como as coisas podem dar tão errado tão rápido?

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Peter povs on

Apesar do chimichangas, do sexo e dele ter aberto sua história pra mim, tecnicamente ainda não tínhamos resolvido duas questões importantes; Harry e drogas. Essa parecia ser uma boa hora para tentar falar sobre isso, estamos relaxados, calmos, mas parte de mim diz que nunca é uma boa hora pra falar sobre isso.
-Já está ficando tarde. -Ele comentou olhando pela porta de vidro.
-Você mora no século 15 ou alguma coisa assim? Ainda nem escureceu -Ele riu.
-Tenho que ir baby boy.
-Por quê? -Fiz um bico manhoso.
-Quer que eu more aqui?
-É uma pergunta séria? -Sorri e ele riu se levantando.
-Preciso ver se Al ainda está viva. -Me larguei no sofá numa última tentativa de fazê-lo ficar. -Para Peter, já tem muito de mim em você, inclusive recomendo um banho.
-Wade! -Senti minhas bochechas esquentarem enquanto ficava de pé. Com uma das mãos segurando a blusa dele enquanto era puxando até a garagem.
-Assim que eu chegar te mando uma mensagem. -Concordei com a cabeça, sabia que queria ter aquela conversa hoje, mas não queria que fosse pelo telefone.
-Hm... Wade? -Abaixei a cabeça e ele se aproximou um pouco mais. -Pode explicar o que foi aquilo de não saber se é bom ou ruim?
-Não tem o que explicar Peter. -Respirou fundo indo até a moto. -Você já sabe.
-E você também já sabe. -Levantei minha cabeça olhando diretamente pras costas dele. -Deu até conselho pro Loki.
-Ele tem potencial.
-Você também tem!
-Eu já to fazendo serviço comunitário, Petey. -Voltou a ficar de frente pra mim ainda com metade da garagem de distância. -Vendia drogas... Usei drogas, o que você precisa pra entender que eu não presto?
-Preciso de mais do que verbos no pretérito. -Ele passou a mão na testa, quase inconformado com minhas esperanças nele.
-Quer saber? Não quero mais ter essa conversa -Disse montado na moto.
-É isso? Você decide não querer mais resolver nossos assuntos e me deixa sozinho?
-É Peter, é isso que faço. -Com o capacete apoiado na perna e a chave na ignição. -Eu sempre vou preferir o caminho mais prático independente de ser certo ou errado.
-Não, eu te conheço, você não é um medroso.
-Sou... sou sim. -Me olhava quase com pena, talvez pena dele mesmo ou de mim por acreditar nele, consigo ler seus olhos, uma mensagem estampada "eu não sou bom o bastante".
-Wade... -Segurei o ar, pensei em tudo que já passamos, como depois de tantas conversas ainda existem coisas sobre ele que eu não sei, mas o que eu sei, é que ele não é medroso. -Não entendo... Como consegue ser tão idiota... Entendo as dúvidas na sua cabeça, de verdade, mas elas são infundadas e sem sentindo.
-Peter, se eu ficar com isso na cabeça e acabar virando aqueles caras inseguros pra caralho? -A última frase me fez ter um ponto de vista ainda desconhecido, que agora parece ter sido jogado na minha cara.
-Então a culpa é minha por ter quebrado você. –Wade abriu e fechou a boca algumas vezes, essa reação que já esta virando costume dele, entendendo o argumento que eu tinha usado, ele está com tanto medo de me machucar, mas até agora ele foi o único a se sentir menos, então pela lógica, eu que estou fazendo mal a ele...
-Não se atreva. -Desceu rápido da moto vindo até mim em passos fortes e largos.
-Olha pra tudo isso Wade!
-Eu que sou um inseguro...
-Você não é! Nunca foi! -Me afastei dele andando pro lado indo até a porta da garagem. -Eu fiz você ficar assim, se sentindo menos do que realmente é.
-Minha cabeça que é fodida, eu sei que me ama e que não vai embora, o meu medo que ta acabando com a gente.
-Mas se não fosse por mim você ia estar bem.
-Bem sozinho cê quis dizer né? Nunca vou cansar de repetir que você é a melhor coisa que já me aconteceu.
-Outro verbo no passado. -Respirei fundo, tentando reprimir de todo jeito minha vontade de abraçar ele, como as coisas podem dar tão errado tão rápido?
-Enquanto eu me sentir assim... Você vai se sentir assim.
