Feliz Natal. Mais um para vocês.
***
Um mês havia se passado desde a conversa séria que eu tive com Felipe. Ele conseguiu um emprego na capital e se mudou para lá. Antes de sua mudança ele se despediu e mais uma vez desejou-me felicidades, acrescentando para que eu procurasse Rafael. As coisas não eram tão simples.
Nós estávamos nas quartas de final, mais dois jogos e podíamos ganhar o Campeonato Nacional de Vôlei. A semana estava tremenda, vários treinos e alimentação acirrada para que nosso físico tivesse a melhor resistência. A única coisa que esse tempo todo não melhorou foram minhas noites de sono.
Eu estaria sendo uma idiota se dissesse que esqueci Rafael depois que deixei ele plantado no aeroporto. Há duas semanas ouvi ele conversando com minha mãe. E ouvi quando ele perguntou por mim, mas minha mãe não amenizava para o meu lado e disse que eu estava péssima.
Eu não estava chorando por homem nenhum, então nada dava a entender que eu estava "péssima" como minha mãe havia dito para Rafael. Bufei me esticando na cama. Felipe foi uma sensação tão boa, uma vontade me ser mulher sem lembrar do meu passado. Mas Rafael não era conforto, ela tempestade, tudo nele me deixava ansiosa, ele me olhava como se visse todos os meus medos e aquilo não estava certo. Estava?
Joguei o lençol, escovei os dentes, lavei o rosto e fui para a cozinha apenas com minha camisola, sem sutiã, afinal os meus seios estavam grandes, mas ainda era relativamente pequenos. Além disso, meus pais nem ligavam. Tomei o café da manhã com eles e fui lavar os pratos, enquanto eles se preparavam para sair, mas ouvi que tínhamos visita.
Estava enxugando as mãos para ir ver quem estava na porta quando parei no meu da cozinha ao ouvir a voz de Rafael da sala.
— Claro, Rafael, pode entrar. Ela está na cozinha. Estamos saindo, mas pode ir lá conversar com ela. — falou minha mãe.
Ai que saco mãe! Como assim? O que era isso que estava acontecendo? Uma armadinha? Um déjà-vu? E então a porta se fecha e eles vão embora. Meu pai poderia me defender. Meu coração acelera enquanto escuto passos vindo para onde estou. Levo a mão ao peite e sinto que a qualquer momento minha caixa torácica vai arrebentar.
E então ele aponta na porta e fica olhando para mim. Ele está tão bonito numa calça jeans e camiseta. Não era justo meu coração ficar assim perto dele. Que droga. Eu consegui escapar ilesa dele na cidade natal. O que estava acontecendo agora? Será que era porquê Felipe disse que ele gostava de mim? Impossível. Ele era gay.
— Pode sentar. Quer um café? — falei pegando o bule e colocando em cima da mesa, assim que ele se sentou numa das cadeiras.
Enquanto eu colocava um pouco de café para mim, percebi que ele ficava olhando para meu corpo vestido naquele fino tecido de camisola. E meus seios começaram a pontar na roupa, prendendo seu olhar neles. Comecei a sentir meu rosto ficar vermelho.
— Eu vou trocar de roupa. — virei-me rapidamente tentando sair da cozinha.
— Não! — gritou rouco. E tossiu. — Não precisa, pode... pode ficar assim.
Ele estava tão vermelho quanto eu e aquilo estava ficando bizarro. Assenti e voltei sentando na cadeira a sua frente. Ele começou a mexer nas mãos sem parar e estava prestes a perguntar o motivo da visita, mas ele resolveu iniciar a conversa.
— Manuela, porque fugiu de mim ao final do jogo?
Por aquela pergunta eu não esperava. Primeiramente, não esperava nem que ele me procurasse mais alguma vez na vida. Suspirei.
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Ele sou Ela®
RomanceFábio sempre foi um garoto que viveu rodeado de amigos e participava do clube de vôlei da escola, era um rapaz não muito alto, mas com uma agilidade que dava inveja nos outros garotos. Mas um dia, depois de um acidente de trânsito, ele descobre que...