Ele sou Ela®

19. O que está acontecendo

Agora o único capítulo mostrando a visão de Rafael e Felipe. Boa leitura <3

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Rafael

Fazia três meses que Fábio havia viajado para Goiás. Sempre fui muito de tirar onda com ele e muitas vezes ele se incomodava, mas me desculpava, pois sabia que eu não estava falando sério. Eram apenas brincadeiras de amigos. Mas então, fomos acampar e nada voltou a ser o que era antes...

Eu já vinha planejando esse acampamento a semanas, poisa sabia o quanto ele gostava de passar alguns dias diante da natureza para relaxar. O local era sempre áreas preservadas e onde era seguro e regularizado para essa pratica. Quando idealizei a viagem, eu sabia que queria ir sozinho com ele, mas não sabia exatamente o porquê daquela vontade.

Meu coração só faltava chegar à boca quando finalmente o dia da viagem chegou. Eu estava um turbilhão por dentro, sabia que ele era meu melhor amigo, sempre foi desde que éramos crianças e sabia que não deixaríamos de ser. Porém cada dia que o via ele tinha um sorriso e um brilho diferente que me deixava constrangido ao lado dele, eu não sabia o que estava acontecendo, afinal ele era uma cara e eu também era e não passava pela minha cabeça que eu fosse gay.

A viagem estava perfeita até o momento em que fomos nadar, eu queria curtir a natureza e queria que ele fosse comigo. Não é isso que amigos fazem? Dividir os bons momentos juntos? Mas quando ele deitou-se nas pedras eu não consegui me segurar e puxei sua cueca para fora, percebi naquele momento que algo estava muito errado com ele, não pelo tamanho do pênis ou coisa do tipo, mas pelo constrangimento que ele teve ao perceber que eu acabava de descobrir seu maior segredo.

Voltamos para a cabana e prometi não encostar mais um dedo nele, mas foi impossível, ele estava tão pequeno, tão miúdo e quente perto de mim que quando vi meus lábios e meu corpo já estava sobre ele. Nesse ponto nossa amizade estava arruinada. Prometemos esquecer tudo, mas eu sabia, lá no fundo, que não importasse o que eu fizesse, aquele beijo iria ficar comigo para sempre. Era o primeiro beijo dele e ele era meu. Arrependimento misturava-se com alegria, por ser o primeiro. Mas a angustia prevalecia.

Quando descobri que ele iria embora, passei noites sem dormir. Ele era meu melhor amigo. Tínhamos mais amigos no nosso grupo, mas ele era o que eu tomava café de manhã antes de ir para a escola e o que dividia comigo todos os momentos complicados que eu tinha.

Então, tivemos um beijo final. Um beijo de despedida. Foi o melhor beijo da minha vida. Com nenhuma garota eu havia sentido meu coração acelerar a ponto de quebrar por dentro em cada respiração. Ele ia embora por um tempo, tempo esse que por mais curto que fosse, era muito longo.

Eu não estava ligando se seu corpo colado ao meu era de mulher ou de homem, se ele tinha pênis ou vagina, se pau pequeno ou grande. Eu só queria Fábio comigo. E aquilo estava me matando, mas eu não podia alimentar nada daquilo. Eu não sabia se minha atração era apenas baseada nele ou se era de fato uma homossexualidade, por isso, dias antes fui em uma festa e beijei um cara.

Conheci o rapaz e percebi de cara que ele era gay e resolvi conversar com ele e contar minha história, então a curiosidade foi maior e nos beijamos, mas não era o que eu procurava. O beijo em si não foi ruim, mas não me atraiu, não me satisfez, não preencheu aquele vazio dentro de mim.

E então dias depois Fábio foi embora. Pensei que fossemos manter mais contato, nos falarmos por telefone, mas isso foi apenas no início, pois assim que o ano terminou não houve mais ligação, nem mensagem se áudio. Apenas mensagem de texto. O maior dilema eram os vídeos-chamadas. Nenhum.

Eu sentia lá no fundo que ele estava querendo se esquecer de onde veio, e principalmente de mim. Dizia que estava tudo bem, que ainda era meu amigo, que se importava com nossa amizade, mas falar com ele era hora marcada e ligação e vídeo eu fazia apenas com seus pais, na esperança de que ele passasse atrás do vídeo e eu pudesse vê-lo.