Capítulo dois ✨

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Any Gabrielly.

Não sou uma menina clichê.

Aí nossa, odeio meu colega de trabalho e essas coisas.

NÃO! Definitivamente eu não sou assim. Ódio é uma palavra que não existe no meu vocabulário.

Meu pai me mataria se soubesse que cultivo tal sentimento.

Tá bom! Para ser honesta, ódio existe sim, mas essa palavra é destinada apenas para uma única pessoa.

E não, não é para Joshua Beauchamp.

Está certo que eu quero mata-lo todos os dias da minha vida. Está certo que eu imagino uma morte lenta, torturante e bem dolorosa para ele. Mas, fala sério, isso não pode e nem deve ser considerado ódio, não é mesmo?

Eu amo trabalhar na Kids Intercorps Desolution (KID). Essa empresa é meu sonho desde quando eu tinha uns, sei lá...18 anos.

Ok, agora eu tenho 22 e meio que cai de paraquedas lá, mas, mesmo assim, eu amo meu emprego.

O setor de finanças parece chato e não se iludem, ele é mesmo. Porém, os benefícios que essa empresa me proporciona, é muito maior do que a chatice do meu cargo.

Cara, eu tenho direito a comprar qualquer brinquedo, eu disse QUALQUER BRINQUEDO, pela metade do preço. Sem falar nos parques de diversões que leva o mesmo nome da nossa empresa.

Sim, toda a linha KID é voltada para crianças e OMG, quem não surtaria?

Não gente, não sou infantil, mas eu amo essas coisas. Sempre amei e isso não mudou com o tempo. Acho que puxei minha tia Lucy. A mulher tem quase cinquenta anos e mantém sua coleção de Barbies intacta em sua casa no Colorado. Meu tio Ben, um dia, tentou joga-las fora e botar a culpa no pobre gato gordo. Tia Lucy pegou ele no ato e tio Ben manca até hoje com os tabefes que levou por conta disso.

Saudades deles, preciso visitá-los.

Mas, voltando ao meu amor pelos brinquedos. Claro que eu tento me controlar com meu entusiasmo, consigo perfeitamente ser uma garota de 22 anos séria na hora de apresentar os relatórios para meus chefes. Tenho que ser, eles não gostaram muito quando eu apresentei um slide cheio de frufru.

Joshua me infernizou por quase um mês por conta disso. Ele só parou porque eu, literalmente, apontei uma caneta para ele e disse que ia furar sua garganta sem pena.

São sete horas da manhã agora. O sol brilha lá fora e eu desligo meu despertador.

Olho no calendário, o que tenho pregado ao lado da minha cama e vejo um X marcado para daqui a dois meses. É o dia que farei a entrevista pra mudar de setor. Finalmente irei para o setor que confecciona os brinquedos. Meu lugar é lá. Fecho os olhos e imagino um carrinho sendo montado do nada. O corpo, as rodinhas sendo postas, a cor sendo escolhida e abro um sorriso. Sim, meu lugar é definitivamente lá.

Isso renova minhas energias e me levanto para me arrumar.

Escuto Shivani, minha irmã, batendo panelas e sei que ela invadiu minha casa.

Novamente.

A gente não mora longe uma da outra. Meu prédio e no começo da Quinta Avenida e o dela é no final. Mas acredita que ela vem quase todos os dias tomar café aqui?

Você pode se perguntar o porquê de não morarmos juntas. Até tentamos por alguns meses por pura insistência de nossos pais, mas não deu certo. Dois meses depois, ela estava se mudando para outro prédio e vivemos assim desde então.

As vezes eu também invado a casa dela e fico por lá. Temos a chave uma da outra para casos de emergência.

Obviamente nosso conceito de emergência é: sentir fome, se sentir sozinha, querer desabafar ou estar enjoada de nossa própria casa.

O que acontece com uma frequência alarmante.

Somos filhas de dois fazendeiros do Texas. Não estamos acostumadas a ficar sozinhas. Em nossa cidade, todo mundo nos conhece. Eu, ela e nosso trio.

Não sei quem apelidou meus irmãos assim.

Somos "as meninas e o trio" lá.

Sou a segunda mais nova de cinco filhos. Carregarei esse fardo por toda minha vida.

Shivani caçoa de mim várias vezes, como se ela fosse muito mais velha do que eu.

Carter é o meu irmão mais velho, seguido por Luccas, Shivani, eu e por último Rony, nosso caçula.

Carter, por ser o mais velho é meio protetor. Lembro a luta que foi para eu e Shivani sairmos de casa. O filho da mãe queria vir junto só para não nos deixar sozinhas.

Com muito custo, meus pais e meus irmãos convenceram ele de nos deixar "desbravar o mundo".

Claro que o conceito de desbravar seja apenas de casa para o trabalho e do trabalho para casa.

Luccas e Rony são tranquilos.

Rony parece meu irmão gêmeo. Apesar de eu ser quatro anos mais velha do que ele, somos muito ligados.

Sou ligada com todos eles, na verdade.

Amo-os demais. Muito.

Morro de saudades do falatório que é nossa casa. Não vejo a hora do dia de ação de graças chegar para eu visitá-los na roça.

Sorrio com esse pensamento. Meus pais falam que eu e Shivani agora somos meninas da cidade.

Ela adora isso. Eu já nem tanto.

Olho o relógio de novo e vejo que já se passaram meia hora desde quando acordei.

Começo a me arrumar pelos meus cabelos, dessa vez vou prende-los em um rabo de cavalo e hum...uma blusinha verde fluorescente com minha calça branca.

Pronto! Look perfeito!

Joshua vai morrer com minha roupa hoje. Cruzo os dedos para que isso realmente aconteça e eu seja a única a presenciar a cena.

Se ele soubesse o real motivo de eu me vestir assim, ele nunca mais falaria nada. Ou não, do jeito que é um sem coração e sem noção, capaz de isso ser munição para mais comentários ácidos.

Balanço a cabeça. Não! Estou sendo injusta. Se ele soubesse, talvez pegaria leve nos comentários. Ele é um monstro insensível e cruel mas, nem tanto.

Joshua é horrível e me irrita em um nível extremo, mas reconheço que existe gente pior. Muito pior. Existe homens que simplesmente abusam de sua força e influência para fazer o que quiserem com outras pessoas.

E não pagam nada por isso.

Balanço a cabeça novamente.

Meus pensamentos estão indo por um caminho que não é bem-vindo, não hoje e nem nunca mais.

Olho para o espelho dentro de meu armário e sorrio para mim mesmo.

Está tudo bem.

Show time, Any!

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