Nem em mil anos Laís pudera sequer cogitar a ideia de ser feita de refém. Quem em sã consciência assalta uma livraria? Contudo, há loucos pra tudo neste mundo.
E quando essa catástrofe acontece, ela se vê sem saída. Mas quando um Deus pecaminoso...
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Só sofro com toda a força do mundo porquê amo com a intensidade de um cometa.
Nando Reis •
Laís Silva
— Bi! — Chacoalho seu corpo. — Você vai se atrasar, acorda!
— Me deixei dormir, Flor.
— Você precisa trabalhar, seu idiota. — Puxo seu braço. — Ninguém mandou ficar lendo esses papeis a madrugada toda. Acorda!
— Eu não preciso trabalhar. — Um sorriso travesso se ergue em sua boca. — Minha melhor amiga tem três empregos! — Ele levanta a quantia com seus dedos.
— Não por muito tempo, bonitão. Sua melhor amiga acabou de ligar pra a editora. Tenho uma entrevista amanhã de manhã.
— Sério? — Seus olhos se abrem depressa. — Que noticia maravilhosa, Flor. Está animada?
— Muito. Mas o senhor tem que se levantar. Vamos lá, Bi. — Sento-me na pontinha da cama. — Não quer jogar na cara do Mauricio que é um trabalhador?
— Claro que quero, só estou um pouco preguiçoso hoje. — Ele boceja. — Porém valeu a pena ficar madrugando, descobri algumas coisas sobre o caso, acho que já consigo levantar informações para as buscas.
— Viu só?! — Balanço a cabeça e sorrio. — Você é foda, agora levanta a bunda da cama e vá se arrumar, o café está quase pronto.
— Está parecendo minha mãe.
— Não, estou sendo sua melhor amiga. — Pisco e ando até a porta. — Te dou cinco minutos para estar na cozinha, Gabriel!
— Tá, mãe!
Solto uma gargalhada enquanto retiro a água fervida do fogo. Pego o filtro depressa e logo passo o café. Não demorou para que o aroma se espalhasse por todos os cômodos.
O final de semana havia passado bem rápido, eu e Gabriel arrumamos nosso apartamento durante a maior parte dos dias. Julia viera nos visitar no sábado, então assistimos a alguns filmes juntos.
Por incrível que pareça eu estava bem animada nesta segunda-feira, pude perceber que as coisas finalmente estavam se acertando.
Fiquei extremamente nervosa quando decidi ligar para a editora, meu coração batia tão rápido que minhas mãos passaram a soar. No entanto, quando a notícia da entrevista fora processada por meu cérebro, eu fiquei tão feliz que quase entrei em êxtase.
Essa era a chance pela qual eu esperei todos estes anos. Por isso, quando cheguei ao trabalho hoje, não liguei para as pirraças de Fernanda e nem ao menos pensei em como as coisas estavam ruins na agência de legendagem.
