5 - Os Quadros

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Era uma casa magnífica e incrivelmente bela. Aquela típica casa que você vê na televisão e considera impossível que qualquer ser humano tenha dinheiro suficiente para ter e bancar um, mas aqui estava eu, dentro de uma às 2:30 da manhã e nas piores circunstâncias possíveis. As luzes estão apagadas, mas a luz da lua que entrava pelas janelas me permitia observar as paredes, os móveis e os quadros. Quadros! Quem quer que esteja nessas fotos, é dono dessa casa ou tem ligação direta com ele, o que pode me ajudar a descobrir meu propósito aqui.

Me aproximo na parede e tento acender a lanterna do celular. O primeiro pensamento ao vê-lo com sinal e uma boa quantidade de bateria foi: "Chame a polícia!", mas de que adiantaria. Não são criminosos comuns. São uma organização de anos que é muito mais forte do que a polícia e que pode me causar muito mais danos, então decido usar o celular apenas para iluminar os quadros da parede. O primeiro quadro não era tão grande, media não mais do que 60 centímetros de largura e mostrava várias pessoas posando para a foto. Vestidas de preto, com roupas semelhantes as que as pessoas do galpão usavam. No meio, uma família sorrindo. Na verdade, todos na foto estavam sorrindo, porém eu sabia que o casal e o menino pequeno no meio eram uma família. A proximidade, as mãos juntas, o menino no colo dos dois. Era lindo de se ver, como se todos ali fossem unidos por algo maior e gostassem de viver assim. A semelhança do homem daquela família com Noah era assombrosa, me fazendo acreditar que fosse seu pai e a mulher ao seu lado, sua mãe. Então...o menino sorridente no colo do casal...era Noah. 

Noah. O rude, violento e reservado Noah um dia já abriu um sorriso largo e viveu como um garoto normal. É impossível não pensar quem ou o que causou uma transformação dessas nele, mas não era o momento certo para devaneios. Eu precisava continuar a ver todos esses quadros.

Sigo para o próximo e não me surpreendo tanto com as feições dessa. Estavam sérios, frios, impassíveis. Noah estava no centro e logo a sua direita estava o homem loiro que o acompanhava. Na esquerda de Noah havia uma mulher com os mesmos olhos claros dele, mas com cabelos ondulados que caiam perfeitamente sobre sua clavícula. Os três estavam um ao lado do outro, exalando o poder que tinham e era capaz de fazer qualquer um tremer mesmo que seja por foto. "Irmã dele? Talvez..." penso antes de seguir para os outros quadros.

As fotos seguintes não destoavam das duas primeiras. Pessoas de preto, expressões imponentes e poderosas. Algumas datavam duas ou três décadas atrás, indicando as últimas gerações da máfia. Alguns quadros estavam pendurados em uma altura grande demais para que eu visse bem, mas não me pareciam muito diferentes das que eu tinha acesso então não me preocupo em vê-las. Fico um bom tempo indo e voltando pelas fotos, vendo e revendo aqueles rostos e tentando fazer com que eles me dissessem algo que me explicasse o porquê de estar ali, me sentindo estranhamente confortável na frente de tantos quadros cheios de rostos desconhecidos com exceção do rosto de Noah.

-- A senhorita gostou das fotos?

Uma voz feminina soa poucos metros atrás de mim e me faz dar um pulinho de susto e virar imediatamente para a dona da voz. Uma mulher que aparentava ter entre 50 à 60 anos, com uma expressão calma e gentil, roupas formais de empregada e uma bela aparência me olhava sorrindo levemente. Ela estava em duas fotos antigas, segurando Noah ou a garota de olhos claros no colo.

-- Perdão, não quis te assustar! 

- Chegar de fininho não ajuda...

Ela solta um riso baixo e tampa a boca, escondendo o fato que ainda se divertia com meu susto de segundos atrás.

-- Perdão novamente, mas a senhorita não respondeu minha pergunta. Gostou das fotos?

- Ahn...sim. São bonitas. Você mora aqui?

Burn With Me | Noarra FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora