Fake Wife

Capítulo 24

- Marcela?- Breno foi o primeiro a quebrar o silêncio que se instaurara.

- Será que a gente pode conversar?- ela seguia parada próxima a porta dividindo seu olhar entre o loiro e a morena que estavam lado a lado.

- Eu vou... com licença!- Paula sequer olhou para a loira, apenas seguiu olhando para o chão e saiu da sala fechando a porta atrás de si.

- Atrapalhei algo?- perguntou sem jeito.

- Não, de jeito nenhum- limpou a garganta- Quer se sentar?- apontou para o sofá.

Ela se sentou no sofá e ele puxou sua cadeira se sentando em frente à ela.

- Eu acho que a gente merece uma conversa sincera- ela disse séria- Naquele dia eu estava nervosa e acabei não conseguindo ouvir direito nada do que você estava explicando, mas eu acho que a gente merece esse papo aberto, sabe? Eu preciso te entender, entender as motivações que te levaram a fazer isso, preciso saber o porquê. É só isso que eu quero- disse e soltou um suspiro como que estivesse aliviada.

- A história toda você lembra?- ele sentia seu rosto quente pois falar sobre tudo o deixava extremamente envergonhado. Principalmente a parte de enganar ela.

- Sim- concordou com a cabeça- Eu me lembro bem. Eu só quero entender o porquê, Breno. Nada mais.

- Eu tava desesperado- negou com a cabeça- Você foi uma mulher que conseguiu me prender de um jeito diferente e eu fui sincero com você a noite toda antes do episódio na praia- começou a explicar- Eu nunca havia chego em uma mulher falando toda a verdade sobre mim e com você foi diferente. Mas quando você viu a aliança, eu fiquei extremamente envergonhado de tudo que eu fazia antes- respirou fundo- Eu não queria que você soubesse que eu era um enganador barato- riu sem humor- Eu não queria isso, então achei que a melhor forma era dizer que eu tava em processo de divórcio, só que aí você me pediu pra vê-la e eu comecei a entrar em uma bola de neve de mentiras e não conseguia mais parar.

- Até que ponto foi mentira a nossa relação?- ela tinha uma expressão de mágoa.

- Única coisa que eu menti foi sobre aquela falsa família, mais nada- se apressou em dizer- Tudo que senti foi real, cada coisa que aconteceu entre nós foi totalmente verdadeiro, mas eu tinha medo que você soubesse quem eu era e não me aceitasse- olhava para suas mãos.

- Você em algum momento cogitou me explicar a verdade sobre a aliança ou desde o início já estava com esse objetivo?

- Eu nem me lembrei de aliança quando dormi com você, mas aí você achou e... foi totalmente espontâneo- suspirou- Eu não consegui nem pensar em falar a verdade.

- Eu gosto tanto de você, Breno- mordeu o lábio inferior e negou com a cabeça como se se sentisse culpada por isso- Eu não queria! Tudo que eu mais queria era nunca mais te ver e esquecer tudo o que aconteceu entre a gente, mas eu não consigo- mordeu o lábio inferior- Mesmo que o tempo que a gente ficou juntos não foi tão longo, ele foi muito intenso, e isso me fez desenvolver sentimentos fortíssimos por você- decidiu ser sincera- Eu queria conversar com você, a gente se resolver, eu te perdoar por tudo e seguir com a minha vida, mas agora, olhando no seu olho, tudo o que eu quero é te abraçar apertado e me sentir protegida de novo nos seus braços.

- Eu sei que o que fiz foi errado, mas a gente merece uma segunda chance- segurou as mãos dela- Eu te prometo que, se você aceitar voltar pra mim, eu vou ser sempre sincero com você, independente da situação- a olhava com expectativa.

- Eu quero muito, mas não sei se estou preparada pra isso- sua cabeça estava uma confusão- Eu preciso pensar um pouco sobre tudo isso.

- Você pode levar o tempo que for- ele sorriu sincero- Eu prometo que te espero- deu um pequeno beijo na mão dela.

- Me da um abraço?

Ambos se levantaram e se abraçaram fortemente. O loiro jamais esperou que aquilo fosse acontecer, mas ficou muito feliz. Finalmente poderia ser feliz com Marcela, mesmo que demorasse um tempinho a acontecer. Faria de tudo para conquistar ela novamente.

- Eu to com um pouco de medo de ir lá fora e encontrar com sua secretária e as crianças- ela falou quando eles soltaram do abraço e limparam as lágrimas que escoriam no rosto.

- Por que? A Paulinha é muito gente boa- pôs a mão no ombro dela a confortando- Ela sempre foi contra tudo que eu fiz, mas era parceira demais pra me deixar na mão.

- E aqueles olhares diferentes que ela te dava durante a viagem? Acha que pode existir a possibilidade de ela sentir algo por você?- questionou- Eu juro que não quero confusão e nem me meter entre ninguém.

- Não- sorriu- Somos apenas colegas de trabalho e ótimos amigos- acariciou o cabelo dela- Acho que você merece ser apresentada dignamente para eles, né? Digo, ela e as crianças.

- Será que ela não vai achar ruim?

- Claro que não- pegou a mão dela- Vamos lá.

Ao saírem da sala encontraram apenas Paula que estava entretida no telefone. Esperaram que ela desligasse e então foram até a frente da mesa.

- Olá- deu um pequeno sorriso em direção a mulher loira que parara em sua frente.

- Paulinha, eu queria que vocês se apresentasse verdadeiramente- o homem disse feliz.

- Vejo que se acertaram- sentiu uma fisgada no coração com a informação.

- Aos poucos- a loira disse tímida.

Paula se levantou da mesa e foi até a jovem a abraçando e a surpreendendo.

- Me desculpa por tudo isso- separou o abraço- Eu sei como é ruim ser enganada, e quero que saiba que sempre fui contra as maluquices desse aí- apontou para Breno e a outra riu.

- Sem problema, Ca... Paula- disse sorrindo- Ainda vai ser estranho pra mim tudo isso, mas... vou me acostumar.

- Não se preocupe quanto a isso- forçou um sorriso voltando se sentar em sua mesa.

O loiro não entendeu bem o que ela quis dizer, mas preferiu não questionar.

- Cadê as crianças?- perguntou.

- A Rosa passou pra pegar eles- explicou sem dar muita atenção.

Vendo que estava atrapalhando a morena, Marcela puxou a mão do loiro e se aproximaram da porta de saída.

- Eu acho que já vou indo.

- Não quer jantar comigo hoje?- sorriu.

- Vou pensar- prometeu.

Ela se despediu e saiu da sala.

- Eu nem acredito que isso tá acontecendo!- Breno falou animado e suspirou.

- É... nem eu- já o tom de Paula mostrava sua insatisfação.