Capítulo 1

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  - Que cara é essa?- Paula perguntou rindo enquanto observava seu chefe adentrar o escritório com uma expressão fechada e óculos de sol no rosto.

  - Ontem a noite foi pesada- disse em um tom de voz baixo, entregando mais ainda a ressaca.

  - Viu? Quer brincar de ter 20 anos, da nisso!- implicou.

  - Mas valeu a pena- tirou o casaco e pendurou no cabideiro.

  - Qual foi a história podre que você contou dessa vez?- perguntou enquanto enchia o copo de água e logo o entregava para o homem juntamente com um remédio para dor.

  - Obrigado- agradeceu e tomou o remédio- Disse que a minha esposa tinha me largado e ido morar em Nova Iorque com meu irmão- riu e logo fez uma careta por conta da dor aguda que deu em sua cabeça.

  - Como que essas mulheres são tão burras a ponto de cair nessas suas historinhas furadas?- perguntou abismada enquanto ajeitava os óculos de grau no rosto- Se eu visse um homem com aliança, eu saia correndo na hora.

  - Você sai correndo de qualquer homem, aí que tá o problema- disse rindo enquanto a secretária o encarava com os olhos semicerrados.

  - Você é muito engraçadinho, né?- revirou os olhos e voltou a se sentar em sua mesa- Hoje você tem reunião as 15:00 horas, não esquece.

  - Como eu vou esquecer se você põe lembretes pra mim e fala todo santo dia desde que a reunião foi marcada?- arqueou as sobrancelhas.

  - Eu sou o motivo de você não esquecer nada- fez uma expressão de convencida- E tenho certeza que você vai esquecer.

  - Aposto trezentos reias que eu vou lembrar- foi até a mesa e estendeu a mão para ela.

  - Não sei se você lembra, mas eu tenho dois filhos pra criar.

  - Tá bom. Aposto cinquenta reais então- seguiu com a mão estendida.

  - Vai ser um prazer receber cinquenta reais de você- deu um sorriso forçado e apertou a mão dele.

  - Eu pago seu salário todo mês- soltou o aperto e foi até a máquina de café.

  - Mas esse dinheiro vai ser ainda mais prazeroso de receber- começou a escrever algo na agenda- Eu adoro dizer que estou certa.

  - É, só dizer, porque você quase nunca está certa- implicou apenas recebendo um breve olhar dela como resposta- O que você tanto escreve aí?

  - Os seus e os meus compromissos- falou para o loiro- Alguém tem que ser organizado.

  - Minha casa é muito organizada.

  - Eu não acredito no que você fala- se levantou e passou por ele indo até a máquina de café também.

  - Eu não entendo como você consegue tomar café preto sem açúcar. É por isso que tem essa cara de surtada- Breno brincou enquanto a mulher bebia um gole de café.

  - Isso é coisa de gente inteligente... é coisa de mãe também- deu de ombros.

  - Mãe e surtada não são sinônimos- o loiro viu nos olhos dela a vontade de lhe mostrar o dedo do meio.

  - Pelo visto sua dor de cabeça já passou, né?- voltou para a sua mesa e começou a digitar algo no computador.

  - É, passou- a observou por alguns instantes- Vou te levar pra alguma das festas que eu vou algum dia desses.

  - E dizer que eu fui a esposa que te espancou até as suas bolas se retraírem? Não, eu passo.

  - As minhas bolas não...- parou a frase no meio- Você sabe jogar baixo, não é?- viu a expressão de deboche dela- Sabia que tinha alguma característica boa- brincou fazendo a mulher suspirar.

  - Você já está com todo o material pronto para a reunião?

  - Eu to sempre pronto- rebateu fazendo ela lhe lançar um olhar descrente- Ainda faltam alguns detalhes...

  - Então é melhor arrumar agora, depois você extende seu almoço até as 14:30 e me faz correr pra completar seu projeto ainda.

  - Viu? Você já pode ser arquiteta também- brincou- E a gente podia fazer uma sociedade, aí você faz os prédios e eu recebo a grana. O que acha?

  - Acho que você fala demais- o loiro riu com a frase da outra- É sério, finaliza o projeto que hoje eu vou almoçar com as crianças.

  - E o pai deles?

  - Furou de novo- suspirou- A babá me mandou uma mensagem dizendo que ele desmarcou com eles.

  - Entendi- disse um pouco desinteressado- Vou ir lá terminar esse projeto que hoje quero ir na academia na hora do almoço. Você deveria investir também.

  - Em musculação?- o olhou.

  - Sim, deve estar toda caída aí por baixo dessas roupas- apontou para o vestido longo que ela usava.

  - Eu não preciso disso, aprendi a nunca usar o elevador- arqueou as sobrancelhas.

  - Mas eu preciso ir ou volto a estaca zero- o homem se referiu à época em que ele era muito acima do peso- Vou ir lá, não sinta minha falta.

  - Não vou, pode acreditar.

  O loiro deu uma risadinha e então adentrou sua sala para finalizar o projeto. Quando terminou, saiu da sala novamente encontrando a secretária no telefone.

  - O que foi dessa vez?- perguntou pegando o casaco e o vestindo.

  - Nada- deu um sorrisinho e seguiu o seu trabalho.

  - Já to indo almoçar. Volto assim que possível- pegou suas chaves e saiu do escritório.

  Assim que terminou seus afazeres do momento, Paula ajeitou tudo na sala, pegou sua bolsa e foi ao encontro de seus filhos para almoçar. Quando terminou, voltou para o escritório não encontrando o chefe no local.

  Marcava 14:47 no relógio quando o homem adentrou as portas do escritório vestindo a sua roupa de academia.

  - Tão bom treinar- foi a única coisa que ele disse enquanto largava as chaves no chaveiro.

  - Você vai vestido assim para a reunião?- perguntou segurando o sorriso sacana.

  - Putz- arregalou os olhos e correu para dentro da sala.

  Quando já estava vestido e banhado em perfume, o homem saiu da sala e encontrou a secretária parada na porta com um sorriso debochado e os braços cruzados.

  - Que bom que você lembra das reuniões, né?- arqueou uma das sobrancelhas.

  O loiro suspirou e abriu a carteira pegando cinquenta reais. Ele puxou a mão da morena e pôs o dinheiro na palma.

  - Essa foi a última vez que você ganhou!- dito isso ele saiu às pressas do escritório enquanto a mulher apenas ria da derrota.

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