Capítulo 25

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A morte não é nada para nós, pois quando existimos, não existe a morte

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A morte não é nada para nós, pois quando existimos, não existe a morte. E quando existe a morte, não existimos mais.

Epicuro.


Gabriel Barcellos

Era incrível como as coisas funcionavam. Eu sempre pensei que meu coração estava trancado, impossibilitado de receber qualquer amor. Contudo, ao encarar o corpo adormecido de Laís, percebi que as coisas haviam mudado de um jeito desesperador.

Eu queria mais do que tudo me enrolar em seus braços e nunca mais soltar. Fazê-la a mulher mais feliz deste planeta. Senti que cada pedaço do meu coração ficara junto com ela – ali, em nossa casa –, assim que saí porta a fora.

Minha decisão, um tanto quanto estúpida, vagando por minha mente. Talvez eu me arrependa amargamente de tê-la feito, mas eu não tinha mais como voltar.

Não quando já estava encrencado até a medula.

Ali, em meio ao tumulto de tiros e gritos. Não havia tempo para arrependimentos, nem medos. A sensação de vitória crescia a cada etapa concluída. Nosso plano – louco e perfeito – estava sendo nossa salvação.

Isto até que Jorginho entrasse em cena. Tudo, exatamente tudo, se afundou quando o homem de meia idade – magricelo e barbudo – apontou aquela arma para Matheus.

Eu não saberia dizer como as coisas aconteceram depois disto. Tudo o que eu senti fora a queimação e a dor que se afloraram em minha pela assim que entrei na frente do meu melhor amigo.

Os gritos ficando cada vez mais insuportáveis perante ao desespero que eu senti. A voz – assustada e alta – de Matheus soou. E apesar de estar praticamente imerso em minha dor, eu entendia perfeitamente o que o mesmo me dizia.

— Vamos irmão. Não morre não, caramba. — Sinto sua mão apalpando minha blusa cheia de sangue. — Você é um idiota, eu preferia morrer eu seu lugar, cara.

Eu sei, mas eu também prefiro morrer. — Sorrio, apesar de ter a certeza de que o sorriso saíra angustiado. — Por favor, diga a Laís que eu amo.

Uma dor – ainda mais forte – se aflorou. Desta vez, a bala não tinha nada haver com isto. Eu me sentia impotente, prendi-me no rosto da mulher mais especial de minha vida. Meus olhos arderam com as lágrimas que se formaram. E apesar da pequena parcela do meu corpo estar morrendo aos poucos, eu pude ter a plena satisfação em constatar que Laís me fizera um cara melhor.

Ali, deitado sobre o chão empoeirando, pude ver Jorginho perder. E mesmo que isso tenha acarretado minha morte, eu me sentia completamente feliz.

Sendo assim, só permiti que a escuridão se possuísse do meu corpo quando o vi desarmado e algemado. Porque ali, eu percebi que minha vida se concluíra.

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