-Basicamente, porque eu sou o motivo e isso me traz culpa. -Ele deu alguns passos lentos à frente com a cabeça baixa.
-Como consegue me amar? -Essa pergunta me desarmou completa e brutalmente, esse é o problema de verdade. Depois de tanta merda que já aconteceu na vida dele, largado por todos, pelo céu e pela terra sempre sendo um renegado, como isso não iria acabar com a confiança de alguém? É claro, tudo se juntou na minha cabeça como pequenas peças de um quebra cabeça, óbvio que ele era confiante antes, não tinha nada a perder.
-Você é gentil. -Ele riu como se realmente fosse uma piada. -Nem tenta afastar a ideia, essa sua fachada dura é só isso, uma fachada, você é preocupado com quem ama, Wade, as suas piadas idiotas me fazem rir, o jeito que você me toca... é diferente.
-Claro que acha diferente, você nem tem um banco de dados pra comparar, senhor virgem.
-Ex-virgem. -Dessa vez rimos de verdade, um momento puro antes de voltar ao turbilhão. -E não é só pele, sabe disso... Eu me apaixonei pelo jeito que você me tocou sem usar as mãos...-Me aproximei mais dele com certo receio. -Claro que me preocupo com você, tenho medo que volte pra aquela vida, mas mesmo se voltar eu ainda vou estar lá, pra te puxar ou só pra ficar com você.
-Não quero nem de longe alguma ligação entre aquela vida e você.
-Okay então eu só vou te puxar de volta. -Passei a mão pelos seus cabelos. -Wade... Não dá, é como se todo o universo quisesse que eu te amasse, e mesmo se não for desejo divino, não importa, porque eu amo, enquanto você me amar eu vou ficar. -Ele não pronunciou uma palavra, apenas se inclinou me abraçando, afundando a cabeça no meu pescoço.
-Desculpa trazer isso tudo e...
-Não, não peça desculpas por ter medo, eu entendo.
-Caralho Parker você é perfeito de mais. -Disse se afastando pra me olhar nos olhos. Apoiei minhas mãos no pescoço dele, me aproximei devagar encostando meus lábios nos dele do jeito mais gentil que consegui. Com uma resposta lenta, ele segurou meu quadril, a medida que o beijo ficava mais rápido, sentia a pressão aumentar.
-Okay, melhor parar. -Ele concluiu se afastando um pouco.
-To começando a achar que você não gostou de transar comigo.
-Numa garagem? Sério? -Ele riu olhando pros lados.
-Okay, talvez não aqui.
-Aonde você te em mente? -Disse se aproximando de mim com aqueles olhos ferozes.
-Sua casa, que tal? -Ele sorriu
-É um barraco quase sem móveis... Além de que eu não sei se tenho mais força.
Antes de conseguir responder ouvi um barulho na cozinha, nos olhamos e disparamos pra dentro da casa. Quando chego lá me deparo com um menino de cabelo castanho e moletom cinza brigando com o outro menino de cabelo raspado e jaqueta jeans preta.
-Meu primo acabou de invadir minha casa. -Falei tentando explicar a cena pra mim e pra Wade que já estava pronto pra atacar o dois com... Um abajur? -Onde você arrumou isso?
-Peguei na garagem. -Respondeu sem tirar os olhos dos meninos, eu preferi nem perguntar que horas que ele pegou, apenas voltei pra olhar pro meu primo que está a vindo com os braços abertos me abraçar.
-Desculpa a bagunça, eu disse que a gente devia ligar, mas ele disse que se a porta ta aberta é pôr que pode entrar.
-Ta tudo bem Eddie... Apesar de eu ter certeza que a porta não estava aberta.
-Venom! -Meu primo me soltou pra olhar pra Eddie. De longe eles parecem ter a mesma altura, mas quando ficam de frente um pro outro é diferente, Eddie deve ter uns 1,75 por aí, Venom tem quase 1,90, parece um armário, e eu? Eu já pareço pequeno, do lado deles fico do tamanho de um Smurf.
-Alguém pode me explicar que caralho ta acontecendo aqui? -Wade perguntou claramente nervoso.
-Esse é o Venom e o namorado dele, Eddie. -Eles apertaram as mãos. -Gente esse é o Wade, meu namorado.
-Oi Wade. -Eddie sorriu pra ele enquanto Venom estava com a cara na geladeira procurando comida.
-O que vieram fazer na cidade?
-Eddie ganhou uma bolsa pra jornalismo. -Venom respondeu.
-Já tem onde ficar?
