9- O Bilhete

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P.O.V Diarra Sylla

Acordo com uma dor de cabeça gigante, sentindo que uma barra de ferro havia me atingido com força e, ao olhar em volta, lembro da noite passada. Tiro o cobertor de cima de mim e vejo que estou com um dos pijamas comprados por mim ontem. O problema? Eu não lembro de ter posto essa roupa. Não lembro de nada que tenha acontecido depois de Noah me deitar na cama entre beijos selvagens. Noah...eu e ele...

- Merda!

Falo alto e enfio a cabeça no travesseiro, me xingando de todos os nomes ruins que consegui pensar nos próximos 20 vinte segundos que fico com a cara enfiada no travesseiro.

- Okay, respira...Vocês se beijaram, mas não transaram, não é?

Tento me lembrar de qualquer coisa que tenha seguido o beijo e não me recordo, aumentando a dor de cabeça. Saio da cama bufando e, após tomar um banho e escovar os dentes, me visto e desço para a cozinha na esperança de não estar tão tarde para tomar o café da manhã.

-- Bom dia, senhorita Sylla!

- Bom dia, Catarina. E me chame apenas de...

--- Diarra.

Olho diretamente para a terceira pessoa presente, antes despercebida por mim e prendo a respiração por curtos segundos ao ver que era Noah. O par de olhos esmeralda estavam olhando para o celular em uma de suas mãos enquanto a outra levava a xícara de café para seus lábios. Os lábios que estavam devorando os meus  menos de 10 horas atrás. 

-- Seu café já está na mesa, querida. Eu vou terminar outros afazeres, coma tudo.

Sorrio para ela da melhor forma que conseguia no momento e vou me sentar na mesa com Noah que, mesmo com minha aproximação, não desvia os olhos do celular. Decido começar a comer antes que eu diga algo sobre ontem, mas a curiosidade e confusão em minha mente eram tão grande que não consegui impedir de perguntar.

- O que houve ontem à noite?

Noah solta uma risada baixa e continua olhando para o celular.

-- Você sabe o que houve ontem à noite, Diarra.

Seu tom é malicioso e me faz revirar os olhos.

- Eu lembro de você me beijar no corredor e depois nós dois estarmos na minha cama, mas depois...tudo um borrão.

Ele parecia estar se divertindo com a minha confusão e não conseguia parar de pensar na possibilidade de Noah e eu termos transado enquanto eu estava bêbada.

- Nós dois fizemos...

-- Sexo? Não, você não teve tanta sorte.

- Mas eu lembro de estarmos na cama.

-- Isso foi antes de eu perceber que você estava bêbada demais para aquilo. Não ia abusar de você, muito menos em um estado de embiraguez. Quem pensa que eu sou?

- Um mal educado, mandão e chefe da máfia?

-- E com princípios. Ontem foi apenas resultado do álcool. Um erro que não vai se repetir.

- Pela primeira vez sinto que concordamos em algo.

Digo seca e voltamos ao silêncio até que ele saia da mesa e me deixe tomando café da manhã sozinha.

Narrador

Noah havia dito a verdade. Mesmo que quisesse ter ficado com Diarra na noite passado e sentir seu corpo colado nele sem as roupas no caminho, ele nunca tiraria vantagem dela nesse estado. No momento que notou a embriaguez da garota, ele se afastou, respirou fundo e cuidou dela. Trocou sua roupa por algo confortável enquanto evitava encarar suas curvas, a deitou corretamente na cama e a deixou dormir. Ficou ao seu lado enquanto Diarra respirava calmamente em seu sono, a observando atento e em silêncio, se xingando por dentro por ser tão idiota pela negra dos lábios macios que estava fazendo a chama dentro de coração a cada toque, fala e olhar (mesmo aqueles bravos que ela dava quando ele era grosso ou babaca).

Mas os dois mentiram quando disseram que consideravam os beijos quentes e intensos de ontem um erro. Tanto Diarra quanto Noah haviam se entregado ao outro de forma única e queimaram juntos até o fim. Podiam negar, botar a culpa no álcool, mas ninguém engana a paixão.

P.O.V Diarra Sylla

{3 dias depois}

Já eram quase três da tarde e eu não estava mais aguentando o tédio dessa casa. Precisava sair, fazer algo diferente, respirar fora dessas paredes. Peço para Noah me deixar apenas tomar um café em uma cafeteria da cidade e, como sempre, ele negou no começo e cedeu no fim. Estava aprendendo a lê-lo e convencê-lo, o que era fruto da proximidade que estávamos adquirindo com o decorrer dos dias aqui. Um de seus homens me leva até uma cafeteria da cidade e fica vigiando de fora do local, garantindo que eu ficaria comportada enquanto comia ali.

Quando estava quase indo embora, a garçonete vem até minha mesa e coloca um bilhete na minha frente.

-- Senhorita, aquele homem me pediu para te entregar.

- Oh...obrigada...

Digo meio incerta e abro o papel. Meus dedos congelam, minha garganta seca e meu peito dói, trazendo uma onda de antigas emoções. Havia um pequeno recado escrito no guardanapo. A caligrafia conhecida de uma pessoa que não queria mais nem ver pintada de ouro.

"Sentiu minha falta, Didi? Nem pense em fugir, quero conversar com você. Você sabe que me deve uma última conversa. Banheiro, agora."

Olho na direção que a garçonete havia me dito que o homem estava e sinto minha respiração falhar por alguns segundos, vindo descompassada. Não era possível...não mesmo.


Oioi, amores! Esse capítulo tá pequeno porque quero entregar essa atualização ainda hoje e deixar vocês se perguntando quem ela viu e o que essa pessoa quer. Nossa menina não tem um descanso, né?

Kisses!

Burn With Me | Noarra FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora