Hoje, um capítulo onde mãe... é mãe
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Cheguei na sessão de fisioterapia pélvica e ginecologia totalmente abalada. Era a primeira consulta depois da cirurgia. As duas mulheres iriam me atender ao mesmo tempo. Minha mãe passou o dia anterior mandando me depilar, mas a tensão foi tão grande que ao tentar raspar acabei me cortando todinha, então desisti e aparei apenas um pouco dos pelos maiores.
Entrei na sala e as duas já estavam lá, após as apresentações deitei-me na cama de ginecologia, sem a calcinha obviamente, e fiquei aberta numa situação totalmente constrangedora. Eu havia ficado assim logo após a cirurgia para a vistoria e a retirada do dilatador, mas ali era diferente, afinal tinha duas mulheres que nasceu mulheres, olhando para a minha vulva e não sei por que, não fiquei tão segura quanto eu imaginei que tivesse, além disso possivelmente elas só iriam ver pelos.
A fisioterapeuta ficou olhando meus exames, enquanto a ginecologista sentou-se diante das minhas pernas abertas. Aquilo era o cumulo da humilhação. Estava por fio para não chorar. Até meu cu estava exposto. Estava pensando em tudo para não ficar excitada quando ela me tocasse.
— Muito bem Manu, vamos ver o que temos aqui. — ela tocou um pouco e depois cobriu-me com o lençol que estava sobre minhas pernas. — Passou mais de um mês após a cirurgia então temos algumas considerações. Fez bem ter vindo sem tirar totalmente os pelos, queríamos verificar se eles estavam crescendo em todos os pontos após o procedimento cirúrgico.
A fisioterapeuta sentou-se próximo a ginecologista, levantou o lençol e começou a examinar também. Aquilo estava traumatizante cada vez mais. Eu já começava a suar frio.
— Então, como a gine falou, podemos ver aqui que os pelos estão no lugar certinho. Vamos ver o seu canal vaginal. Você já nasceu com ele, então queremos saber se você tentou colocar alguma coisa dentro.
Como assim colocar coisa dentro? Eu não estava conseguindo nem me depilar, quanto mais achar buraco para colocar algo dentro.
Elas perceberam na hora minha cara vermelha e meus olhos arregalados. Aquilo iria demorar, estava sentindo.
— Não coloquei nada dentro.
— Certo, pois não acho apropriado colocar nem absorvente interno, pois além de ser desaconselhável devido ao acumulo de sangue que pode ocasionar em algo, tem o fato de que, embora esteja tudo muito bem cicatrizado, alguma infecção ainda pode ocorrer se tiver alguma abertura na ferida. Quando você retirou os pontos?
— Umas três semanas depois da cirurgia, faz uns quinze dias mais ou menos.
— Percebemos que está bem cicatrizado, logo não vai haver quase nenhum sinal. Tem passado a pomada que recebeu após a retirada dos pontos para diminuir a cicatriz?
— Sim. Sempre antes de dormir, pois é quando estou sem roupa apertando.
— Muito bem. Vamos verificar seu canal. Vamos colocar um pequeno caninho, da grossura do dilatador que você usou após a cirurgia. É da grossura do dedo mindinho, não se preocupe, vamos fazer um ultrassom e observar um pouco aqui, será rápido.
O procedimento levou cerca de cinco minutos. Foram os cinco minutos mais longo da minha vida. Embora eu estivesse segura sobre meu corpo, ainda sentia aquele sentimento de dúvida, então acabei perguntando as doutoras.
— Vocês acham que está parecido com uma vulva de verdade? Por que eu já vi vários vídeos e fotos e fico olhando, mas não sei se realmente é assim. Eu estou segura, mas ao mesmo tempo insegura.
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Ele sou Ela®
RomanceFábio sempre foi um garoto que viveu rodeado de amigos e participava do clube de vôlei da escola, era um rapaz não muito alto, mas com uma agilidade que dava inveja nos outros garotos. Mas um dia, depois de um acidente de trânsito, ele descobre que...