Vinte e cinco - Final

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Finais são difíceis. Qualquer idiota com um teclado pode escrever um começo, mas termina aquilo que você começou é complicado –assim como desenhar, costurar, falar ou reagir – Finais são impossíveis. Você tenta ligar todos os pontos e tenta deixar a história com um sentido no final. Os fãs sempre vão reclamar, sempre haverá buracos. E como é o final, deveria ter um bom desfecho, sem choro e apenas sorrisos. Não chorar, não é uma opção, talvez alguém não chore, mas oque eu posso fazer em relação à isso? As lágrimas serve para deixar os olhos mais brilhantes.

Lembre-se disso quando te der vontade de chorar por alguma coisa banal.

E oque iria acontecer nesse final? Como ficariam nossos heróis? Levi e Eren ficariam um bom tempo sem se ver. Talvez fosse possível deles se encontrarem nesse final e todas as coisas se resolveriam, mas não estamos na Disney com seus finais felizes e muito menos no universo de Game Of Thrones onde tudo termina em sangue. Estamos num poema de amor escrito por um bêbado que foi deixado pela esposa e filhos, ele era fã de Edgar Alan Poe e seu trabalho diário era assassinar charlatões e roubar seus pertences.

Chega de inspirações, motivos ou qualquer coisa que impeça de contar o final dessa história. Como eu havia dito, Levi e Eren ficariam um bom tempo sem se ver. E Levi tem o final de sua história, nesse curto período de tempo.

O hospital era branco e limpo. Era um prédio imponente, construído com requinte, com uma magnifica vista da capital. Levi o detestava. Havia começado a odiar aquele lugar, depois de se afastar. No interior, os pisos possuíam expressos carpetes e diferente do cotidiano normal, a conversa era em voz baixa. Estava odiando aquele silêncio controlado e o ruído abafado de passos.

Esperou na sofisticada sala de Erwin, decorado com papel de parede e estantes repletas de livros de Justin Karter. O clima do Sul invadia o recinto através de uma ampla janela. A luz solar da manhã derramava-se sobre diversas plantas verdes. Distraído, especulou sobre o motivo daquelas plantas estarem travando uma luta pela vida e normalmente perderem. Rindo, esfregou os dedos na testa, tentando acabar com a insistente dor de cabeça concentrada em um ponto no meio das sobrancelhas.

O cheiro de antisséptico lhe traziam conforto, misturado com aquele ar frio. Quando ouviu a porta se abrir, parou e se virou devagar. Smith entrou. Ele havia deixado a barba crescer e as bochechas estavam com um tom de rosa saudável. Seu semblante era sério.

- Parabéns. -estendeu-lhe a mão, num cumprimento breve.

-E então? -ele foi direto. Sua preocupação estava no ápice.

-Por favor, sente-se. Quer um pouco de café?

-Não, obrigado. Mais aceitaria um uísque. -ele engoliu. A garganta estava seca. -Gostaria de ver primeiro minha esposa.

-Há algumas coisas que eu gostaria de discutir com você.

Erwin o observou umedecer os lábios, seu único sinal de inquietação.

-Depois que eu a ver.

-Ok. -Smith o conduziu para fora da sala.

Ambos caminharam pelo tranquilo e acarpetado corredor que levava aos elevadores.

-Levi… -começou ele.

-O que foi?

-Não quero que fique chocado pela aparência, ou que me culpe por não ter feito mais por ela. -os dois entraram no elevador juntos. -Havia feito um grande progresso durante o parto, mas partiu prematuramente, como você sabe.

-Por favor -disse Levi aborrecido. -Não seja delicado. Sei muito bem do estado dela, sei muito bem, melhor do que você.

-Ela travou muito bem essa batalha contínua.

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