Sérgio Guizé.
Segurei firme a mão dela, meu polegar deslizando pelos seus dedos em uma ansiedade totalmente expressa. Talvez eu estivesse um pouco mais ansioso que a própria Paolla, mas não mais emocionado. Olhei para a morena que mordia os lábios, esperando a imagem aparecer no monitor.
— Ei, eu te amo. Vai dar tudo certo, meu amor. — Falei, beijando as costas da sua mão.
— Obrigada por me dar essa experiência, Sérgio. Eu pensei que, ninguém nessa vida poderia me fazer querer tanto essa realidade. E ainda, com um amor da vida! — Ela disse, contendo a animação, desviando o olhar para a obstetra que preparava a barriga, ainda lisa, dela. Passando o gel no dispositivo e depois, na barriga dela. Seus olhos castanhos voltaram aos meus com um brilho. — Ainda mais... Você vai ser o pai dele. Ou dela. Ou deles, ou delas.
Dei uma risada quando ouvi a última parte, balançando a cabeça negativamente e passando o dedo pela aliança de compromisso dela, distraído.
Ela acabou rindo junto, deixando uma lágrima de emoção escapar, a visão era realmente linda. Não achava que eu merecia por conta da confusão com Bianca, mas foi o maior presente da vida dessa vez ser verdade. Tanto para mim, quanto para ela. Seria nosso, com o nosso sangue. Nossas origens, nossas características.
Antes mesmo de ouvir seu coraçãozinho bater, já fantasiava como poderia ser. Algo me dizia que podia ser um menino, com os olhos lindos da mãe, meu nariz e o sorriso dela, meu cabelo... Não seria nada mal. Torcedor do Corinthians! Se bem que, caso menina, eu faria ela ser devota ao Timão de qualquer forma. E seria maravilhosa.Minha imaginação parou de voar quando a luz surgiu do monitor e de quebra, o som do coração. Não dela, era do nosso grãozinho de arroz. Aparentemente, parecia saudável.
Paolla apertou firmemente minha mão e ficou ainda mais emocionada, não parando de sorrir em momento algum.
A doutora, levada pela comoção de ambos, não poderia parar de sorrir também. Enquanto passava o dispositivo, apontou para uma pequena manchinha, quase imperceptível, no meio. Ali pulsava meu terceiro coração. Além desse, eu tinha o meu e o dela.
Só podia ser um sonho muito lindo. Em pouco tempo, fui de um casamento falido para o sonho de qualquer homem.
Deixei uma lágrima escapar pela minha bochecha, sorrindo bobo e impressionado com o momento.— Aí está! O bebê de ouro do casal queridinho. — Exclamou a obstetra, congelando a foto no monitor e desligando a máquina de ultrassom.
Paolla se ajeitou na maca e eu me sentei ao lado dela, envolvendo sua cintura com um dos braços, repousando a mão na altura do seu útero. Guardando minhas duas vidas.
— Ele está saudável? Parecia pra mim. — Perguntei, enquanto minha namorada se recompunha.
— Perfeitamente bem, e parece que tudo deve ocorrer dentro da normalidade. Tudo bem com o coraçãozinho e ele deve ser do tamanho de um feijão, mais ou menos. — Confirmou ela.
— Com quantos meses a gente descobre o que é? — Perguntou Paolla, no mesmo instante. Era outra pessoa, ainda mais radiante. Tanto tempo com ela e eu tinha visto ela desse jeito pouquíssimas vezes.
A obstetra deu uma risadinha e foi para o computador, imprimindo a primeira foto do nosso bebê.
— Só com cinco meses, por aí. Quando você menos esperar vai estar comprando as roupinhas, já tem o nome. É rapidinho! — Disse, pegando a impressão e entregando para nós. Olhei hipnotizado para a pequena manchinha branca.
Depois de uma conversa maior sobre o que ela pode comer e não, dietas importantes, diminuir esforço físico, como lidar com enjoos e oscilações hormonais que ficarão ainda maiores, fomos para casa. Conversamos sobre planos e se teríamos que achar uma casa maior, como ele seria e se ele torceria pro meu time ou pro dela, se seguiria nossos passos ou faria outra coisa. O restante do dia teve uma vibe totalmente diferente.
* * * *
As semanas correram, os dias foram passando e as notícias foram correndo. Todos os portais já sabiam que ela estava grávida e demorou um pouco até que a gente decidisse anunciar para todos que a notícia era verídica. Quando fizemos, nossos fãs e amigos ficaram completamente insanos e adoraram receber a novidade. Minha família, em especial ficou muito contente. Mais a minha mãe, que havia ficado bem chateada com Bianca e agora comemorava a vinda do neto real. Com a gravidez, ela e Paolla se tornaram grandes amigas e começaram a se falar mais pelas redes sociais.
A medida que os dias iam, a barriga dela ficava cada vez mais redondinha e a evidência de que havia uma vidinha sendo formada ali, com muita saúde e carinho, era ainda maior. A coisa mais linda do mundo. Pelas manhãs, ela se namorava no espelho e quando eu chegava de noite, conversava com a barriga e com ela. Contava como havia meu dia e todos entrávamos num debate. E eu sentia que faltava algo. Realmente, estávamos confortáveis nessa situação. Mas, eu queria mesmo dar um passo à frente. Determinar nossa relação em algo definitivo. Aliança de ouro, terno, assinar no cartório, ela de noiva. Eu queria mesmo era casar! E não sabia muito bem como fazer isso.
Em um desses meus dias pensativos, deixei para conversar com o bebê enquanto ela dormia profundamente.
Encostei a cabeça numa posição da barriga dela e cochichei para a criança:— Olha, sementinha de nós, eu quero pedir a sua mamãe em casamento. Mas, não sei como fazer isso. Queria fazer algo que deixasse ela assim... Em êxtase! Ela merece. — Sussurrei, passando a mão por cima.
Enquanto pensava, senti um chute na minha mão. Era a primeira vez que ele se mexia. Tanto que Paolla acordou completamente desnorteada, um dos maiores sustos dela. Sem dúvidas.
Olhou para mim com os olhos arregalados e para a barriga.
Sorri abertamente para ela e me ajeitei na cama ao lado dela.— O que houve? — Ela perguntou, passando a mão pela barriga.
— Eu... Tava falando com a sementinha e ele me respondeu do jeitinho dele. — Respondi animado.
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Medo Bobo
FanficPreso num casamento sem esperanças, Sérgio Guizé viveu uma paixão proibida com Paolla Oliveira que logo foi descartada por seu receio. Porém, um reencontro recheado de redenção muda o rumo de tudo.