▪︎ 6: Let's Fall in Love For the Night

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Sérgio Guizé.

Depois da noite mágica que tive com Paolla, tudo o que eu tinha capacidade de pensar e sonhar, era com ela. Me pegava imaginando na varanda de casa como seria se eu largasse tudo, pegasse algumas coisas e batesse na porta da casa dela e nós simplesmente largássemos tudos para morar em São Paulo, somente eu e ela.
E a imaginação ia embora quando ouvia a voz de Bianca, me condenando por qualquer coisa. Desde minha ida para o churrasco e da minha volta apenas no dia seguinte, as brigas somente se intensificaram. Pensei que ela havia pensado na relação depois de ter dado uma sobre o destino óbvio dela. Mas nem mesmo isso ela teve a capacidade, o que tornou tudo um verdadeiro inferno.

Apesar disso, quando eu estava sozinho em casa, sorria bobo para o celular. Isso porque eu passava grande parte do tempo trocando mensagens com Paolla, às vezes áudios e quando eu estava completamente sozinho, ligações longas e amáveis. Ela colocava um pouco de juízo na minha cabeça e me convencia a não surtar, mas me apressava para tomar uma medida urgente. Tanto quanto eu, ela desejava o divórcio e queria que pudéssemos viver uma vida sem sofrer com encontros escondidos, conversas apagadas a cada hora. Eu sempre dizia que a hora estava chegando e que poderíamos viver nossa vida em paz em qualquer lugar que não fosse o Rio de Janeiro.
Nós dois suplicávamos por uma coisa só: nossa felicidade completa e plena. Eu precisava, nós precisávamos, mais do que nunca dessa liberdade para nos amar. Sabia que seria um grande problema desde o primeiro beijo no Projac, mas esse era o tipo de B.O que eu adoraria assumir e que amo viver. Afinal, a minha decisão já estava feita e meus sentimentos jamais negariam: Paolla era a mulher da minha vida.
E eu precisava mostrar, mais do que nunca, essa minha determinação. Só precisava de uma oportunidade... Algo me dizia que ela estava com dúvidas sobre minha decisão.

Estava lavando a louça pensando nessas coisas todas, quando fui tirado dos meus devaneios por um pigarreio de Bianca atrás de mim. Soltei um longo suspiro e desliguei a torneira, pegando um pano ao lado da pia e secando as mãos. Depois, me virei e coloquei minhas mãos na cintura nua. Fazia muito calor e obviamente eu ficaria sem camisa.
Minha esposa respirou fundo e ajeitou a bolsa no ombro, uma vez que ela já estava de partida. Mas parecia hesitante no que iria dizer, me causando certo desconforto pelo silêncio e sua presença. Dei de ombros e me virei de volta para a pia, pegando o rodo que ficava ali perto e tirando o excesso de água no entorno.

— Sérgio... — Chamou-me Bianca, soltei outro longo suspiro e me virei.

— Fala, Bianca. — Eu disse, cruzando os braços ao peito nu.

— Vou viajar amanhã, toma conta dos cachorros e da casa, okay? — Ela disse, sua voz não estava doce, mas também não estava tão azeda. Parecia neutra e neutralidade nem sempre podia ser bem-vinda.

— E você avisa assim? Em cima da hora? — Perguntei, com uma das sobrancelhas arqueadas.

— Surgiu um imprevisto... É, vou amanhã para São Paulo e talvez eu volte terça de tarde. — Avisou ela. — Vou sair para pagar umas contas pendentes e pra uma reunião. Não sei se volto logo. — Ela disse.

Ao ver que eu não responderia absolutamente nada, ela se virou e saiu. Aquele tinha sido nosso maior diálogo sem dúvidas, pelo menos, nesses últimos dias em que a casa se tornara uma zona de guerra.
A viagem, no entanto, seria uma oportunidade em tanto de mostrar para Paolla que eu poderia ser um namorado em tanto para ela, provar que nós tínhamos futuro e que tudo não passava de uma questão de tempo. As brigas e confusões não acabavam mais, uma hora, eu teria que entrar com os papéis. E não demoraria tanto.
Pois eu tive uma ideia brilhante: convidar ela para passar esses dias comigo.
Seria perfeito. Eu poderia cozinhar para ela, poderíamos ver filmes, banho juntos... E quem sabe, um bom replay na cama que eu paguei?
Assim que terminei minha missão de deixar a cozinha brilhando, subi as escadas como um raio e procurei meu celular. Quando encontrei, meus dedos foram hábeis para encontrarem o contato de Paolla. Não foi necessário mais de um toque do face-time para que eu pudesse vê-la em minha tela.
Paolla estava na cama, seu cabelo num coque bagunçado e seus olhos levemente inchados, de quem havia acabado de acordar. Mas apesar disso, estava linda. Como sempre é para mim.
Sorri que nem um idiota, passando a mão no cabelo enquanto me jogava na cama.

Medo BoboOnde histórias criam vida. Descubra agora