Armando a barraca (Parte 1)

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Loki Povs On
-Você vai mesmo levar vara de pescar? -Perguntei quando meu irmão se equilibrava em um banco que mal cabiam seus pés, tentando tirar as varas de cima do armário.
-Mas é claro, vou caçar nosso jantar. -Disse descendo segurando-as como se fosse uma arma de um guerreiro.
-Meu herói. –Revirei os olhos dando as costas pra ele.
-Ei!- Puxou meu braço com a sua tradicional delicadeza. -A maioria das pessoas acharia sexy me ver caçando. –Disse abrindo um sorriso tão fofo e safado, típico.
-Eu não sou como a maioria, e não vai estar caçando meu senhor. -Coloquei o chapeuzinho ridículo de pescador nele. -Vai estar sentado esperando algum pobre peixe ser seduzido pelo anzol.
-Ah é. -Ele me pegou pelas coxas me prendendo em sua cintura. -Eu esqueço que o senhor não é como a maioria... Mas diga o que quer comer? Diga qualquer animal e vou trazer até você.
-Que tal uma couve flor? -Ele riu me soltando.
-Triste vida semi vegetariana. –Tentou se aproximar para me beijar, mas me afastei.
-Cala boca... –Empurrei seu rosto. -Onde está a barraca?
-Acho que no sótão. -Concordei e fui subir as escadas, a quantos anos não vinha aqui? Ainda tem as cadeiras que eu e Hela ficávamos sentados de noite olhando as estrelas por essa mesma janela redonda, ainda lembro perfeitamente, três meses depois que tinha sido adotado, minha relação com Thor já era de completa cumplicidade, mas minha irmã ainda me olhava torto, depois de um pesadelo, corri pro quarto dele, mas Thor não me deixava dormir porque estava se mexendo de mais na cama, então sai, perambulei pela casa até achar o sótão, fique na cadeira abraçando meus joelhos e observando as nuvens ficarem menos densas, até Hela chegar: “Ei baixinho, o que ta fazendo aqui?” “tive um pesadelo.” Quando já ia me levantar para deixar ela em paz, minha irmã me passou sua xícara de chá, “Não bebe tudo... Foi um pesadelo?” Depois que contei ela riu e ficamos conversando até o sol nascer. As memórias me fizeram demorar a achar a sacola com a barraca de dentro, mas quando achei logo desci. Com a sacola nas costas, procurei Thor pela casa, até o achar na sala.
-Aqui. -Joguei a mala em seus pés, que estava deitado no sofá.
-Vem cá. -Disse sério batendo a mão na almofada. Deitei-me do lado dele e ele jogando o braço sobre meu ombro.
-O que foi? -Ele suspirou forte encarando a televisão. -Não sabe como contar né?
-Seu medo me deixou aflito... Isso não quer dizer que estou desistindo, antes que você comece a pensar coisas. –Disse se deitando em cima de mim
-Não estou, em qualquer hipótese se tudo der errado ainda podemos fugir. -Ele riu.
-Para onde você gostaria de ir? -Perguntou mordendo meu pescoço.
-Qualquer lugar com você parece razoável...
-Razoável?! -Ele ergueu a cabeça revoltado. -Não senhor, meus planos de te levar para Londres estão cancelados! -Disse rindo.
-Chato. -Ficou com a cabeça apoiada no meu peito enquanto eu mexia em seu cabelo até que dormimos.
Thor Povs On
Acordei ainda em cima de Loki, antes de levantar parei um minuto pra apreciar ele dormindo.
-Pare de me encarar. -Ele falou sonolento sem abrir os olhos.
-Achei que estivesse dormindo.
-Achei que fosse se levantar. –Abriu os olhos, me encarando por alguns segundos, esses momentos, queria que fossem eternos, eu poderia morrer aqui, desde que pudesse ver seus olhos.
-Esta me expulsando? -Me levantei indo até a cozinha e ele me seguiu, sentando no banco e encostando a cabeça na mesa. -Quer café?
-Por favor...
-Não fala desse jeito, quer me deixar excitado logo de manhã? -Ele riu e se levantou vindo me abraçar enquanto eu colocava água na cafeteria. O meu celular tocou, notificação de mensagem. -Pode olhar? –Ele me soltou para o pegar em cima do balcão.
-É do Fandral, está perguntando se você está vivo.