-Na verdade não. -Eddie respondeu.
-Vou arrumar um emprego e alugar um apartamento pequeno. -Venom respondeu puxando Eddie pra perto dele num abraço desengonçado, mas fofo, bem parecido com os que Thor da em Loki.
-Hm... Acho que o apartamento velho do Steve ainda não tem ninguém alugando. -Eddie ficou interessado na idéia. -Vou falar com meus pais, vocês podem ficar lá de favor por enquanto e depois pagam o aluguel normal.
-Peter você é um anjo! -Eddie disse vindo me abraçar, Venom também veio.
-Obrigado gente.
-Eu que agradeço.
-Não tem nada pra comer nessa casa? -Venom perguntou revoltadissimo fechando a geladeira.
-hm... Eu acho que tem biscoito no armário. -Wade respondeu.
-Biscoito? Não, eu quero carne.
-Tem uns hambúrgueres no freezer pra fritar.
-Eu faço. -Eddie se pronunciou correndo e ultrapassando Venom indo pra cozinha. -Só vou garantir que você não bote fogo na casa.
-Obrigado meu amor. -Então eu e meu primo sentamos no banco esperando a refeição ficar pronta.
-Wade, quer hambúrguer?
-não, obrigado Eddie. -Ele se sentou do meu lado.
-E aí? Não vai ver se Al ta viva?
-Não, ela deve é ta dormindo
-As 18? E o bar?
-Eu e Al não damos conta, imagina ela sozinha. –Ele riu.
- Precisam de outra pessoa? -Eddie perguntou olhando pra Venom.
-Mas olha só que coincidência! -Ele se pronunciou. –E eu estou procurando um emprego. -Wade olhou pra ele desconfiado.
-É... Servir drinks, ficar atrás do balcão e guardar o dinheiro.
-Não parece difícil.
-Não é, o problema mesmo é só parar os bêbados e botar eles pra fora se causarem briga.
-Posso ser agressivo?
-Claro.
-Gostei de você.
-Parece o emprego perfeito. -Eddie comentou.
-Wade, isso seria ótimo. -Falei empolgado fazendo ele sorrir.
-Vai lá comigo amanhã, segunda feira o movimento é bem fraco, bom pra treinamento.
-Que bom que vocês estão virando amigos. -Comentei rindo com Eddie. -Mas... Ainda vão precisar de um lugar pra passar a noite.
-Então sobre isso...
-Fica tranqüilo Eddie, vocês podem ficar aqui sim.
-Ai graças a Deus. -Ele respirou aliviado. -O sofá ta ótimo. -Disse vindo nos entregar o prato cheio.
-Ou sua cama.
-Venom!
-Você fica com as costas doendo quando dorme em sofás. -Eddie afundou a cabeça nas mãos e Venom o abraçou rindo. Pegamos o prato e fomos pra sala.
Depois de comermos um ou dois hambúrguers, eu e Eddie ficamos no sofá olhando Venom e Wade brigando pelo o último pedaço de carne.
-Wade vai acabar se machucando. -Eddie comentou mordendo o punho fechado com preocupação.
-Ele é rápido, tem uns golpes certeiros...
-É mas o Venom é bem maior.
-Isso não importa quando não consegue pegar no adversário.
-Ah é? -Ele me olhou debochado. -Aposto 20$ que o Venom pega a carne.
-Apostado. -Ficamos observando e esperando, não foi justo, Venom pegou o hambúrguer e colocou todo na boca.
-Me deve. -Eddie piscou um olho pra mim.
-Deve o que? -Venom perguntou.
-Eu apostei em você.
-Obrigado meu querido. -Disse sentando do lado dele, juntando as mãos, é até engraçado ver um cara tão enorme que nem ele chamar o Eddie de apelidinhos tão fofos. Wade se levantou do chão limpando as migalhas de pão da blusa, olhou pra porta e pra mim, entendi que iria embora então fui acompanhá-lo até sua moto.
-Então...
-Eu amo você. -Ele me cortou.
-Eu também. -Abracei ele.
-Sei que sim. -Me abraçou de volta apertando meu corpo contra o dele. -Seu primo e Eddie, Thor e Loki, tem suas diferenças, dificuldades, mas estão juntos, vou parar de me assustar até com o vento, prometo, eu vou ser o melhor homem que você merece. -Beijei ele tentando passar todo meu amor pelos lábios, ignorei meu celular tocando, só separei nossas bocas quando já quase não tinha ar, foi quando olhei o telefone.
