Capítulo 17

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A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde

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A leitura de um bom livro é um diálogo incessante: o livro fala e a alma responde.

Francis Bacon


Gabriel Barcellos

Lembram quando eu disse que não merecia ser amado? Pois é, por situações como estas eu tirei a conclusão de que pairo sobre esse mundo para causar dor e sofrimento as pessoas ao meu redor.

Quando as coisas se encaixam, ou ao menos eu acho que o fazem, eu cago e meto bosta para todo lado.

Mesmo que Laís tenha dito que as coisas entre nós estavam boas, eu sabia que nada estava bom. A tristeza transparecia por seu olhar nesta manhã.

Eu não sabia o que tinha me dado por falar Daiane na porra daquele momento. Não estava pensando nela, por incrível que pareça, eu estava  focado em Laís.

Tudo nesta mulher me fazia pirar. Desde a pele negra e brilhosa até os cachos sedosos e marcantes.

Sei que nunca mencionei, mas Daiane era o extremo oposto de Laís. A japonesa branquela de cabelos lisos e franjas não se assemelha em nada com a mulher em que eu me perdi ontem à noite.

— Flor. — Chamo-a. Seus olhos se desgrudam do livro em sua mão e ela me encara. — Sei que já falei merda demais ontem, mas queria me desculpar.

— Não se preocupe, Gabriel. — Com um sorriso fraco, ela balança a cabeça. — Esse assunto já morreu, nunca existiu.

— É. — Resmungo. — Mas você está puta comigo, não consigo não me preocupar.

— Não estou não!

— Você não disse Bi. E está toda estressada.

— Impressão sua.

— Me engana que eu gosto. O que eu posso fazer para trazer a Laís legal de volta.

— Me conta quem é Daiane. — Sem rodeios, ela fecha o livro e me encara.

— É minha ex-namorada. Quase noiva, na verdade.

— A, tudo faz sentido. Você ainda a ama, não é?  Por isso estava pensando nela ontem.

— Eu não estava...

— Chega de mentiras, Bi. — Ela me corta. — Já entendi, não se preocupe com essa parte. O que houve, por que não estão mais juntos?

— É complicado.

— Não deve ser tão ruim, você fez uma merda tão grande? — Rindo, ela me olha curiosa.

Como um pesadelo terrível, as imagens da pior noite da minha vida preencheram minha mente como um nevoa arrebatante.

Meu coração perdeu o ritmo e minha mãos começaram a soar. Laís me olhava em busca de respostas, mas eu não conseguia dizer nem mais uma palavra.

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