-Liga pra ele por favor. -Loki assentiu e me passou o celular.
-Onde você se meteu? -A voz dele está raivosa.
-Desculpa amigo, aconteceu umas coisas. -Loki abaixou a cabeça e foi em direção às escadas.
-Que coisas seu bastardo sem vergonha?!
-Lembra aquela pessoa que eu falei? Acabou tudo. –A respiração dele do outro lado ficou mais amena.
-Oh meu amigo, solidão não precisava ser sua única companheira nesse risca faca.
-Obrigado, mas agora já voltamos e está tudo bem... –Não queria que desse tempo para ele falar, iria o chamar para sair antes ele o fizesse. -Quer sair amanhã? Chame a turma toda, vamos acampar!
-Parece uma ótima idéia... Hm, Hogun e Volstagg não podem ir por causa do bar, mas vou perguntar a Sif... Loki vai?
-Sim, ele, Wade e Peter.
-Quem é Peter?
-Meu novo amigo e namorado do Wade, você vai gostar, agora tenho que desligar e fazer o café antes que Loki derrube a casa em cima de mim.
-É isso realmente não seria agradável. -Ele riu.
-Tchau amigo. -E desliguei, com o café já pronto, coloquei em uma xícara, fui para as escadas, a subindo com cuidado garantido que não derramasse tudo.
-Bom dia, oficialmente. –Disse abrindo a porta, olhando ele deitado na cama, com o ar condicionado ligado e o edredom preto cobrindo até os ombros. -Trouxe café. -Coloquei perto da televisão e fui deitar com ele. -Porque seu cabelo sempre cai na sua cara? -Perguntei tirando uns fios do rosto dele.
-Porque você está sempre aqui pra tirar... -Disse sorrindo.
-Ah, eu convidei o Fandral pro acampamento, talvez a Sif vá também.
-hm... Não quero ser chato, mas se eles forem acabou nosso final de semana.
-Eu sei, mas devo isso a eles, e podemos aproveitar agora.
-A gente acabou de acordar seu tarado. -Ele riu me empurrando. -Temos que ligar pro Peter e saber que horas vamos.
-Não... Agora não. -Beijei ele que respondeu com mais tesão do que eu estava imaginando, num movimento rápido ele subiu em cima de mim, se deitando e nos cobrindo com o edredom. -Loki...
-Desculpa. -Ele parou de se mover, tapando os olhos com as mãos. -Eu...
-O que foi?
-Eu amo você mas eu não consigo.
-Como assim?
-Thor... Eu só consigo pensar que a qualquer momento pode ser a última vez, e que eu deveria olhar você, tentar decorar cada linha do seu rosto porque alguma hora Odin vai entrar por aquela porta e destruir tudo e... -Ele já estava chorando com as bochechas vermelhas.
-Ei, é como você disse, eu sempre vou estar aqui pra tirar o cabelo da sua cara. -Me levantei e fui até a porta. -E Odin não vai entrar. -Tranquei a porta e voltei pra cama, deitando suavemente em cima dele. -Confia em mim. -Ele concordou com a cabeça e um sorriso no rosto.
-Não sei se agüento ficar no acampamento longe de você.
-Não vai ficar longe de mim, só não na mesma barraca. -Ele riu passando a mão no meu cabelo e me puxando em outro beijo, não tão forte como o primeiro, mas firme, precisando meu corpo contra ele, sentindo suas unhas curtas na barra da minha blusa, um pedido para que tirasse minhas roupas e assim o fiz e ele também. Uma das melhores sensações da vida é quando te olham do jeito que ele me olha, enquanto arrastava a ponta dos dedos no meu peito, pressionando os lábios contra minha pele, tentando segurar os gemidos quando eu estava completamente nele.
-Não, não, não pare, por favor... -Ele pedia com aquela cara de quem estava quase. Ele mordeu forte meu braço e sinceramente eu quase não percebi, tanto tempo sem sentir ele, essa uma hora passou como se fosse segundos.
-Eu sempre sinto isso sabe? -Ele caiu deitado ainda com as pernas na minha cintura.
-O que? -Perguntei. -Um orgasmo? -Ele riu.
-Além disso... Como se eu nunca tivesse suficiente de você.
-Isso é bom. -Deitei do lado dele que se se encostou ao meu ombro. -Quer dizer que nunca vai cansar de mim.
