Eita que era para ter postado ontem. Boa leitura
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No dia seguinte tivemos mais um treinamento de vôlei e marquei com Amanda que assim que terminássemos eu iria almoçar na casa dela. Eu não estava bem, mas muito melhor depois de treinar um pouco e gastar um pouco de calorias. A rotina de vôlei seria minha salvação nesses momentos de dificuldade. Quando os treinos terminaram Amanda se aproximou muito contente para conversarmos, mas logo percebeu minhas olheiras e cara abatida.
— Que cara é essa? O que aconteceu? — perguntou enquanto puxava-me para o lado de fora, onde o pai dela já nos esperava com o carro.
— Quando terminarmos de almoçar eu quero conversar contigo um assunto meio delicado.
Amanda era paciente, então apenas olhou-me e acenou com a cabeça. O almoço ocorreu com todo mundo falando ao mesmo tempo. Os pais dela eram muito simpáticos e tentava a todo custo empurrar mais comida no meu prato. Tínhamos uma dieta muito balanceada por conta do jogo, mas o que era mais uma colher de purê? Tudo estava muito gostoso e por algumas horas esqueci de todos os problemas que se juntaram em minha cabeça.
Mas logo que terminamos de almoçar os pais dela precisaram voltar ao trabalho e nos dirigimos para seu quarto. O quarto de Amanda era um pouco diferente do meu, pois tinha um acama box de casal enorme no meio. Um violão em cima de uma poltrona, um guarda roupa embutido na parede e um tapete gigante no chão. Não tinha quadros, nem placas, muito menos troféus de algum jogo ou que remetesse a algo que envolvesse com vôlei.
Segundo ela, tudo ficava guardado na estante da sala para que os pais mostrassem a todos que chegassem e o quarto ela usava apenas para dormir e tocar violão, que era sua segunda paixão. Nos sentamos o tapete ao pé da cama e ainda tremendo comecei a contar tudo para ela.
— Eu nasci menino, Amanda.
A cada palavra que eu ia soltando sobre meu passado e todo o processo que tive, os rapazes que me envolvi e tudo mais, ela abria e fechava a boca e arregalava os olhos. Quando terminei de falar e soltei meu ar, esperei que ela falasse algo, tirasse duvidas, me acusasse, qualquer coisa, menos o que de fato ela fez, que foi me abraçar. Ela me apertou forte como se não quisesse me soltar.
— Ah, Manu, quanta coisa você passou.
E aquilo foi o suficiente para retribuir o abraço e chorar em seu ombro. Eu não sabia se merecia uma amiga tão perfeita. Ela também chorou abraçada comigo. Ela não me acusou, não apontou o dedo, não julgou a minha omissão, mas foi lá e me acolheu. Foi mais do que eu esperava.
Depois de nos recompormos, ela foi até a cozinha e trouxe para cada uma um pedaço de bolo de chocolate e uma minigarrafa de vinho. Se o lance era ficar bêbada, eu iria começar agora.
— Eu não consigo, nem de longe, saber tudo que você passou, mas imagino que foi muito difícil. Quer alguma dica com os meninos? Quer sair para paquerar algum na noite?
Eu ri. Só ela para transformar um assunto sério eu uma coisa tão leve.
— Não mesmo. Só quero ficar bem.
— Então, você pode ser mãe?
— Posso. Tenho as coisas toda de uma mulher.
— Posso ver?
Olhei para a cara dela chocada com a pergunta. Oh! Louca!
— Estou brincando. — falou e caiu deitada no tapete de tanto rir. — Eu não estou interessada. O que não entendi até agora é por que os dois idiotas fugiram.
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Ele sou Ela®
RomanceFábio sempre foi um garoto que viveu rodeado de amigos e participava do clube de vôlei da escola, era um rapaz não muito alto, mas com uma agilidade que dava inveja nos outros garotos. Mas um dia, depois de um acidente de trânsito, ele descobre que...