Capítulo 32

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  Paula engoliu seco e olhou em direção a porta. Estava com medo de encontrá-lo, não queria sentir tudo que estava guardado novamente, mas também não conseguiria deixá-lo para o lado de fora. Deu um longo suspiro, desligou o celular o deixando no sofá e então se levantou indo até a porta.

  Hesitou antes de girar a maçaneta e puxar a porta lentamente a abrindo e revelando a figura loira do outro lado. Ele estava com uma roupa bastante casual. Não era comum encontrar o homem de jeans e camiseta, mas era exatamente assim que ele estava.

  - Oi- ela disse meio sem jeito e então os olhos verdes encontraram os castanhos.

  - Desculpa aparecer desse jeito- ele deu um pequeno sorriso e correu seus olhos por ela a analisando.

  A morena vestia um pijama de alcinha preto, os pés estavam descalços e ela tinha o cabelo preso em um coque levemente bagunçado.

  - Me desculpa você por... isso- apontou para o próprio corpo e deu uma risadinha- Não esperava que ninguém fosse aparecer.

  - Você fica linda de qualquer jeito- pôs as mãos nos bolsos anteriores da calça demonstrando seu nervosismo.

  - Quer entrar?- perguntou após engolir seco e ignorar o comentário dele.

  - Eu não quero incomodar, mas sim, eu realmente quero entrar- disse sincero e a mulher foi para o lado dando passagem.

  Breno adentrou a casa e ficou observando cada cantinho enquanto a ouvia trancar a porta novamente.

  - Desculpe a bagunça, eu e as crianças passamos o dia juntos e acabamos virando a casa do avesso- explicou vendo que ele observava a cabana que havia montado no cantinho da sala.

  - Ficou legal- apontou para o local- Ideia deles?

  - Sim- respondeu sem graça sabendo que ele apenas queria render assunto- Afinal, o que te trouxe aqui essa hora da noite?

  O homem se virou de frente para ela e então ambos ficaram trocando olhares por alguns segundos, até que ele criou coragem e se aproximou passando seus braços ao redor da morena e a abraçando fortemente.

  - Eu não ia conseguir dormir tranquilamente sem te dar esse abraço- disse em um sussurro próximo ao ouvido dela enquanto a apertava com força entre os braços e inalava o seu cheiro característico.

  Paula ficou confusa de início, mas logo se rendeu e devolveu o abraço na mesma proporção. Não sabia que necessitava tanto daquilo até acontecer.

  - Parabéns, Paulinha- sussurrou- Muito obrigado por mais esse ano que você me deixou fazer parte da sua vida, mesmo com os últimos acontecimentos. Você é uma mulher muito especial.

  - Obrigada!

  Eles relutaram um pouco, mas os braços foram afrouxando e os corpos se afastaram lentamente, mas não totalmente.

  - Eu trouxe um presente pra você- a voz ainda era sussurrada.

  Pôs a mão para trás e pegou uma caixinha em seu bolso traseiro.

  - Espero que goste- estendeu a caixa enquanto observava as reações dela.

  A mulher pegou o objeto e o abriu lentamente e pôde ver um anel prata com uma pedra azul como enfeite.

  - Breno...

  - Eu lembro como você ficou encantada com esse anel na vez que a gente se conheceu lá na joalheira. Eu tentei achar ele várias vezes pra te dar, mas nunca consegui- umedeceu os lábios com a língua- Ontem eu estava no shopping e vi ele, e só tinha esse que é exatamente o número do seu dedo. Foi feito pra você.

  Ela ainda estava encantada olhando para o anel.

  - Posso?- ele perguntou tocando na mão dela que segurava a caixa.

  A mulher subiu o olhar e viu os olhos verdes e penetrantes em si. Assentiu com a cabeça e ele pegou o anel dentro da caixinha, pegando a mão direita dela e encaixando o anel em seu dedo médio, sabendo que era ali que ela gostava de usar os anéis. Deslizou o objeto até chegar no final do dedo.