Wade Povs On
-já é quase hora do almoço! -Acordei com sogrão derrubando a porta e Peter acordando no pulo.
-Meu Deus pai! Que susto! -Reclamou se levantando e vestindo uma calça de moletom largada no chão.
-Ai eu não mereço ver isso. -Anthony saiu cobrindo os olhos.
-Acho que ele não gosta quando acordamos tarde. -Falei me levantando também, vestido minha calça jeans e a blusa dele.
-É. -Ele pegou o celular. -Vamos umas 14, okay? Se chegarmos muito tarde não vai dar tempo de juntar lenha e montar as barracas.
-Tudo bem... Você está estranho.
-Você também estava noite passada, mas aparentemente não precisamos conversar sobre isso. -Disse saindo do quarto. Azedo logo de manhã, esse não é meu Peter. Desci atrás dele, que estava sentando-se à mesa bebendo suco amarelo.
-Eu achei que não precisava. -Falei me apoiando na cadeira que ele estava sentado. -Você me ama e não vai embora.
-Isso é ruim? –Ele virou a cabeça confuso.
-Não, ruim não, mas talvez não seja certo.
-Se não quer ficar vá embora. –Um tom duro assim não combina com meu babyboy.
-Peter. -Me sentei do lado dele. -eu não quero ir, mas entende, é difícil pra mim ver você naquele mundo, aquilo não faz parte de mim. -Ele suspirou, eu sei que já está impaciente. -É por isso que eu não queria conversar.
-É importante pra mim saber o que tá passando pela sua cabeça de vento, aquela vida não é importante pra mim entende?
-Eu sei que sim, mas...
-Então não tem porque, pare de se incomodar com isso. -Concordei com a cabeça, seu olhar era frio, sério.
-Então 14 né? Já está tudo no carro? –Sorri, sabia que era só uma fachada, aquela cara séria.
-Sim, Steve disse que deixou tudo pronto.
-Então ainda temos algumas horas, o que quer fazer?
-A gente podia ir ficar com os meninos até dar a hora.
-Claro. -Depois que almoçamos Peter foi pedir as chaves do carro a Anthony, que sempre gosta que a gente vá visitar os filhos de Odin, acha que são boa influência para Peter, eu adoraria ver a cara dele quando descobrisse o incesto.
-Pai? –Colocou a cabeça entre o espaço da porta aberta. –Pode me emprestar o carro?
-Pra onde vai? –Ele perguntou sem levantar os olhos do papel que estava lendo.
-Visitar os Odinson, eu suponho. –Steve interrompeu, fazendo Tony sorrir.
-Sendo assim. –Jogou a chave para Peter. –Quem vai dirigir?
-Eu. –Disse colocando a cabeça no espaço da porta em cima de Petey.
-Ah, você.
-Obrigado pai, até segunda. –Peter saiu rápido em direção a porta, não rápido suficiente para Anthony o alcançar.
-Só vou te ver segunda? –Disse colocando as mãos nos ombros do meu baixinho.
-É, de lá vamos direto pro camping. –Sou sorriso para o pai era reconfortante, e deveria ser mesmo, se sogrão sentir um pingo de insegurança acabou o acampamento.
-Oh, okay. -Ele puxou Peter num abraço bem forte. Enquanto eu observava aquela cena Steve se aproximou de mim.
-Wade? –Cutucou meu ombro. –Por favor... 
-Vou tomar conta dele. –Sorri entendendo sua preocupação, o único filho indo pro meio do mato com um delinqüente e reincidente traficante com complexo de agressividade seletiva.
-Eu sei que sim. –Sorriu de volta. –Dirija com cuidado.
-Claro. -Assim que Tony soltou Peter saímos andando, atravessando a sala e o jardim até chegar ao carro, ele sempre me dá a chave para dirigir já que se julga um pouco aéreo de mais para o trânsito.
Chegamos à casa dos meninos até que rápido, Thor estava na garagem colocando um cooler pro lado de fora.
-O que é isso? -Perguntei descendo do carro.
-Você quer passar 2 dias e meio no mato sem um cooler? Onde vai guardar a água?
-Não sei, no rio talvez. –Foi a primeira vez que Thor revirou os olhos pra mim, e somos amigos a muito tempo, e eu falo muita merda, ai tem coisa.