-Ah... Você não vai gostar disso.
-O que foi?
-Harry... Está bêbado em casa.
- Porque isso seria problema seu?
-Wade. -Entendeu meu olhar.
-Não vou ser possessivo. -Respirou fundo, olhou pro céu, voltou pra mim. -Vamos eu te levo lá.
-Se quiser eu não vou.
-Não, vocês eram amigos antes e deveriam continuar amigos, ajuda ele.
-Okay, vou avisar ao Venom e ao Eddie que vamos sair por um minuto.
-To te esperando do lado de fora.
Entrei em casa olhando o casal sentando no sofá vendo televisão, Venom parecendo um cachorro com a cabeça no colo do Eddie.
-Gente, um amigo meu precisa de mim, vão ficar sozinhos por uma hora.
-Tudo bem. -Venom respondeu e quando Eddie acenava um tchauzinho pra mim.
Voltei correndo indo até o portão do lado de fora, subi na moto de Wade, fui dando as direções pra ele seguir até a casa de Harry.
Quando chegamos desci com calma da moto, dei meu capacete pra Wade que foi o segurando até chegar no batente da porta. A fachada é simplesmente linda, a casa é toda vermelha, janelas enormes com cortinas brancas sempre fechadas, um homem abriu a porta, de terno.
-Eu vim ver o Harry. -O homem alto e esguio deu passagem a eles.
-O senhor Osborn está na biblioteca aguardando. -Quando Wade deu o primeiro passo o homem esticou a mão para os capacetes, foram entregues relutantemente, e assim começamos a andar, percebi que o fato de saber me locomover pela casa enorme -Que mais parecia um labirinto- Incomodava meu namorado, mas ele não dizia uma palavra, não até eu puxar a porta que deslizou pelos trilhos para a direita, dando visão para um lugar digno de a Bela e a fera, estante de madeira grossa chegavam até quase o teto, onde tinha uma clarabóia lindíssima dourada, Harry está sentando numa mesa no final da biblioteca, onde tem uma pequena escada e uma mesa em cima, em baixo fica a televisão enorme que ocupada quase todo o vazio deixado pela escada, Wade se sentou no sofá me olhando subir a escadinha indo para a mesa, onde meu amigo me observava com um sorriso triste no rosto.
-Oi... -Ele se levantou vindo até mim, me dando um abraço que eu não sabia dizer se era de dor ou alívio.
-Peter... Estou tão cansado. -Tentei por mais forças nos braços pra que ele se sentisse acolhido.
-Por quê? O que aconteceu? -Ele se soltou do abraço sentando no chão a minha frente.
-Eu sei como isso vai parecer idiota, mas... -Disse rindo limpando as lágrimas com a parte de trás das mãos. -Essa casa enorme, eu e meu mordomo que eu nem sei o nome.
-Harry... -Me ajoelhei apoiando uma mão no ombro dele. -Tem tanta gente que queria ter a sua vida.
-Agradeço ao meu pai por me dar todas essas regalias, nem de longe eu digo que odeio minha vida, ou que sou infeliz... Bem a última parte parece se torna um pouco mais real a cada dia.
-É só uma fase, você é forte, pode ter ajuda de todos os profissionais se quiser e...
-Peter eu estou sozinho, não quero pagar alguém pra me ouvir.
-Não, sabe que solidão leva a depressão e que ajuda profissional não é besteira, é importante e pode salvar a sua vida.
-E quem disse que eu quero?
-Não diga isso.
-Eu conheço essa conversa de ser grato, e acredite em mim, eu sou, mas eu não consigo olhar pra minha vida e não sentir um vazio... Amo meu trabalho, amo meus poucos amigos e amo... -Ele parou, respirou fundo fazendo as lágrimas cessaram. -Tenho três carros e uma cama vazia.
-Porque quer, a Gwen viria correndo pra sua cama na primeira ligação. -Disse rindo e ele riu comigo.
-Não é ela que eu quero. -Eu entendi aquela frase e aquele olhar, sei que Wade também, por cima do ombro do Harry consegui ver ele apoiar os cotovelos nas pernas e olhar pra mim.
-Você precisa expandir seus horizontes, de verdade. -Olhei de volta para Wade. -As vezes o amor estar escondido onde você menos espera.
-E onde pode ser?
-Não sei, infelizmente isso só se descobre tentando e vai precisar sair de casa pra tentar. -Harry sorriu fraco, Wade que estava sentando franziu a sobrancelha e se levantou, por um momento eu pensei que ele iria embora, mas não, ele apenas subiu a escada e se curvou sobre mim olhando diretamente para Harry.
