi que tocou o local após ele ter encostando-se a ele.
Chamou-me de cretino, pensou. A ficha caiu, seu antigo Eren tinha retornado do fundo daquele abismo de mágoa.
-Que bom que gostou.
-Eai, oque temos de entretenimento para essa noite? –perguntou quando terminou.
-Bom... –Levi se levantou e ergueu a mão direita para Eren. –Se me conceder essa dança, posso te contar tudo que queira saber. Além do mais, Michel Bublé não pode ficar cantando enquanto ninguém dança.
Eren se sentiu como a plebeia do baile que foi notada pelo príncipe, uma flor do jardim do seu coração tinha acabado de desabrochar com a companhia do homem a sua frente. Ele pegou a mão de Levi e se levantou, andaram até a sala de estar onde os moveis estavam nos cantos e davam uma pista de dança. Levi tocou em seu aparelho de som a música Home e abaixou um pouco da luz, se aproximando de Eren com um sorriso gentil enquanto a música tocava.
-Se me permite. –ele concedeu e Levi tocou a cintura de Eren e agarrou uma de suas mãos delicadamente. –Eu sei que você não sabe dança, não se preocupe porque eu vou te levar. Confie em mim.
Eles dançavam em passos lentos até Eren pegar o jeito e irem de acordo com a música, seus olhos não se desviavam em nenhum segundo se quer, o calor envolvia seus corpos como imã. Levi respirava calmamente diferente do coração de Eren que batia a mil por hora, Levi perceberia a agitação no corpo do garoto e abraçou-o com mias intensidade.
-Eu queria te dizer uma coisa... Na verdade, já faz um tempo que eu queria te dizer isso. Se aquilo não tivesse acontecido, tudo seria diferente. –Eren falava sincero. Os olhos brilhavam olhando Levi.
-Também queria te contar tudo mais não tive coragem... –ele juntou sua testa a de Eren. –Você tem todo o direito de saber os meus motivos de ser assim, foi o principal afetado pelas minhas crises e nem por isso eu pude lhe contar toda a verdade por trás da minha frieza. Ah... Meu deus, como eu queria você perto de mim...
-Desculpe. –Eren encolheu os olhos, cabisbaixo. –Foi minha culpa também, em algum ponto, sei que foi minha culpa. Desde apareci na sua vida só estou te dando problemas.
-Não! –ele parou de dança e agarrou com as duas mãos o rosto de Eren. –Você não tem culpa de nada. Você é perfeito Eren, foi você que me mudou desde quando tomei coragem de doar meu sangue para você!
Com uma mão livre ele pegou o pulso de Eren que tinha a cicatriz e mostrou para ele.
-Você foi a primeira pessoa em anos que eu doei meu sangue, tem ideia de como isso te torna importante? Vi muitas pessoas morrerem por não ter doado o meu maldito sangue para elas, eu não me culpava mais quando você apareceu... Ah porra, mudou meu mundo de cabeça para baixo.
-Então me conta a verdade. –Eren se afastou. –Exijo saber de tudo, desde o inicio, assim realmente poderei confiar em você.
-Está bem mais primeiro preciso de algumas doses de uísque. –Levi se sentou na poltrona ao lado da mesinha de bebidas e Eren puxou outra poltrona para deixar na frente dele.
-O que quer saber? –perguntou depois de dar um grande gole no copo cheio.
-Por que você é tão higiênico? –Eren riu. –Sempre quis saber o porque de alguém ser assim.
-É hoje que eu fico bêbado. –Levi bufou. –digamos que eu sempre fui assim, desde criança até a maior idade.
-Tá então. E porque você segue tanto as regras? –Eren perguntou escorando-se na poltrona e posicionando o calcanhar no braço da cômoda de Levi, sabia que aquela ação o deixaria puto mais estava na vantagem dessa vez.
-Certa vez eu quebrei uma regra que me custou muito caro, desde então sigo as regaras para poder sobreviver nesse mundo perverso. –ele observava o liquido no copo, distante.
-Pode me contar qualquer coisa Levi, confie em mim. –Eren segurou a mão de Levi, tentando aconchega-lo.
-Minha memória mais antiga é a que me faz ter pesadelos à noite. –ele não olhava nos olhos de Eren, se concentrou as asperezas do liquido do copo. –Ela é a mais perversa de todos os traumas que passei nesses últimos trinta anos.
-É pior que a minha história? –Eren riu.
-Trinta vezes pior. –ele encarou o garoto.