-Oi Thor. -Peter o cumprimentou e foi para dentro da casa provavelmente procurar Loki.
-Nossa. -Thor falou. -Ele está...
-Estranho, eu sei.
-Por quê? –Disse cruzando os braços do meu lado.
-Provavelmente porque eu sou um idiota. –A resposta saiu mais sincera do que eu esperava.
-Isso ele sempre soube. –Deu um tapinha nas minhas costas. -Mas o que aconteceu agora?
-Eu acho que ele deveria se afastar de mim, enquanto tem tempo. –Thor ficou na minha frente, encarando como se não acreditasse no que tinha ouvido.
-Esse menino é a melhor coisa que já te aconteceu. –Franzia a sobrancelha.
-É por isso. –Soltei os braços e o ar. –Ele é bom de mais.
-Wade. –Ele apoiou as mãos nos meus ombros. -Já faz um ano que você não se mete com droga...
-É, mas ainda sou agressivo.
-Seu último surto faz tempo também.
-Bati naquele menino. –Os olhos de Thor eram quase de pena pra mim, e eu odeio isso.
-Mas foi pra defender o Peter, e você nem quebrou nada dele, já está melhor, para de pensar coisas ruins.
-Eu juro que estou tentando. -Loki e Peter apareceram com um edredom. -Pra que isso?
-Lá é frio... –Loki respondeu como se fosse tão óbvio.
-Ah sim! Temos que ir buscar meu amigo Fandral. -Ah não, não o loiro.
-Thor? -Ele olhou pra mim. -Você chamou o loiro? Sério? -Ele percebeu quando lembrou do verão do ano passado, quando eu ainda tinha minha plantação da mais conhecida e melhor marijuana da cidade, Thor nos apresentou e depois ele manteve contato, até que um belo dia atrás do balcão onde eu trabalho todo dia, a gente acabou transando, mas depois que as aulas dele voltaram a gente se afastou e estamos sem nos falar desde então, alías isso já faz uns dois anos, talvez eu esteja exagerando mesmo. Peter olhou estranho quando percebeu meu olhar pra Thor, amém a Loki que o puxou pra pegar salgadinhos no armário e o distraiu com qualquer papo bobo.
-Ele não se importa e você também não. –Thor deu fim a frase abrindo a porta do carro.
-Okay, acho que podemos ir. -Loki disse quando chegou com as sacolas, dando para Peter as colocar no porta malas.
-Então vamos. -Disse entrando no carro. Peter veio do meu lado como sempre, e os irmãos atrás. Como de costume, os dois se perderam no próprio mundo, por mais frio que Loki seja, ou tenta fingir que é, a essa altura do campeonato já estamos próximos os suficiente para que ele deixe essa máscara cair. Os sorriso que Thor dava segurando sua mão, ele retribuía com algumas risadas e beijos, cara, beijos de mais, estou ficando enjoado com tanto amor e arco irís.
-Nós somos assim? –Perguntei a Peter. Ele olhou para trás, voltou a focar na estrada e respondeu pacificamente
-Só quando estamos sozinhos.
-Isso é ruim?
-Não. –Respondeu olhando para mim com um sorriso sincero.
A casa que Fandral mora é um pouco longe, mais perto da minha na verdade.
-Como você sabe o caminho? -Peter perguntou.
-Eu já conheço esse amigo do Thor. -Respondi sentindo minhas mãos frias. Assim que estacionei o carro o loiro já estava esperando com uma mochila pequena nas costas.
-Oi Wade. -Piscou um olho pra mim que graças a Deus Peter não viu. Entrou no banco de trás ficando do lado de Loki. –Oi gente!
-Meu amigo! -Thor deu um abraço torto nele com Loki no meio tentando se soltar daquela demonstração de afeto, Peter riu com aquela cena e eu dei partida no carro.
O camping é muito longe, tipo, longe para um caralho, quase uma hora na estrada e ainda falta bastante, Peter já estava dormindo assim como Thor, Loki e Fandral dividiam um fone de ouvido.
-Acha que falta muito? -Loki me perguntou.
-Sinceramente? Acho que sim. -E eu estava certo, ainda dirigi por uma hora, talvez uma hora e meia quando olhei para trás e todo mundo carro já estava dormindo, Thor com a cara amassada na janela, Peter abraçando a mochila, Fandral e Loki apoiados.

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