-Eu sei que isso vai parecer idiota. -Disse pegando o celular, digitou alguma coisa e poucos segundos depois o telefone do meu amigo fez som de notificação. -O número que eu te mandei é de uma... Amiga? Enfim, o nome dela é dominó, ela não é uma patricinha como a maioria que você conhece, ela é legal, divertida e da ótimo conselhos.
-Escuta Wilson. -Harry disse com um sorriso irônico nos lábios. -Eu não acho que preciso do número de uma das freqüentadoras de sua boca de fumo. -As palavras ásperas fizeram meu maxilar trincar, eu não suporto o jeito como as pessoas falam com o Wade, principalmente jogando esse fato na cara dele o tempo todo, como se ele não fosse nada além do cara que vende drogas atrás do bar.
-Não seja rude.
-Me perdoe Peter, mas é até ofensivo pra mim. -Disse voltando a direcionar o olhar para Wade. -Eu conheço as pessoas mais ricas e interessantes do mundo, acha mesmo que suas amiguinhas vão me fazer ter algum prazer em tê-las por perto?
-Harry, meu querido. -Wade disse abrindo um sorriso no rosto contrastando com o tom sombrio que sua voz adquiriu. -Eu tento ser legal com você, juro que tento, e não é por que eu ache que mereça. -Disse pausando para soltar um riso. -Morei na rua tempo o bastante pra conhecer sociopatas como você, acha que eu caí nesse seu papinho de "estou solitário", seria menos ridículo se simplesmente tivesse se declarado pro Peter e pedido pra voltar, o que sabemos que não vai acontecer. -Senti os pelos do meu corpo arrepiarem, o que posso dizer? Senti falta desse tom em sua voz, da confiança que ele exala quando sabe que somos partes um do outro, da força que só sua presença impõe. -E, por favor, não ache que eu sou legal   com você por nenhum motivo a mais do que o Peter, e também não ache nem por um momento da sua vida que eu não quebraria seus dentes. -Harry estava embasbacado com a resposta, olhou para mim e eu me levantei, agora que Wade falou, esse papo de solidão pareceu mesmo uma desculpa e foi pura sorte que ele estivesse comigo, porque aos olhos do meu amigo eu iria vir aqui sozinho, agora toda a maldade estava clara na minha mente, Wade se levantou, segurou minha mão e demos as costas pra ele, atravessando a sala eu sentia a pressão do caminhar dele, ah como eu sentia falta disso, a notória confiança no andar debochado de Wade Wilson, como eu amo isso.
-Ah... Harry? -Parei antes de fechar a porta. -Vai atrás de um psicólogo.
-Não sei se tem cura pra desvio de caráter. -Wade comentou baixinho apenas para que eu ouvisse.
-Não, mas tem tratamento. -Ele riu e fizemos o caminho de volta pela casa.
Passando pela casa eu percebi que muitas das fotos minhas e de Harry ainda estavam penduradas em algumas paredes, Wade estava tão desatento que não viu nenhuma delas, apenas andou até a porta onde o mordomo sem nome nos entregou os capacetes com o nariz arrebitado, provavelmente nos julgando por andar de moto (?) Cada um tem seus preconceitos idiotas.
-Você é corajoso Parker. -Ele comentou antes de girar a chave e fazer o motor roncar.
-Por quê? -Perguntei montando também.
-O jeito que as pessoas te olham comigo do seu lado. -Riu sem humor. -Ninguém faz questão de esconder a cara de "Que porra esse menino ta fazendo ele?"
-Desde quando se importa com as pessoas? -O desafiei que virou a cabeça me olhando por cima do ombro, abriu um sorriso e voltou a olhar pra frente. Apoiando minhas mãos na barra de sua calça, já estava ficando tão acostumado a velocidade que Wade dirige que simplesmente não tenho mais medo, em geral, não sinto mais isso em nada sobre ele.
Incrível como o dia passou rápido hoje, o mundo está aprendendo com meu namorado a ser veloz.
Assim que ele parou, desci, mas estranhei quando ele não desceu também.
-Vai mesmo tentar fugir de mim de novo?
-Você é baixinho e chato. -Riu. -Preciso ir de verdade, Al...
-Eu sei, eu sei. -O beijei. -Cuidado e me avisa quando chegar okay?
-Amo você.
-Também.

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