28. Te vi no meio do jogo

296 23 1
                                    

Mais um, quase terminando.

***

Um ônibus nos esperava no aeroporto e seguimos para um hotel que eu já conhecia, afinal aquela era a minha cidade. O hotel possuía uma pequena área de esporte, que seria onde iriamos treinar um pouco, para o jogo do dia seguinte, que ocorreria de tarde.

Como chegamos lá na hora do almoço, não trocamos de roupas e seguimos para um refeitório enorme e tinha janelas de vidro que iam do teto até o chão e a maioria das mesas eram coletivas. Nos sentamos numa que estava no centro do local e fizemos nossos pedidos.

— Sua cidade natal é muito bonita, pelo pouco que vi Manu. Será que vamos ver seus amigos? — falou Amanda toda contente olhando para os lados.

— Espero que isso não seja interesse nos meus amigos. Não deveria ter mostrado as fotos deles para você.

— Calma, Manu. Posso nem olhar. E você pode olhar também, se quiser.

— Eca! Não.

— Eles não são de jogar fora, pelo menos imagino que não tinha edição nas imagens.

— Não, não. Eles são bonitos. Mas não estou interessada.

— Nem em Rafael?

Amanda percebeu que comecei a ficar vermelha e me abraçou rindo de mim.

— Sabia! Não se preocupe, não vou ter tempo para essas coisas. Hoje de tarde estamos livres e a noite também, mas amanha de manha vamos treinar um pouco e de tarde será o jogo. Acredito que voltemos para Goiás de noite, a menos que fiquemos dormindo no aeroporto.

— Acho que não. Possivelmente de noite já estávamos voltando e antes da meia noite já estejamos em casa. Pelo menos eu espero. E como a professora D. disse que estamos livres hoje para explorar um pouco a cidade, que tal irmos na minha antiga casa hoje de tarde? Nunca mais via ela. Uma amiga de minha mãe fez uma limpeza na casa ontem, minha mãe pediu e ela sempre ajuda a gente em tudo, então ela sabe da minha situação. Vai ser legal revisitar meu antigo bairro, saí faz apenas seis meses, mas parece uma eternidade.

— Nossa! Vou sim, com toda certeza. Será que todo mundo vai te reconhecer? Não está com medo de pessoas falarem algo?

Olhei para Amanda que estava com o rosto preocupadíssimo, embora um fio de curiosidade cintilava em seu olhar.

— Já estive com muito medo, mas agora já não me preocupo mais. Tenho que ir de frente com tudo. Se me reconhecerem não posso fazer nada. Eu escolhi ser Manuela agora e não tenho vergonha disso.

— Isso que fala amiga! Muito orgulhosa de você. Se eles disseram algo apenas ignore. Você é você e é isso que importa.

O almoço chegou lotando a mesa de coisas, mas o time estava morrendo de fome, então em pouco menos de trinta minutos os pratos e panelas já estavam limpas. Os treinadores ficaram em uma mesa afastada, mas em alguns momentos eles viam a nossa mesa e tirávamos selfs com algumas. Não importava o que fosse acontecer, eu tinha de superar e correr atrás do meu sonho, que era jogar vôlei.

***

Depois do almoço a maioria das meninas resolveram ficar no hotel descansando e outras resolveram ir para a praia. Eu e Amanda fomos até uma parada de ônibus e fomos até a minha antiga casa. Não tinha quase ninguém na rua, então entramos sem que ninguém nos reconhecesse. A amiga de minha mãe estava lá fazendo um lanche para quando chegarmos. A casa cheira a bolo.

— Menina! Como você está diferente. — falou ela me abraçando. — Pelas fotos que sua mãe mandou a gente já via a diferença, mas pessoalmente é incrível. Nem parece aquele rapaz que ajudei a trocar as fraudas.

Ele sou Ela®Onde histórias criam vida. Descubra agora