18 - Runaway

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P.O.V Diarra Sylla

De meia em meia hora, alguém via se certificar de que eu não havia fugido, o que era bem hilário já que não poderia sair nem que quisesse muito por não ter nenhuma saída além da janela com grades e a porta que era trancada por fora.

Por isso, eu tinha uma tempo livre para pensar no que estava acontecendo. Pensar no que havia feito, na carta e na reação de Noah ao ler. A raiva que ele devia estar sentido, a dor em meu peito ao pensar naqueles olhos esmeralda me olhando com ódio ao invés do carinho e alegria que havia visto nos dias que antecederam a esse.

Sem que eu perceba, minha mente viaja para anos atrás, quando eu era apenas uma garota com sonhos e uma inocência que agora eu sentia falta. Ela era tão boa... tão alegre... Eu sinto tanta falta dela.

Meus devaneios não duram muito mais porque sou desperta deles pelo som da tranca da porta sendo aberta e a porta se abrindo em seguida. O homem que entra não é nenhum dos outros que veio checar se eu estava aqui, por isso fico rígida e para na cama, olhando para ele enquanto esperava ele dizer algo.

Ele era alto, relativamente forte e com uma cara de que me devoraria se tivesse chance. Antes de dizer qualquer coisa, ele me encara de cima a baixo como se analisasse um pedaço de carne e sinto a bile subir por minha garganta ao lembrar que essa era a forma que os homens clientes da boate me olhavam.

Decido interromper isso e pigarreio, me ajeitando sentada na cama.

- Algum problema?

-- Terá se não vier comigo, princesa. O chefe quer ter uma conversa com você.

- Sobre o que ele quer falar?

Pergunto de imediato e penso mas possibilidades. Não é porque estava ali que iria ceder às ordens de um homem velho e desocupado. Pra início de conversa, estava ali porque Harvey ordenou que eu saísse da casa o mais rápido possível se quisesse que minha irmã continuasse segura.

Mesmo sem saber o porquê, fiz o que ele mandou mas não sem antes alertar Noah por meio da carta. Ele podia me odiar, mas agora estava informado o suficiente para combater eles no jogo certo.

-- Princesa...facilita pra mim, vai. Levanta e vamos.

- Não sem antes me disser o assunto da conversa. E eu tenho um nome e não é princesa. Não sou sua amiga pra me chamar assim.

Me imponho e noto que não surtiu um efeito positivo naquele homem. Ele vem até mim e, segurando com agressividade meus braços, me põe de pé e próxima a ele. Sinto seu hálito em meu rosto e faço uma leve careta por causa da força que ele aplicava em meus braços.

-- Escute aqui, sua vadiazinha. Eu falo como eu quiser com você, entendeu? Mais uma dessas e...

--- Thomas, seu pai está mandando levar a garota para lá agora.

Essa é a primeira vez que fico aliviada por ouvir a voz de Harvey. Ele encara a cena e, como esperado, não repreende Thomas, o filho do líder dos Watch Dogs, apenas espera ele se afastar de mim e sair do quarto pisando duro. O sigo séria e encaro Harvey com um olhar que o faz estremecer. Eu teria minha vingança contra ele. Oh, se teria.

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Entro na sala do chefe deles e olho em volta rapidamente antes de focar na mesa e no homem de aparentemente 50 e poucos anos atrás dela, me olhando como um vencedor olha para seu troféu. Tudo estava ficando cada vez mais confuso, mas esperava que pudesse entender o que se passava e o motivo de estar aqui.

-- Diarra, que prazer poder finalmente te conhecer.

- Obrigada, mas você é quem mesmo?

Pergunto dando passos lentos e incertos para perto da mesa daquele homem ainda desconhecido.

-- Meu nome é Michael. Creio que tenha conheci meu filho Thomas.

Ele indica o homem jovem que me escoltou até aqui e quase abusou de mim no quarto com a naturalidade de um diplomata e o sorriso de um modelo de pasta de dente. Que diferença gritante de pai pra filho.

-- Venha, se sente. Temos que conversar um pouco.

Faço o que ele diz e me sento em uma das duas cadeiras que haviam na frente de sua mesa, o olhando ainda com suspeitas.

- Sobre o que temos que conversar? Desde que cheguei ninguém me disse nada.

-- Isso porque nenhum deles sabe, eu decidi manter isso como um segredo entre nós dois. Você se mostrou muito boa em guardar segredos, senhorita.

Ele sorri para mim e eu me mantenho séria. Não era bom saber que minhas atitudes até agora beneficiaram eles são enquanto prejudicaram a Noah e sua família. Além do mais, eu não fiz nada daquilo com o objetivo de ajudá-los e sim de proteger minha irmã. Como me mantive calada, ele continua a falar.

-- Por causa de seus serviços...

Ele chama de serviços, eu chamo de agir sobre ameaça.

-- Eu ofereço a você um lugar entre nós. Iremos te proteger e lhe dar mais do que o necessário para sobreviver se lutar ao meu lado e obedecer minhas ordens.

- Por que eu aceitaria viver com vocês? Vocês ameaçaram matar minha irmã para conseguirem informações!

-- Sei disso e peço perdão. Essa não é a forma que gosto de fazer as coisas, mas foi a única forma de te ter ao nosso lado. Querendo ou não, você nos ajudou e quero retribuir isso.

Me calo e deixo que ele continue a falar. Não que eu considerasse sua ideia, apenas queria ver até onde ele chegaria.

-- Sua primeira missão seria ser nossa...como posso dizer... "refém".

Ele faz o sinal de aspas com as mãos e eu franzo o cenho.

-- Sabemos que Noah tem um afeto grande por você e, mesmo com os acontecimentos recentes, impediria que sua vida fosse tirada por meus homens. Por isso, organizaremos um tipo de... negociação com ele. Você em troca do controle das docas. Ele está tão cego pelo seu amor de mentirinha que aceitaria sem pensar.

O olho indignada e me levanto, colocando as duas mãos na mesa e olhando séria e impassível nos olhos de Michael.

- Se pensa que irá me usar pra fazer uma chantagem emocional com Noah está extremamente. Não preciso de vocês e prefiro ficar bem longe. Passar bem.

Me viro de costas e saio da sala, passando furiosa por qualquer um que tentasse me impedir. Pego minha mochila e saio dali, andando para o centro da cidade e procurando algum lugar para ficar.

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Narrador

Michael olha a garota sair de sua sala com um sorriso vitorioso no rosto enquanto Thomas, seu filho, o olha confuso e irado.

- O que deu em você? - Thomas questiona em seu temperamento quente usual. - Vai deixar ela ir sem mais nem menos?

- Sim. - Michael responde com naturalidade. - Por que ela irá nos levar direto para ele e é aí que atacamos. Prepare todos e mande alguns seguirem ela. Hoje conquistaremos toda LA.

Burn With Me | Noarra FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora