▪︎ 18: Mulher Maravilha: Parte 1

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Sérgio Guizé.

Acordei com Paolla abraçando firmemente minha cintura e afundando sua cabeça em minhas costas, deixando uma infinidade de beijos na extensão que era do seu alcance. Respirei fundo e soltei o ar lentamente, deixando um sorriso escapar enquanto meu sistema pessoal ainda reiniciava.
Quando ela percebeu que eu estava por acordar, apoiou seu queixo em mim e sussurrou com a voz mais doce do mundo:

— Bom dia, amor.

Quando ouvi a declaração, me virei na mesma hora. Ajeitei o cabelo castanho lindo de Paolla para trás e acariciei a bochecha dela, olhando em seus olhos cor de chocolate. Depois, aproximei meu rosto apenas para dar um beijo em sua testa. Ela subiu ambas as mãos e guardou meu rosto nelas, seus dedos passeando em minha barba já mais evidente, enquanto um sorriso besta pairava em seus lábios. Meus olhos se mantiveram presos neles por alguns segundos, porém, retornei ao seu próprio olhar. O brilho que ela tinha me deixava ainda mais brilhante, o que eu pensei que seria impossível sentir com qualquer outra garota haviam tempos, desde que percebi que Bianca jamais seria minha vida e coração.
Quando ela colou nossos corpos, senti a leve protuberância em seu útero. A evidência de que o nosso amor estava crescendo.

— Já sinto sua barriga tomar uma forminha, hein. — Murmurei, passando os dedos aos olhos, ainda me acostumando com a iluminação da manhã.

— O fruto do nosso amor não pode deixar de crescer, não é? — Ela respondeu, roubando meus lábios num selinho. — Hoje vamos ouvir o coraçãozinho dele bater, você lembra, certo?

Na verdade, eu não lembrava desse detalhe. Como pude esquecer uma data tão importante quanto aquela? Afinal, era meu primeiro herdeiro de verdade sendo mostrado ao mundo numa aparição inicial. O fruto de uma paixão maravilhosa e recheada de química, amor e também, sentimentos. Mas, queria evitar intrigas pela manhã e balancei a cabeça positivamente.

— Vamos nos atrasar, meu amor. Vem, precisamos tomar um banho e aí, saímos juntos para a clínica. — Ditou Paolla, beijando a ponta do meu nariz.

Ser pai era uma coisa esplêndida, por mais que eu ainda não estivesse habituado na chance que eu tinha acabado de ganhar do universo. Enquanto Paolla fazia de tudo para trabalhar e deixar escondido, minha rotina era tão recheada e complicada que coisas importantes e triviais eu acabava esquecendo com facilidade. Eu vivia e respirava a maior parte do tempo para a série que eu estava gravando. O outro tempo, cuidava dos enjoos de Paolla e seus balanços emocionais. Em apagões de memória, esquecia de momentos e datas importantes como o primeiro ultrassom onde o coraçãozinho do pequeno pedaço de mim iria bater.
Semana passada, esqueci da data da primeira escapada que tive com ela — mesmo eu lembrando de cada mínimo detalhe prazeroso — e foi pelo menos o maior motivo de choro em casa.
Logo, não seria a primeira data que eu esqueceria e iria fingir que estava a par de tudo. Fingir que eu sabia foi a melhor escolha de todas.
Minha namorada me tirou da cama quando percebeu que eu estava completamente perdido em pensamentos, meio que a força, jogando no chão o cobertor e me segurando pelos pulsos, nos arrastando até o banheiro.

— Vaaaaamos, Sérgio! Pelo amor de Deus, que preguiça! — Fui apressado.

Tiramos nossas roupas com pressa, eu ainda desajeitado com o sono e a confusão mental que ainda estava me atingindo e ela com toda a energia do mundo, ambos de frente para o espelho.
Paolla quando se viu nua, aproveitou para ficar de lado e se prender um pouco na sua imagem. Era quase imperceptível a mudança em sua barriga levemente arredondada, só eu e ela podíamos ver a diferença.
Ela colocou sua mão em cima da desnível e acariciou com o polegar, como se fizesse carinho no nosso filho.
A abracei por trás, pousando ambas as mãos na barriga também. Um abraço em família que me significava muito.
Nos observávamos incrédulos, aliás, era o nosso sonho. Apoiei meu queixo em seu ombro, enquanto ela sorria abertamente, uma lágrima solitária escapando de seu olho.

— Antes de você colocar a Bianca para fora de casa, quando ficamos aqueles dias sozinhos, eu sonhei que era mãe. De um menino nosso, lindo e era a sua cara. — Admitiu ela, se virando para mim e me puxando pela nuca, nossos corpos se encontraram e se acostumaram com o calor de ambos. — Eu pensei que fosse impossível, mesmo acreditando em sua palavra, imaginei que eu fosse para sempre sua amante. E aí, quando ela apareceu com história de gravidez, quis morrer. Era pra ser eu, não ela! — Continuou — E então, quando eu vi que era mentira e você ficou destruído... Desejei que eu pudesse fazer nossos sonhos realidade. Agora... Veja só, temos um bebê pra chamar de nosso.

Subi minhas mãos para o seu rosto, acariciando suas bochechas com os polegares, interceptando as lágrimas de emoção — que eram carregadas de hormônios — com um sorriso para lá de besta.

— É porque tinha que ser com você, simplesmente. Não haveria outra mulher no mundo que eu iria querer para ser a mãe do meu filho... Nosso corinthianinho. — Eu disse suavemente, beijando sua testa. — Vai ser perfeito. Agora, vamos que não podemos nos atrasar pra ver nossa sementinha de amor com o coração pulsante.

Ela riu, me puxando para um beijo apaixonado e então, entrando no box para tomar um banho comigo.

[...]

Lá estávamos nós na clínica, sentados do lado de fora do consultório num sofá confortável e num horário vazio, graças à Deus. Afinal, Paolla tinha decidido que ninguém precisava saber que estávamos por aguardar nosso filho e que só diria quando a gravidez estivesse propriamente avançada.
Nossas mãos estavam dadas, meus dedos brincando nos dela e girando a aliança de compromisso feita de prata no anelar dela. Minha perna estava inquieta, a ansiedade estava em seu auge e eu não sabia se aguentaria mais esperar para saber se meu pequeno estava bem.
Paolla estava igualmente ansiosa, roendo as unhas da outra mão — e eu nunca tinha visto ela fazer alguma coisa parecida.

— Que demora. E se chegarem pessoas e elas falarem pras outras, até chegar nos sites de fofoca que estamos juntos e esperando um bebê? — Falou ela, rápido.

— Não importo que descubram essas coisas, afinal, não devo nada a ninguém se não você e Deus. Mais nada. — Respondi, dando os ombros.

Depois de mais um tempo aguardando, uma médica não tão mais velha que nós dois surgiu dos corredores com uma prancheta em mãos e um sorriso acolhedor. Ela bem parecia com Paolla nos tempos áureos de Vivi Guedes.
Olhou alguma coisa nos papéis que carregava e depois, para a gente.

— Vocês devem ser quem esperamos, não é? Venham comigo.

Continua...

Medo BoboOnde histórias criam vida. Descubra agora