  - Você gostou?- olhou para ela e, diferente do que ele pensava, a morena não olhava para o objeto em seu dedo, mas sim para ele.

  Seus olhos estavam brilhantes, mais do que o normal. Os castanhos estavam muito mais escuro e os lábios entreabertos deixavam tudo mais intenso.

  Vendo que uma pequena mecha de cabelo solta do coque estava em frente à seu olho, ele levou a mão livre até lá e ajeitou os fios os botando para trás de sua orelha enquanto analisava cada pedacinho de seu rosto.

  Observava aqueles olhos intensos, as sobrancelhas perfeitamente desenhadas, aquele nariz que causava inveja até mesmo nele, a pele dourada e perfeita... até que seus olhos chegaram onde mais estava desejando naquele momento. Aqueles lábios pareciam ter sido desenhado por um pintor inspirado, parecia até surreal tamanha perfeição dessa porção de seu rosto.

  Os lábios estavam levemente afastados e úmidos. Entre eles podia ver que os dentes pressionavam a pontinha da língua de leve, como se ela tentasse se controlar ou se conter.

  Subiu novamente para os olhos dela e viu que ela também fazia a análise geral de seu rosto. Olhos, nariz, boca... nada passava por aqueles lindos olhos castanhos.

  - Eu to me sentindo péssima- apesar das palavras, sua expressão não demonstrava isso.

  - Por quê?- nesse momento a caixinha do anel já estava no chão e as mãos dele seguravam as dela ao lado do corpo.

  - Por que tudo que eu mais quero nesse momento é beijar a sua boca- sussurrou fazendo o seu hálito tocar o rosto do homem.

  Os corpos estavam próximos o suficiente para as respirações se misturarem apesar da diferença de altura. Ele tinha a cabeça levemente inclinada para baixo e ela para cima.

  - Não se sinta mal por isso- disse no mesmo tom- Eu to me sentindo exatamente do mesmo jeito. To me segurando ao máximo pra não te desrespeitar- aproximou um pouco mais tocando o nariz no dela, mas logo afastou novamente.

  Os olhos se encontraram novamente e então a frase dela fez ambos jogarem tudo para o alto.

  - Não se segure- ela disse pausadamente.

  Ele largou as mãos dela delicadamente e subiu suas mãos até o rosto da morena segurando cada lado. Queria partir com tudo para os lábios dela e sentir a maciez deles, mas não conseguiria fazer isso. Aquela poderia ser a última oportunidade de sentir os lábios contra os dela e ele precisava aproveitar.

  Passou o nariz pelo dela e levou os lábios até a bochecha dando um pequeno beijo ali. Deu vários beijinhos até que chegou nos lábios, mas ao invés de beijar, apenas roçou de leve fazendo a mulher suspirar. Ele fez a mesma coisa do outro lado de seu rosto até que segurou a mulher com mais firmeza. Sentiu as mãos dela apertarem sua camiseta enquanto os lábios se uniam.

  Inicialmente foi apenas um longo selinho, até que os lábios foram encaixados. O loiro quase gemeu ao sentir a maciez e o sabor de vinho daqueles lábios que tanto desejou. Ficaram naquela troca inocente até que a morena perdeu a paciência. Ela subiu sua mão pela lateral do tronco do homem e entrelaçou os dedos nos fios loiros tomando o comando do beijo e introduzindo sua língua sedenta na boca dele.

  Breno ficou surpreso com a atitude dela, mas de uma maneira boa. Desceu uma de suas mãos e rodeou a cintura da mulher e puxando para mais próximo de seu corpo e sua outra mão foi para a nuca dela segurando com força. As línguas se encontravam com vontade, pareciam velhas conhecidas se reconhecendo, o beijo encaixou tão bem que parecia até um sonho.

  Tudo estava mal resolvido entre eles, haviam várias coisas para serem conversadas, mas naquele momento nada mais importava.

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