Mais um, quase terminando.
***
Um ônibus nos esperava no aeroporto e seguimos para um hotel que eu já conhecia, afinal aquela era a minha cidade. O hotel possuía uma pequena área de esporte, que seria onde iriamos treinar um pouco, para o jogo do dia seguinte, que ocorreria de tarde.
Como chegamos lá na hora do almoço, não trocamos de roupas e seguimos para um refeitório enorme e tinha janelas de vidro que iam do teto até o chão e a maioria das mesas eram coletivas. Nos sentamos numa que estava no centro do local e fizemos nossos pedidos.
— Sua cidade natal é muito bonita, pelo pouco que vi Manu. Será que vamos ver seus amigos? — falou Amanda toda contente olhando para os lados.
— Espero que isso não seja interesse nos meus amigos. Não deveria ter mostrado as fotos deles para você.
— Calma, Manu. Posso nem olhar. E você pode olhar também, se quiser.
— Eca! Não.
— Eles não são de jogar fora, pelo menos imagino que não tinha edição nas imagens.
— Não, não. Eles são bonitos. Mas não estou interessada.
— Nem em Rafael?
Amanda percebeu que comecei a ficar vermelha e me abraçou rindo de mim.
— Sabia! Não se preocupe, não vou ter tempo para essas coisas. Hoje de tarde estamos livres e a noite também, mas amanha de manha vamos treinar um pouco e de tarde será o jogo. Acredito que voltemos para Goiás de noite, a menos que fiquemos dormindo no aeroporto.
— Acho que não. Possivelmente de noite já estávamos voltando e antes da meia noite já estejamos em casa. Pelo menos eu espero. E como a professora D. disse que estamos livres hoje para explorar um pouco a cidade, que tal irmos na minha antiga casa hoje de tarde? Nunca mais via ela. Uma amiga de minha mãe fez uma limpeza na casa ontem, minha mãe pediu e ela sempre ajuda a gente em tudo, então ela sabe da minha situação. Vai ser legal revisitar meu antigo bairro, saí faz apenas seis meses, mas parece uma eternidade.
— Nossa! Vou sim, com toda certeza. Será que todo mundo vai te reconhecer? Não está com medo de pessoas falarem algo?
Olhei para Amanda que estava com o rosto preocupadíssimo, embora um fio de curiosidade cintilava em seu olhar.
— Já estive com muito medo, mas agora já não me preocupo mais. Tenho que ir de frente com tudo. Se me reconhecerem não posso fazer nada. Eu escolhi ser Manuela agora e não tenho vergonha disso.
— Isso que fala amiga! Muito orgulhosa de você. Se eles disseram algo apenas ignore. Você é você e é isso que importa.
O almoço chegou lotando a mesa de coisas, mas o time estava morrendo de fome, então em pouco menos de trinta minutos os pratos e panelas já estavam limpas. Os treinadores ficaram em uma mesa afastada, mas em alguns momentos eles viam a nossa mesa e tirávamos selfs com algumas. Não importava o que fosse acontecer, eu tinha de superar e correr atrás do meu sonho, que era jogar vôlei.
***
Depois do almoço a maioria das meninas resolveram ficar no hotel descansando e outras resolveram ir para a praia. Eu e Amanda fomos até uma parada de ônibus e fomos até a minha antiga casa. Não tinha quase ninguém na rua, então entramos sem que ninguém nos reconhecesse. A amiga de minha mãe estava lá fazendo um lanche para quando chegarmos. A casa cheira a bolo.
— Menina! Como você está diferente. — falou ela me abraçando. — Pelas fotos que sua mãe mandou a gente já via a diferença, mas pessoalmente é incrível. Nem parece aquele rapaz que ajudei a trocar as fraudas.
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Ele sou Ela®
RomanceFábio sempre foi um garoto que viveu rodeado de amigos e participava do clube de vôlei da escola, era um rapaz não muito alto, mas com uma agilidade que dava inveja nos outros garotos. Mas um dia, depois de um acidente de trânsito, ele descobre que...