Confusão, gritaria e chimichangas!

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Thor Povs On

O final de semana acabou, essa pequena e rápida escapada da realidade acabou.
Estava guardado as coisas no carro quando Loki passou por mim, cabisbaixo, colocando os fones de ouvido.
-Você dirige. -Wade jogou as chaves pra mim, se sentando na janela do banco de trás com Peter se apoiando nele.
Entrei em silêncio, ao longo da estrada todo mundo dormiu, talvez Loki não estivesse dormindo, mas estava tão calado que achei melhor nem comentar.
Quando já estávamos quase chegando Wade acordou, viu minha expressão e perguntou.
-Cara, o que você tem?
-Medo. -Sem papas na língua, sem me importar com a possibilidade de Loki estar ouvindo, só guardei isso o final de semana inteiro e precisava por pra fora.
-Por quê? -A voz dele ficou naquele tom de preocupação que só eu conheço.
-É agora... Tipo não agora, mas daqui a algumas horas, a segunda feira, em algum momento vamos contar pra família.
-É uma barra pesada.
-Não tem ideia.
-Você não achava que seus pais iam aceitar e ficar... Sei lá, de boa na lagoa?
-Sim... Claro. -Eu tenho esperanças, de que tudo vai dar certo, eu e Loki vamos casar, adotar um criança e dois cachorros e viver felizes para sempre numa casinha de cerca branca e tijolos vermelhos. -Mas não é certeza.
-Cara, falando como  alguém que já passou  por muita coisa, ninguém tem certeza de merda nenhuma nessa vida. -Ele olhou pra Peter e virou o rosto encostando a testa na janela.
-O que foi?
-Nem eu tenho certeza. -A frase saiu como um desabafo.
-De quê? Peter?
-Não, não sobre ele exatamente, sei que é recíproco, o meu medo é a vida, ou o que eu costumo fazer com ela. -Com a cabeça encostada na de Peter, sentindo o cheiro do cabelo que ele descreve como “Uma fonte de chocolate com cheiro de baunilha e felicidade." -Lembra quando eu tive aquela melhora?
-Claro. -Os anos dourados de Wade Wilson, logo depois que a Wanessa começou a trabalhar no bar, ele parou por um ano e meio, não vendia mais drogas, não usava, não bebia, tinha alguns ataques de pânico e surtos de raiva, mas em geral tudo passava quando ela o ajudava, depois disso tudo, quando foi férias de primavera, ele voltou a vender, disse que ia ser só nas férias e que não ia usar, mas obviamente a Wanessa não gostou nada disso, Wade só voltou a vender pra comprar um anel de noivado, mas nem deu tempo de juntar, ela pediu um tempo, disse que quando ele parasse iriam voltar, mas aí ele não parou, na cabeça dele já estava tudo perdido, que ela não amava mais ele e que não tinha porque lutar uma guerra perdida, dai ele conheceu o Fandral... E o resto é resto.
-Os pais dele tem minha ficha criminal e no fundo eu sei que não confiam em mim, principalmente o Tony, talvez estejam certos.
-Wade... Não é difícil se manter afastado.
-E ainda tem o Harry.
-O que tem ele?
-Dinheiro de sobra. -Riu como se fosse uma conclusão óbvia. -Nunca vai precisar vender cocaína nem merda nenhuma pra comprar um anel brilhante, nunca vai chegar num almoço em família com uma calça rasgada de 30$...
-Peter ainda ama ele?
-Ele diz que não, mas quem sabe, talvez voltassem se eu não estivesse aqui pra impedir.
-Sei como é.
-Por quê? Acha que o Loki poderia estar com alguém melhor do que um loiro oxigenado? -Ele riu.
-Talvez outro loiro oxigenado. -Eu ri sem humor, ele entendeu e olhou para Fandral. -Ele e Loki eram muito próximos, principalmente quando comecei a namorar com a Jane.
-Fandral passou o rodo em todo mundo né? -Balancei a cabeça rindo. -Não? Eles não?... Você sabe.
-Não, na verdade nem sei por que, nossos amigos... Meus amigos diziam que eles eram um casal fofo, o pai aceitou de boa ele ser bi... -Olhei para ele, quero pedir desculpas por todas as palavras duras que disse a ele quando foi embora, por ter o chamado de covarde quando ele teve mais coragem do que eu para lidar com isso. -Às vezes eu penso, isso pode dar errado em tantos níveis que talvez eu devesse deixar de ser egoísta, engolir as lágrimas e deixar alguém dar a ele uma vida normal, ou pelo menos a possibilidade de andar na rua...
-Sem julgamento das outras pessoas. -Nos olhamos, com o mesmo pesar, com a mesma noção de que estamos pulando de cabeça em um rio sem saber se há pedras lá em baixo (Igualzinho a bird box, mas aqui  não temos pássaros pra  prever o perigo) e que, além disso, estamos levando outras pessoas com a gente, as pessoas que mais amamos, para mim muito mais que ele, a noção de que o normal nunca realmente será normal para nós.
O resto do caminho foi silencioso, Wade olhou pela janela o tempo todo, talvez imaginando um mundo em que tudo dá certo, assim como nas nossas amizades, que são minha única esperança de base, ninguém reagiu de forma negativa, tirando o Fandral que ficou em choque por um momento, mas além de alívio as reações deles também me trazem medo, eu posso estar me iludindo a achar que todos vão reagir assim quando na verdade eu sei que não vão, as pessoas são ácidas e crentes de que o errado aos seus olhos é errado em lei universal.
Loki dormia profundamente quando deixei Peter e Wade em casa, eles se despediram e foram até dentro de casa também em silêncio, não sei que tipo de briga teve, mas parece sério o suficiente para mantê-los afastados o final de semana quase que todo.

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