Por favor, pensem nessa música enquanto leem o POV da Diarra. Ela descreve o que ela era, o que ela é e o que ela quer no futuro. Fará mais sentido nos próximos capítulos...kisses.
Los Angeles, 19 de Dezembro de 2019, 3:45 A.M.
POV Diarra Sylla
Meu corpo pedia por descanso urgente e, assim como minha mente, ele queria estar em casa.
- Só mais 20 minutos... - Repetia em um volume quase inaudível enquanto meus saltos faziam barulho na caminhada diária até o ponto de ônibus. Assim como todas as frias madrugadas após o trabalho, eu precisava caminhar 5 minutos até o ponto de ônibus, esperar 15 minutos pelo meu transporte e ir embora para meu pequeno apartamento no lado sul central da cidade. Trajeto simples depois de noites exaustivas no clube "The Bunnies", onde eu trabalhava como stripper. Não, eu nunca quis seguir essa profissão. Diferente de minhas colegas de trabalho, eu fui forçada a entrar nesse mundo e não tenho chance nenhuma de sair...não sem pagar a dívida.
Me sento suspirando no banco de concreto do ponto de ônibus e checo o horário no celular mais uma vez antes de bloqueá-lo e guarda-lo no bolso do grande casaco que me cobria e me protegia do frio da gélida noite de Los Angeles. Minha paz e segurança teve seu fim quando um homem chega e se encosta na parede atrás do ponto de ônibus. "Atenção. Qualquer movimento suspeito e você precisa agir, fugir se necessário." Minha mente já traçava vários planos para sair dali sem nenhum arranhão do tal homem e meu corpo estava atento a cada movimento ao seu redor.
- Você sabe qual é o próximo ônibus que passa por aqui? - A voz do homem se faz presente no recinto e meu corpo todo se arrepia em segundos. Não o tipo de arrepio comum nessas situações, mas um arrepio que me fazia ter vontade de virar em sua direção e não o tipo que me fazia querer fugir. Respiro fundo enquanto pensava se o respondia ou não e sua voz se faz presente novamente enquanto eu pensava. - Ei, é surda? Eu fiz uma pergunta. - a rispidez em sua voz demonstrava impaciência e um nervosismo desnecessário, que me irritou automaticamente.
- Não sou surda, apenas estava pensando antes de te responder. Agora fique sem sua resposta. - Respondo em tom calmo e volto aos meus pensamentos.
Silêncio novamente toma o lugar para que apenas segundos depois fosse cessado pelos passos daquele homem que em tão pouco tempo já havia despertado em mim um grande nervosismo. Seus passos estavam chegando mais perto e no exato momento em que eu me levantaria para fugir, ele se senta próximo a mim e vira seu rosto, antes desconhecido por mim, para a minha direção.
- Realmente não vai me responder? - Ele pergunta.- Realmente vai ser grosseiro? - Respondo no mesmo tom de voz e cruzo os braços, mantendo meu olhar no chão. Uma lição que aprendi com a vida é de nunca aceitar que as pessoas te tratem com menos respeito do que merece. Eu podia ter pouco ou quase nenhum valor, mas não aceitaria grosserias de um homem que não conheço após uma noite de trabalho.
- Argh...okay! Me desculpa... não quis ser rude com você. Pronto! Pode me responder agora? - o tom impaciente ainda estava ali, mas o curto pedido de desculpas já era o bastante.
- O próximo ônibus vai para Central South. Deveria começar a praticar sua abordagem, senhor grosseria. - Respondo em tom calmo, mas com leve tom de deboche.
- Eu tenho um nome, sabia disso?
- E eu deveria conhecê-lo? Por acaso você é algum cantor ou celebridade da TV? - Pergunto me virando alguns centímetros na sua direção.
- Não sou nada disso, mas poderia ser. Meu nome é Noah. - Ele solta seu nome em um tom diferente do restante da frase, mais temeroso e pensativo, contrastando com a firmeza de sua voz até agora. É como se ele estivesse pensando se devia dizer ou não...mas por que ele não contaria?
- É um prazer te conhecer, Noah.
- É agora que você diz o seu, senhorita...
- E quem lhe disse que eu falaria meu nome para você?
- Eu te falei o meu! Você fala o seu! São as regras! - Ele parece um tanto indignado com a minha negação, mas isso não me faz amolecer. Me viro para ele e encaro seu rosto, que me olhava atentamente. Meus olhos são atraídos pelos seus e a primeira coisa que consigo notar, mesmo que na luz fraca da rua, são seus olhos, de cor clara e que refletiam até a mais pequena luz do lugar. Segundos se passam e nenhum para a conexão que surgiu entre nós até que eu decido responder a seu argumento curto e...ineficaz para mim.
- Eu não sigo as mesmas regras que você. - Falo firme e fecho meu semblante, o endurecendo e mostrando que não estava aberta para discussões.- Então que regras você segue? - Sua voz soou grossa e incisiva, invadindo minha mente e a forçando a refletir.
Sobre que regras eu agia? Quem mandava no jogo da minha vida? A primeira resposta que me veio era simples: eu mandava e fazia minhas regras, mas isso era mentira. Eu era uma stripper contra minha própria vontade, vivendo em um apartamento alugado na pior parte da cidade. Eu definitivamente não era dona do jogo da minha vida. Sua pergunta me fez pensar pelo que eu acredito terem sido longos segundos até que o som do ônibus se aproximando fez meu corpo sair do transe e se levantar.- Vai pegar esse ônibus? - É a única coisa que consegue sair de meus lábios enquanto sinalizava para meu transporte.
- Não... - ele respondeu - irei esperar o meu.
Assenti com a cabeça e quando o ônibus para, eu começo a subir, mas não sem antes olhá-lo por cima do ombro e dizer:- Diarra. Esse é meu nome.
Entro no ônibus e me sento no fundo do transporte, vendo o desconhecido de olhos claros ficar cada vez mais distante.
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Burn With Me | Noarra Fanfiction
FanfictionDiarra teve sua vida vendida, Noah teve sua vida roubada. Ambos sem esperanças de que algo mudaria até que uma noite muda a vida tudo para sempre. Nada é eterno e em meio as armas e as mentiras, havia nessas duas almas perdidas o desejo. Desejo de s...