Capitulo 1 - Piloto

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Capítulo 1 - Piloto
Junho de 2019

Bailey tinha acabado de chegar em Los Angeles para o reencontro com o Now United. Apesar de adorar o tempo em casa com a família, o garoto sentia muita saudade de se reunir com o grupo, cantar, dançar e passar um tempo com seus amigos. Logo que chegou em Los Angeles com seu pai, Matt, foi recebido pelos amigos, que já estavam quase todos lá. Apenas Hina, Krystian e Shivani ainda estavam a caminho, algo que era comum devido à distância e alguns voos bem longos.

Quando chegou ao hotel em que ficariam hospedados, Bailey fez questão de passar um bom tempo conversando com todos, atualizando os amigos das novidades e ouvindo atentamente o que cada um tinha a dizer.

— Eu passei a maior parte dessa folga viajando. E indo ver jogos de futebol. — disse Sabina, que contava empolgada sobre suas aventuras e de seu namorado, Pepe. — e você, Any? — perguntou a mexicana.

— Eu curti muito minha família e meus amigos, eu estava com tanta saudade. Também fiz muitas entrevistas em canais locais, espalhando a palavra do Now United pelo Brasil — respondeu a brasileira.

— Como se precisasse, né? Eles nos amam. — respondeu Sofya, bem humorada, fazendo todos rirem.

O clima era ótimo e, mesmo que a saudade dos amigos batesse forte em Bailey, o fato de ficarem um tempo distantes acabava sendo muito saudável para a relação de todos, que as vezes ficava desgastada com a convivência. Enquanto isso, seu pai, Matt, que faz parte da equipe que cuida da carreira do grupo, estava em uma reunião para definir alguns assuntos pro segundo semestre do grupo.

O próximos seis meses sem dúvida seriam grandiosos. Clipes novos já planejados, novas músicas, turnê a vista e a expectativa de poder estourar ainda mais do que eles já estavam estourando. Eles estavam começando a conquistar seu espaço.

Tudo estava ótimo, até que seu pai voltou da reunião e pediu para conversar em particular com ele.
— Tudo bem se for no nosso quarto, filho? Acho que isso pode demorar um pouco.

— Claro, pai. — respondeu Bailey um pouco apreensivo só de perceber a expressão de seu pai.
Chegando no quarto, Matt procurava palavras para começar o assunto.

— Pai? O que houve? Algum problema na reunião?

— Bom, eu estive em reunião principalmente com o departamento de marketing e comunicação da XIX e eles tem algumas ideias para o resto desse ano. Eles me mostraram algumas métricas de redes sociais. Antes de eu te contar tudo, preciso saber de uma coisa e que você seja sincero comigo. Qual é a sua relação com a Shivani?

Ao ouvir o nome de Shivani acompanhado desse tipo de pergunta, o coração de Bailey parou. A verdade é que o garoto tinha começado a perceber algo diferente dentro de si quando pensava na colega. Uma espécie de necessidade absurda de ser mais próximo dela. Às vezes, seu estômago fazia uma cócega estranha e seu coração dava um leve aperto. Mas ele nunca tinha admitido isso nem para ele mesmo. Será que alguém poderia ter descoberto?

— A Shivani? Ela é uma colega... nós estamos ficando próximos, mas não diria que ela é a pessoa mais próxima de mim aqui e garanto que ela não deve pensar o mesmo de mim. Que tipo de pergunta é essa?

Matt passou a mão pela cabeça e deu um suspiro, olhando com uma seriedade que deixava Bailey cada vez mais assustado.

— Olha, filho... o pessoal que cuida das métricas de redes sociais, pesquisas no Google, todo esse tipo de coisa, percebeu que está havendo um crescimento quase que exponencial na popularidade da Shivani. Ela é uma das integrantes do grupo que mais tem crescido em termos de imagem.

Bailey engoliu seco. Ele odiava como às vezes a equipe de marketing os via apenas como números em um negócio. Ficava enjoado só de pensar no que poderiam ser algumas pautas dessas reuniões.

— A verdade é que ela está indo muito bem de todas as formas. Ela tem muitos comentários e o engajamento com ela é quase 100% positivo, os comentários negativos são uma porcentagem minúscula. O departamento artístico já está ciente disso tudo e já tem ideias para inseri-la mais dentro do contexto musical.

Mais uma vez, Bailey se sentiu extremamente incomodado. Parecia que para quem manda esse tipo de coisa era mais importante do que talento, coisa que todos ali tinham e mereciam ter destacados.

— E o que eu tenho a ver com isso? Ela é uma menina incrível, isso não deveria ser surpresa pra ninguém. — disse Bailey, sem fazer questão de esconder a irritação.

— Além da parte musical, perceberam que dentro de uma nuvem de palavras relacionadas a ela, uma que vem acompanhada em um bom número de vezes é seu nome.

— Eu? — disse Bailey, tentando fingir o máximo possível estar surpreso. O garoto já havia percebido que alguns fãs estavam relacionando os dois bastante ultimamente.

— Sim. E eles querem investir nisso. Querem fazer vocês dois virar algo.

O estômago de Bailey revirou. Muitos sentimentos tomavam conta dele naquele momento. Ansiedade, surpresa mas, sobretudo, raiva.

— Eles querem que a gente vire algo? Eles estão malucos? Eles pensam que nós somos bonequinhos pra fazer qualquer coisa em troca de alguns cliques? — cuspiu Bailey sem pensar duas vezes. — Pai, isso é um absurdo. Eles não aceitam casal no grupo na hora de proibir a Any e o Josh de assumirem o namoro, mas aceitam pra gerar engajamento? Eles querem que a gente finja um relacionamento?

Bailey disse as palavras de forma mais dura do que queria. Claro, seu pai não havia culpa alguma. Mas tudo o que o rapaz ouviu naquela conversa foi o suficiente para sentir que eles e seus colegas podem ser usados de uma forma ridícula quando fosse interessante para os chefões.

— Bailey, eles não querem que vocês namorem, não querem que finjam nada. Vocês nem poderiam namorar. Eles só querem que vocês apareçam mais juntos, que tirem algumas fotos para as redes, que interajam mais. Coisas simples.

Antes que Bailey pudesse rebater qualquer coisa, Matt tratou de falar.

— Filho, nós assinamos um contrato que dizia que eles teriam direito de usar a imagem dos integrantes como eles quisessem. Que vocês teriam que cooperar. Vocês não tem muita escolha. Eu te prometo que faremos coisas perfeitamente comuns, nada de forçação. Vocês podem não ser próximos, mas não vai ser um sacrifício ter que passar um tempo com ela, vai? Tirar algumas fotos? — disse o homem, procurando usar as palavras com cautela.

É claro que não seria. Pelo contrário, seria maravilhoso. Bailey finalmente teria a chance de passar mais tempo com Shivani, com a desculpa perfeita que faria com que ninguém desconfiasse do que ele vinha sentindo no coração. Mas Bailey não queria que fosse dessa forma, como se eles fossem dois produtos. Por outro lado, o fato de ter que passar mais tempo com a garota também parecia assustador, quase como que, se isso acontecesse, Shivani poderia descobrir o que ele sente por ela.

— Vocês não falaram com ela ainda, não é? — disse Bailey, que recebeu uma negativa do pai. — Então não temos muito o que conversar. Ela precisa saber e ter o direito de escolher também. Não faremos nada sem que ela saiba e eu só vou tomar uma decisão com ela comigo. — finalizou Bailey, decidido.

Maliwal/Shivley: jogada de MarketingOnde histórias criam vida. Descubra agora