Nem em mil anos Laís pudera sequer cogitar a ideia de ser feita de refém. Quem em sã consciência assalta uma livraria? Contudo, há loucos pra tudo neste mundo.
E quando essa catástrofe acontece, ela se vê sem saída. Mas quando um Deus pecaminoso...
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Nunca foi sensata a decisão de causar desespero nos homens, pois quem não espera o bem, não teme o mal.
Nicolau Maquiavel
Gabriel Barcellos
Paro em frente a porta do banheiro e espero. James havia ido embora fazia alguns minutos, mas Laís continuava trancada ali.
— Flor? — Chamo cauteloso. — Está tudo bem?
— Oi. — Ela abre a porta e me encara com um sorriso. — Desculpa, estava mexendo no celular. Seu irmão já foi?
— Foi. Sabe, não precisava sair de lá.
— Achei que fosse educado deixar vocês a sós, parecia particular. — Ela dá de ombros. — Além do mais, precisava mesmo ir ao banheiro.
— Ele achou que você fosse minha namorada. — Comento rindo.
— Por quê? — Seus olhos se arregalam.
— Acho que as circunstâncias o fizeram pensar nisto, mas não se preocupe já falei que não somos. — Sorrio. — Porém, tenho que repetir mais algumas vezes para ele realmente acreditar.
— Acho que agora você entende o que eu passo com a Júlia. — Ela ri. — Vive insinuando coisas do tipo.
— O que há de errado com essas pessoas? Não podemos ser só amigos?
— Então! — Ela exclama. — Ela disse que um homem como você não é só amigo de uma mulher como eu.
— Como assim? — Pergunto vendo-a morder os lábios, envergonhada.
— A Júlia pode ser meio doida as vezes. Bom, estou com fome, vamos comer?
— Pensei que nunca fosse pedir. — Sorrio. — Tem lasanha e torta na geladeira, minha mãe que fez.
— Sua mãe?
— É, fui lá ontem, lembra? Ela fez uma marmita gigantesca com tudo o que cozinhou. Fez questão que tivesse comida para uma semana.
— Então vamos comer. — Laís se alegra. — Estou faminta. Não tomei café.
Ando devagar até a geladeira e retiro as diversas travessas de lá. Flor ficou ao meu lado, ajudando-me a tirar o papel alumínio de cima.
A lasanha e a torta foram rapidamente postas no micro-ondas por ela, enquanto eu parti com a panela de arroz para o fogão.
— Vai querer feijão? Tenho que descongelar.
— Não, acho que arroz está de bom tamanho. — Ela retira as travessas fumegantes do micro-ondas. — Além do mais, não curto comer essas belezuras com feijão.