-Nossa. Agora dá pra parar de mistério e contar a porra da história, preciso dormi hoje ainda. –Eren bocejava.
-Quando eu era apenas uma criança conheci um homem no caminho de casa... –ele franziu a testa e tomou outro gole, como se as palavras ferissem a cada letra que se formava. –Ele era maneiro e resolveu me acompanha naquela tempestade de neve, o inverso russo era o pior na época... –Levi estava pensativo.
-Que gentileza. –o garoto encostou-se à poltrona e sorriu com a cena de Levi contando sua história desde criança.
-Ele abusou de mim. –disse encarando Eren com frieza no olhar. O garoto voltou sua atenção para o homem, pasmo e quase branco de surpresa com a facilidade que Levi dizia uma coisa tão cruel. –Um lindo garotinho que voltava do treino sozinho... Penetrou-me até sangrar, me cortou e fez ameaças, tem ideia de como uma criança fica numa situação dessas?
-Não... –Eren diria quase num sussurro e esperou Levi continuar.
-Não sei até hoje oque aconteceu com ele, apenas sei que foi preso mais se estar vivo eu não faço ideia. –ele encheu outro copo. –Muita terapia não resolve os traumas, você sabe muito bem disso garoto problema. Assim como você tinha tentado inúmeras vezes me matar, pulei de uma ponte, me joguei em frente a um carro, tomei remédios e bebi cerveja, cortei os pulsos e sobrevivi a todas as tentativas.
Eren riu de canto. Realmente não resolvia. Ele estava triste e se culpando, esse tempo havia achado ser amigo de Levi mais no final nem o conhecia de verdade. Achou que era especial por ter tentado se matar mais quem era ele moinho? Ninguém de importamnte.
-E depois? –ele tinha as duas mãos agarradas à mão livre do mais velho.
-Digamos que no fundamental eu era um garoto deprimido e conhecido por ter sido abusado por um alfaiate, logo após meu tio ter morrido a coisa só piorou, eu tinha acabado de virar adolescente quando o perdi.
-Sinto muito. –Eren apertou sua mão.
-Não sinta, não foi com você. Logo depois de um tempo conheci uns caras da pesada que me mostraram uma “solução” para os meus problemas. –ele fez um sinal de aspas. –Virei um viciado em drogas e sexo, foi sorte não ter pegado uma doença.
-Deus... –Eren mantinha a cabeça baixa. –Como chegou até aqui?
-Estou quase lá, fica calmo aé, queria ouvir agora aguenta. –ele deu um grande gole na bebida. –Eu tive uma overdose e quase morri, quando fiquei internado reencontrei o medico que me salvou naquele dia. Ele estava velho e ainda se lembrou de mim mesmo depois de tanto tempo, disse que meus “olhos” ainda eram os mesmos.
-Imagino.
-Naquele momento decidi que seria médico, ele me abraçou e disse para se feliz e bem... Estou tentando desde então mais depois que entrei no terceiro ano muita coisa mudou. –ele olhou para o rádio que ainda tocava. Baixinho. –Conheci minha família.
-Família? –Eren ficou arrepiado com aquela palavra na boca de Levi, ele sorria com os olhos mais seu rosto era triste.
-Conheci meu amigo Erwin Smith que logo será papai de um casal, casou-se com Hanji Zoe a quatro-olhos da sala 6-B. –ele riu com o som que a frase fez.
-O dono do hospital! –disse desacreditado.
-Exatamente. –concordou.
-Agora tudo faz sentido. –disse para si mesmo.
-Conheci meus dois irmãos Farl e Izabel, minha noiva Petra... –ele olhava distante, onde Eren não poderia busca-lo, nem se tentasse. Estava em transe. –Tínhamos sonhos e erámos um grupo unido.
-Aquela foto! Levi eram eles? –Eren juntava as peças como um quebra cabeça.
-Exatamente. Todos nós seriamos médicos, estávamos quase na faculdade quando o incidente aconteceu... –ele paralisou olhar e soltou o copo na mesa a seu lado, colou as mãos no rosto e afastou o cabelo da frente do rosto. –Estávamos voltando de uma festa e...
-E?
-Droga! –Levi se levantou e jogou a mesa para o lado, quebrando o copo e a garrafa que estavam ali.
-Fique calmo Levi. –Eren tocou no ombro dele tentando acalmá-lo.
