— Meu Deus! Que lugar lindo! — exclama Rafael, quando chega ao alto de uma das montanhas.
Viajamos cerca de 6h para curtir a natureza num lugar lindo. E... Nadar, pescar, se divertir sem pais por perto. Gosto de viajar com meus amigos, mas com Rafael é diferente, pois ele sempre arruma um jeito da viagem ser ainda mais divertida. Já fiz trilha, viagem de futebol, viagens para museu, para pontos turísticos e fui até para o México uma vez (nessa viagem meus pais e os dele foram também). Nossa família sempre foi unida, assim explica tudo.
Pego a mochila, jogo num canto e começo a retirar alguns utensílios como tesouras, facas e cordas. Assim que estou procurando um pouco de lenha vejo Rafael armando nossa barraca, que cabia até quatro pessoas. Era grande, mas sempre gostamos de espaço. Quando chegamos à montanha já era 11h da manhã, então eu precisava comer... Para ontem!
— Vem comer Rafael! — gritei para ele assim que terminei de montar a lenha num canto.
— Espera aê! — disse ele tirando uma Self para postar nas Redes Sociais.
Revirei os olhos e ele sentou-se ao meu lado.
— O que temos para hoje?
— Arroz, feijão e carne assada. E água. Está bom ou quer mais?
— Está ótimo!
Quando terminamos de comer ficamos deitados no colchão debaixo de uma árvore e logo depois fomos jogar vôlei numa área plana que tinha próxima da barraca, nem vimos o tempo passar e quando nos demos conta já era 18hrs.
— Vamos ao rio antes que a gente não enxergue mais nada. Amanhã não teremos tempo. — fala Rafael pegando uma toalha da sua mochila.
— Pode ser, mas de roupa né?
— Como assim de roupa? Você já me viu pelado mil vezes, somos homens cara. Se você fosse mulher aí sim. — e riu se dirigindo para a trilha que ia dar no rio.
Não gosto de uma coisa, e vou confessar para vocês: não gosto do meu corpo. Eu sou magro e de média estatura, porém não tenho pelos pelo corpo como Rafael. Acho isso estranho, pois meu pai tem e isso não deveria ser hereditário? E meu rosto é delicado, acho as vezes que parece com o de uma menina. De uma coisa eu me orgulho no meu corpo: barriga tanquinho e bumbum, pelo menos isso disfarça certa parte do corpo que nem meu melhor amigo viu. E espero que ele nunca veja, pois ele pode dizer que ainda sou "criança". Vocês entenderam né? E, aliás, minha voz, nunca ficou grossa, apenas estranha. Tenho sorte e por fazer parte do Time de vôlei e ser popular na escola o bullying não fez parte da minha vida, mas o que seria de mim depois da escola?
Caminho atrás dele depois que peguei minha toalha e vesti minha sunga. Quando chego próximo ao rio vejo Rafael acenar para mim já nu e depois pula nas águas. Um frio na barriga percorre todo meu estômago. Amo nadar, mas no escuro? Acho que não. Tentei dar a volta para pegar uma corda na barraca, afinal nunca se sabe né? Quando senti alguém segurando meu braço. Olho para trás e vejo Rafael sorrindo.
— Para onde você vai Fábio? Vamos entrar no rio.
— Vou só pegar uma corda.
— Está com medo? — ele levanta uma das sobrancelhas.
— Claro que não. — cruzo os braços.
Ele rapidamente, antes que eu pensasse direito, me levantou em seus braços e me jogou dentro do rio. Assim que me encostei a uma das pedras, olhei de cara feia pra ele.
— Tá doido, irmão?! Quer matar a pessoa?!
Ele pulou no rio e nadou até mim sorrindo. A vontade que deu foi de dar um soco na cara dele.

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Ele sou Ela®
RomansaFábio sempre foi um garoto que viveu rodeado de amigos e participava do clube de vôlei da escola, era um rapaz não muito alto, mas com uma agilidade que dava inveja nos outros garotos. Mas um dia, depois de um acidente de trânsito, ele descobre que...