-Eu... –ele encostou-se à parede e escorregou até o chão, coloco as mãos no rosto e conteve a raiva. Eren se agachou e ficou a sua frente, tocando seus ombros. –Eu causei o acidente. Se eu tivesse ficado sóbrio e deixasse meu orgulho de lado eles estariam vivos, fiquei com tanto ciúme da Petra com o amigo que ela fez na festa que me afoguei em Johnny Black no bar, no fim eu me ofereci para dirigir, pois ainda estava com raiva.
-Então você ainda se culpa de ter dirigido bêbado?
-Não. Culpo-me por não deixa-los descansar, deveria ter feito como Erwin e Hanji, ser feliz como eles gostariam mais eu não sou assim. Sou um cretino! Um maldito sádico que ama uísques refinados. –ele apertou a gola da roupa de Eren. Estava descarregando trinta anos de mágoa num garoto que conheceu a algum tempo.
-Desabafe... –Eren o abraçou e acariciou seu cabelo.
-Meu ego não me permitiu beijá-la pela ultima vez e muito menos deixar Farl dirigir. Bati com o carro no caminhão da outra faixa, acordei quatro semanas depois no hospital, o único rosto conhecido que vi foi de Erwin. –ele tinha um olhar frio. –Me formei e me tronei um dos melhores profissionais do país, aceitei minha vida.
-Sim, você é.
-Eu apenas continuei bebendo e não consegui me livrar dos fantasmas deles.
-Foi um acaso, você não teve realmente culpa.
Levi balançou a cabeça em negação. Levantou-se e recolheu as coisas do chão, Eren ficou sem entende a mudança repentina e se sentou no chão, onde Levi estava.
-A razão por ter parado naquele dia foi resultado de um desses traumas... –ele enxugou uma lágrima que queria que Eren não visse caindo. –Sou um maníaco. Meu prazer é o sadismo e o masoquismo, por isso nunca me envolvi com ninguém. As pessoas se afastam de gente assim, com probleminhas na cabeça.
Ele encarava o vaso de planta.
-Por isso ordenei para nunca entrar no porão e solto, meu ateliê fica lá.
-Você a amava mesmo... –Eren olhava para o chão, seu plano d esse declarar tinha ido pelo ralo. –Parece que nunca vou poder te dizer a tal coisa importante. –Eren se levantou e tocou o ombro de Levi. –Estou com você pelo oque deve vier.
-Obrigado, Eren. –ele tocou encima da mão de Eren. –Você se mostrou um grande amigo, agora vamos dormi.
Eren desistiu de tentar convencer Levi a ama-lo. Ele percebeu que o homem angustiado de alguns minutos atrás amava demais uma mulher morta, ele se culpara por ter ceifado o amor de sua vida e ainda carregava esse sentimento. Eren não podia mais amar aquele homem, tinha que deixar de sentir algo mais por ele e apenas oferecer sua amizade.
-Sim. –bocejou. Espreguiçou-se e saiu em direção à escada, sendo seguido por Levi.
-Melhor noite de todas. –disse enquanto caminhavam.
-Realmente. Estou quebrado. –Eren desabotoava a camisa, estava louco para se jogar na cama.
Levi parou no meio da escada, ficou paralisado olhando para Eren e em alguns segundos sentiu um nó na garganta. Ele tinha acabado de perceber uma coisa importante, talvez a coisa que sempre esteve ali mais ele nunca notou. Eren se virou e viu o homem pálido e se preocupou.
-Você está bem? –ele cutucou o peito do mias velho que saiu do transe.
-Sim, estou. –ele voltou à realidade, saindo imediatamente de seus pensamentos complexos, apresando os passos para chegar a Eren.
-Boa noite. –ele abria a porta.
-Boa noite. –Levi acenou e Eren entrou fechando a porta.
Levi encostou a testa na porta e ficou tentando detectar se Eren realmente estava lá, sempre encostado na porta após fecha-la. Seu velho costume de sempre. Ele suspirou fundo e sussurrou algumas palavras altas o suficiente para apenas alguém do outro lado da porta ouvi.
-A ficha caiu ali na escada garoto... –com a mão direita tocou a porta. Saberia ele que Eren estava do outro lado ouvindo tudo atentamente e também tocando a madeira que os separava. –Espero que esteja escutando porquê se não tiver, não vou dizer de novo.
-Levi... o que quer... dizer? –Eren sussurrava o mais baixo que podia, para ele não o ouvir.
-Eu te amo.
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Hurt
FanfictionUm milhão de pensamentos surgiram em minha mente naquele segundo. Nós não podíamos continuar fazendo isso, teria que continuar ou tinha que de acabar agora. Ele estava interferindo nos meus planos, no meu sono, na minha cabeça e principalmente na mi...